Alfonso não conseguiu evitar o sorriso em seus lábios ao ver Anahí entrar em sua sala. Ela estava relutante e meio sem jeito, era notório. Isso o divertiu.
- Bom dia Anahí - um sorriso brincava em seus lábios.
- Bom dia Sr. Herrera.
Ela adentrou e se pôs a fazer o trabalho sem olhar para ele uma única vez e nem tinha a pretensão de fazê-lo. Estava sem jeito por todas as coisas que ele vinha fazendo por ela, as quais nunca teria como retribuir. Cada mínima ação enchia seu coração de alegria e esperança de que as coisas um dia poderiam dar certo para ela.
- Pretende me evitar até quando? - perguntou diretamente de sua mesa e sem tirar os olhos do papel que lia.
- Não estou te ignorando.
- É? E não olha para mim por quê?
- Estou trabalhando.
- Certo...
Fingindo fazer pouco caso Alfonso calou-se e deixou que ela terminasse de fazer seu trabalho em paz. Mas, obviamente, a observava vez ou outra. Deveria ser difícil levar uma vida como a ela, meditou. Ainda mais sem ter ninguém com quem pudesse contar quando precisasse de ajuda. Até mesmo na empresa ela não tinha amigos, já havia investigado a respeito disso. Não havia descoberto nada a respeito de sua mãe, mas iria atrás dessa informação logo.
- O senhor precisa de mais alguma coisa? - perguntou depois de deixar a sala brilhando.
- Não. Está tudo perfeito, obrigado.
Alfonso achou melhor não procurar desculpas para mantê-la junto a si naquele momento. Não queria forçar ainda mais uma aproximação com ela. Deixaria as coisas acontecerem naturalmente agora. Precisava ganhar sua confiança para que ela, enfim, o deixasse ajudá-la.
E Alfonso realmente fez o que pretendia. Pouco a pouco todos foram se acostumando aquela nova rotina e os encontros constantes fizeram com que Anahí fosse se sentindo mais tranquila e relaxada quando estava na presença do grande empresário. Ele a tratava muito bem e o trabalho tinha uma carga mais leve do que quando ela limpava os andares inferiores, que eram mais movimentados. Não podia dizer que estava satisfeita com sua vida, mas as coisas estavam começando a se encaixar.
Os trabalhos extras ainda continuavam. Não tinha conseguido juntar nem metade do dinheiro dos alugueis atrasados e não sabia o que ia acontecer quando o dono aparecesse por lá no dia seguinte. Entrou pela porta do apartamento, jogou a bolsa na mesa e tomou um banho quente. Estava exausta e precisava desesperadamente de um pouco de sono. Depois de confirmar que a porta estava trancada desligou a luz e se aconchegou na cama, enterrando a cabeça debaixo das cobertas para escapar da realidade da vida, pelo menos por esta noite.
Não é a toa que no dia seguinte despertou com um barulho ensurdecedor de alguém batendo com toda a força do mundo em sua porta. Ainda meio grogue do sono levantou da cama e abriu a porta, dando de cara com o proprietário do apartamento que não tinha uma cara muito boa.
- Onde está o resto do dinheiro dos alugueis? - esse foi o bom dia dado por ele, e estendeu a mão aberta para a garota que o olhava com os olhos arregalados.
- Eu... Ainda não consegui juntar tudo. Mas eu prometo que até o fim da semana pago o que falta!
- Não! - disse firme - Eu já ultrapassei o prazo que te dei, não posso mais esperar. Ou me paga hoje ou essa noite você vai dormir no meio da rua! Entendeu?
A garota engoliu em seco e afirmou com um movimento da cabeça. Nunca que conseguiria juntar o dinheiro em um único dia. Era impossível! Depois que o viu sair entrou rapidamente e jogou suas poucas roupas dentro de uma mochila, junto com todos os seus artigos de higiene. Sabia que não mais teria casa quando saísse do trabalho, só estava adiantando as coisas.
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All of me - AyA
RomanceA vida de nossa jovem protagonista nunca havia sido fácil. Durante toda sua infância e adolescência viu a mãe fazer o impossível para que nunca lhe faltasse absolutamente nada. E agora era sua vez de retribuir tanta dedicação, mesmo que isso a obrig...