Anahí não imaginava que Alfonso seria tão cabeça dura. Tudo bem que ele estivesse acostumado a ter todas as suas vontades atendidas, mas ela era sua namorada! Sua opinião deveria ser levada em consideração também. Ela conseguiu se virar a vida inteira, estava acostumada com noites em claro e extensas jornadas de trabalho. O fato de estar estudando novamente não mudaria nada, ela só imaginaria que era um turno a mais e isso a manteria acordada e atenta. Tinha certeza disso. Só faltava convencer Alfonso.
Estava completamente desanimada quando entrou em casa naquele dia, depois de Alfonso deixá-la em sua porta sem desejar ao menos um misero boa noite. Teria que lidar com aquilo.
As camas do quarto já estavam ocupadas quando depositou a bolsa sobre a sua e foi em busca de uma roupa para tomar banho. Mesmo que passasse grande parte das noites na casa do namorado já havia se acostumado a rotina na pensão. Tivera sorte com suas companheiras de quarto, todas eram bastante tranquilas na medida do possível, cada uma ficava na sua e ninguém se intrometia na vida de ninguém. Anahí gostava disso.
Já estava voltando para o quarto quando sentiu o celular tocar sobre a pilha de roupas sujas que carregava. Viu o nome do namorado piscar na tela e pensou seriamente antes de atender. Estava chateada. Tinha o direito de estar chateada.
- Oi – pena que era fraca o suficiente para não conseguir resistir a atender ao telefone.
- Me desculpe – Anahí o ouviu suspirar do outro lado da linha e permaneceu em silencio esperando que ele falasse mais alguma coisa - Fui um completo idiota com você essa noite. Deveria ter levado em consideração todo o esforço que você sempre fez para conseguir dar conta de cada detalhe de sua vida. Não estava em minhas mãos decidir o que você deveria fazer ou não.
Um momento de silencio seguiu na linha e Anahí sentou no chão do corredor. Não queria ter essa conversa na presença de suas companheiras e, naquela hora, a movimentação na pensão era mínima.
- Mas eu me preocupo e quero o melhor para você. Achei que você preferiria ter uma noite mais tranquila em meu apartamento do que na pensão.
- Essa é minha casa, Alfonso – disse depois de um tempo – sei que não é a melhor e que você não aprova, mas é a minha casa – repetiu – é o que eu posso pagar. Não posso ficar correndo para sua casa a todo instante, não posso ficar fugindo da minha realidade e fingindo que ela não existe.
- Certo, certo – disse a contra gosto – mesmo não concordando eu entendo você. Desculpe, ok? Não posso dormir sabendo que você está chateada comigo.
- Vai passar – garantiu – amanhã nos vemos no trabalho. Vou dormir agora.
- Tudo bem. Descanse.
- Você também.
Perceber o silencio do outro lado da linha fez com que Alfonso tivesse vontade de atirar o celular longe. Não estava acostumado a lidar com esse tipo de situação. Na verdade nunca havia lidado com nada do tipo, mesmo na época em que namorava Tanya. Eles tinham um relacionamento mais tranquilo e casual, nenhum dos dois tinha grandes planos ou preocupações. Era mais como um passatempo para eles.
Mas com Anahí tudo era diferente.
Ela precisava dele e ele dela. Não podia mais imaginar um dia não estar ao seu lado. Só que ainda não havia aprendido a lidar com toda a bagagem que ela carregava. Todo seu orgulho e muitas vezes atitudes estúpidas o deixavam sem reação. As mulheres geralmente adoravam se aproveitar de seu dinheiro e ver Anahí, uma mulher que realmente precisa de sua ajuda, não aceitá-la, era desconcertante.
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All of me - AyA
RomanceA vida de nossa jovem protagonista nunca havia sido fácil. Durante toda sua infância e adolescência viu a mãe fazer o impossível para que nunca lhe faltasse absolutamente nada. E agora era sua vez de retribuir tanta dedicação, mesmo que isso a obrig...