Anahí só conseguiu respirar fundo depois que passou pela porta da pensão. A movimentação era mínima àquela hora, mas a garota forçou-se a colocar o medo de lado e foi até o quarto pegar as roupas sujas para depois seguir até a lavanderia. Por sorte não havia acumulado muitas roupas, então o tempo gasto naquela entediante tarefa não seria muito.
Logo após programar a maquina sentou-se confortavelmente no chão e pegou o celular para ligar para Alfonso. Foi exatamente nesse momento que viu uma sombra sobre si, e ao levantar o rosto Leon parado a sua frente com o típico sorriso irritante nos lábios.
A loura demorou um pouco para cair em si e acreditar que ele realmente esta ali. Tanto é que só conseguiu reagir quando o viu se aproximar.
- Se chegar mais perto eu vou gritar – avisou com a voz trêmula, mas sem coragem de ser mover.
- E quem viria até aqui te ajudar? – desdenhou.
- O cara do quarto ao lado do meu tem pelo menos três vezes o seu tamanho.
Leon não acreditou muito nela, mas preferiu parar de se aproximar e apenas a encarou. Andara quase a cidade toda atrás dela. Em cada prédio deplorável, abrigos, acampamentos... Até que a vira saindo de uma estação de metrô. A alegria foi tanta que nem ousou abordá-la no meio da rua, preferiu esperar que estivessem em um lugar um pouco mais reservado.
- Cada dia que passa você decai mais, hum? – comentou olhando em volta. A lavanderia era tão acabada quanto o resto da pensão.
- E mesmo assim você insiste em vir atrás de mim – revirou os olhos fingindo não se abalar tanto com o fato – existem outras pessoas por aí que você lucraria bem mais perseguindo.
- Ahhh – sorriu e evidenciou todos os dentes amarelo – ninguém é tão maravilhoso quanto você.
- O que você quer dessa vez? Assim como antes eu não tenho um tostão, você já está cansado de saber disso.
- E você também já sabe que dinheiro não é a única coisa que quero de você. Sempre nos divertimos muito juntos.
Anahí forçou-se a parar de tremer e não arregalar muito os olhos. Ele não faria nada com ela ali, naquele lugar onde qualquer pessoa podia chegar. Ficou repetindo isso internamente até ter coragem suficiente para encará-lo novamente. Ele estava mais nojento do que das outras vezes, se é que era possível.
- Acho melhor você ir embora antes que meu namorado chegue – aconselhou – ele não vai gostar nada de te encontrar aqui.
- Seu namorado granfino tem dinheiro – lembrou e sorriu convencido – peça a ele uma boa quantia para mim.
- Lógico que não! O dinheiro é dele não meu. Não vou fazer isso.
- Você vai pedir sim, por bem ou por mau. Você que decide.
A voz de Leon estava baixa e tinha um timbre ameaçador. Anahí nesse momento já estava arrependida de ter inventado a historia de que Alfonso estava chegando. Era obvio que Leon iria querer o dinheiro dele. E como sabia bem como o ex-padrastro era, ele não iria sossegar até conseguir. Ela só esperava que ele não precisasse encostar as mãos imundas nela para isso.
- Não posso pedir dinheiro a ele, ele já me ajuda demais quando preciso – justificou, mesmo sabendo que era completamente inútil.
- Não quero ter que repetir, Anahí – disse com uma falsa calma – ou você consegue o dinheiro para mim, ou eu vou fazer com que você consiga.
Ele ameaçou e Anahí engoliu seco. Sabia bem o que ele queria dizer com aquela frase. Quando era mais nova por diversas vezes ele tentou fazer com que ela conseguisse dinheiro, oferecendo-a de bandeja para os amigos bêbados. Mas, por sorte, Georgina sempre acabava com os planos dele, mesmo que sem querer.
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All of me - AyA
RomanceA vida de nossa jovem protagonista nunca havia sido fácil. Durante toda sua infância e adolescência viu a mãe fazer o impossível para que nunca lhe faltasse absolutamente nada. E agora era sua vez de retribuir tanta dedicação, mesmo que isso a obrig...