Controle Celular

Capítulo 42. De Volta as Células

O calor da tarde ainda se fazia presente quando Saulo, Lucas e Sara retornaram da arena, com os ecos da segunda rodada dos jogos ainda reverberando em suas mentes. A cidade dos jogos, com sua grandiosidade e rivalidade, começava a desaparecer no horizonte, enquanto as naves desciam suavemente em direção ao distrito dos Conservadores. O trio observava as primeiras estrelas surgindo no céu, seu corpo cansado, mas o espírito exaltado pela experiência.

Saulo mal podia acreditar no que havia acontecido. A prova de resistência, onde ele enfrentara um rinoceronte colossal para proteger seus amigos, ainda parecia surreal. Sua mente retornava à luta, ao momento em que se colocou entre o monstro e seus companheiros, um instinto de proteção que o havia guiado. Os aplausos da arena haviam sido esmagadores, mas nada comparava ao sentimento de dever cumprido, de ter lutado por algo maior do que a simples competição.

Ao chegarem à base da NAVIM no distrito, os três foram recebidos calorosamente. No local, seus amigos e familiares os aguardavam, uma mistura de alegria, orgulho e alívio. Entre eles, estavam os gêmeos João e Maria, sempre cheios de energia e entusiasmo, que corriam para abraçar Saulo, Lucas e Sara. A energia da base era vibrante, uma acolhida calorosa para aqueles que retornavam de mais uma rodada.

Mateus e Miriam estavam ali também, o casal que, com frequência, havia mostrado apoio incondicional. Miriam, com um sorriso largo, se aproximou de Saulo, olhando-o com admiração.

— Você foi incrível! Todos estamos tão orgulhosos de você — disse ela, com os olhos brilhando de emoção.

Saulo sorriu de volta, embora com uma expressão que ainda refletia a tensão dos eventos recentes. Ele sabia que o apoio deles era crucial, mas no fundo, sabia que aquela luta havia mudado algo dentro dele.

Mas o grande momento de recepção não estava completo sem a presença do Bispo Barnabé, o líder espiritual da célula dos Conservadores. Ele se aproximou pessoalmente, acompanhado de Elias, o pai de Saulo, agora também membro do conselho. Ambos estavam radiantes, um sorriso genuíno nos rostos. O Bispo Barnabé, sempre sério em sua postura, parecia mais leve do que de costume.

— Saulo, meu filho, você superou nossas expectativas. A célula dos Conservadores estava esperando um desempenho sólido, mas seu feito com o rinoceronte foi algo extraordinário. O Senhor tem grandes planos para você — disse Barnabé, sua voz cheia de respeito.

Elias, o pai de Saulo, estava igualmente orgulhoso. Ele o olhou com olhos cheios de orgulho e emoção, algo que Saulo raramente via em seu pai. Elias, agora um membro influente do conselho dos Conservadores, também se orgulhava do feito de Saulo, e sua aprovação era palpável.

— Eu nunca imaginei que veria meu filho lutando assim, sendo o destaque não só por sua habilidade, mas por seu coração. Estou orgulhoso de você, Saulo — falou Elias, com a voz rouca de emoção.

Saulo, tocado, respondeu com humildade, sentindo o peso das palavras do pai e do Bispo. Agradeceu, mas sabia que, ao menos por enquanto, não era o momento de descansar em seus feitos. Havia mais pela frente, e ele tinha de estar pronto.

Enquanto Saulo e seus companheiros eram recebidos, outras naves chegavam aos respectivos distritos, com os outros times sendo levados de volta às suas células.

Jonatas, com seu semblante sério, chegou ao distrito dos Capitalistas em Nova Capitólio. Aplaudido pela elite da cidade, ele não demonstrou muito entusiasmo, mas o reconhecimento estava claro. A elite, ao vê-lo, sabia que aquele jovem havia se tornado uma peça-chave em sua estratégia.

Victor, o imponente membro da célula dos Sagrados, chegou em Nova Roma. O templo majestoso da cidade se ergueu diante dele, e seus colegas o saudaram com reverência. Victor, conhecido por sua força e disciplina, foi recebido com uma cerimônia silenciosa, mas profunda. A cidade sabia que, ao contrário de outros, ele representava o poder de sua célula de maneira inquestionável.

Rose, com passos leves, retornou para sua aldeia no distrito dos Laicos, mais conhecida como a Célula Ecológica. Ela se sentia em casa ali, entre as árvores e a natureza que sempre a haviam cercado. Quando chegou à casa de sua avó, foi envolvida em um abraço caloroso. A aldeia inteira parecia ter sentido sua ausência, e ela sabia que seu retorno significava algo maior para a causa ecológica.

Débora, a figura silenciosa e forte da célula Comunista, chegou ao distrito de Terra Vermelha, sua cidade natal. Sua mãe, agora também era uma das líderes da comunhão. Ela a aguardava com um sorriso sério, mas cheio de afeto. Quando se encontraram, uma troca de olhares carregada de compreensão aconteceu. Débora sabia que seu papel em sua célula estava apenas começando a se revelar.

Marcos, sempre companheiro de todos, chegou ao distrito dos Liberais, na Cidade Livre. Ao pisar no solo que o conectava com seus amigos e sua irmã Camila, ele sentiu uma onda de familiaridade. A cidade estava em festa, mas ele sabia que, em breve, sua luta se tornaria ainda mais intensa.

Enquanto as naves de todos os distritos se afastavam, o céu sobre a base da NAVIM se iluminava, refletindo a jornada de cada um. Cada célula tinha agora seus heróis, seus combatentes. Mas em seus corações os jogos faziam aos poucos, mesmo sem querer, cada um deles, enxergar suas ideologias e visões de mundo com outros olhos.