Anahí não teve uma noite tão agradável quanto à de Alfonso. E nem tampouco um inicio de dia tranquilo. O relógio marcava 05h45min da manhã quando ela saiu de casa enfrentando o frio cortante que fazia. Iria visitar a manhã e depois seguiria direito para a empresa. Esperava que Olivia estivesse mais calma naquele dia. Sua paciência já estava chegando ao limite e tinha medo que não mais conseguisse segurar os desaforos que sonhava em falar para ela. Caminhava apressadamente pelas ruas e via o cenário ir mudando aos poucos. Gradativamente as fachadas feias e degradadas pelo tempo iam dando lugar a edifícios mais planejados e bem conservados. A casa de repouso que sua mãe vivia ficava em uma área um pouco mais nobre, por isso precisava trabalhar tanto para pagar todas as contas.
Georgina não era mais jovem e precisava de cuidados. E lá ela tinha toda a assistência necessária. Além das cuidadoras muito bem preparadas havia também fisioterapeutas, geriatras, psicólogos, nutricionistas e muitos outros profissionais que garantiam o bem estar de todos os internos. Anahí confiava cegamente no trabalho deles. E a mãe, pelo que lhe contava, adorava o lugar e todas as amizades que conseguiu fazer ali ao longo dos anos. Então, era um dinheiro muito bem investido. Sua mãe merecia.
Algum tempo depois já estava muito bem acomodada ao lado da mãe em um dos bancos do jardim. Suas mãos estavam entrelaçadas e ambas sorriam. Pena que o sorriso de Anahí era difícil de chegar até os olhos. Georgina estava tão animada contando a respeito de todas suas atividades que não percebeu isso. A senhora relatava todas as suas sessões de fisioterapia, das aulas de pintura, dos jogos de cartas junto às outras companheiras e da maravilhosa comida que a nova cozinheira fazia.
- Você está magra demais minha filha, precisa se alimentar melhor – aconselhou.
- Meu metabolismo é muito acelerado, mamãe – desconversou Anahí – a senhora sabe que é difícil me fazer engordar.
- Mesmo assim – insistiu – você não está com a aparência muito boa.
- Mas a senhora sim – sorriu e beijou-lhe o rosto – e espero que continue cada vez melhor. Agora eu preciso ir trabalhar, já está na hora.
- Você vem amanhã? – perguntou esperançosa. Só Deus sabia o quanto de saudade sentia da filha.
- Farei o possível.
Infelizmente a visita naquele dia havia sido rápida, mas proveitosa. Só o fato de poder abraçar a mãe já lhe dava forças para enfrentar qualquer problema que aparecesse no seu dia. Tanto é que as horas passaram rapidamente, quando deu por si já era horário do almoço e aproveitou esse tempo para tirar um cochilo sobre a mesa da cozinha. Não era o melhor lugar, mas era o que lhe servia. Os outros funcionários passavam por ali de um lado para o outro, uns conversavam, outros comiam e outros simplesmente mexiam no celular. Ela não se importava. Vivia sempre tão cansada que os burburinhos nunca eram impedimento para que ela dormisse. Sua única preocupação era para não perder a hora, o que nunca havia acontecido.
Anahí realmente se sentiu renovada depois de dormir por alguns minutos. Logo já estava de volta ao trabalho e limpava uma das salas do quinto andar onde Christopher, um publicitário experiente, trabalhava. Eles se davam bem. Era um dos poucos que fazia questão de cumprimentá-la e conversar sobre banalidades enquanto ela deixava o ambiente um brilho. Tanto é que o rapaz sempre que precisava solicitava os serviços da moça para o seu próprio apartamento. O que por um acaso aconteceria no dia seguinte, já que ele planejava uma reunião entre amigos.
- Então está combinado? Você chega lá em casa às 8 horas? – perguntou Christopher enquanto a observava passar o esfregão pelo chão.
- Claro que sim. Ainda vai querer que eu prepare os petiscos também?
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All of me - AyA
RomanceA vida de nossa jovem protagonista nunca havia sido fácil. Durante toda sua infância e adolescência viu a mãe fazer o impossível para que nunca lhe faltasse absolutamente nada. E agora era sua vez de retribuir tanta dedicação, mesmo que isso a obrig...