Capítulo 012

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- Perna quebrada e também machucou feio o joelho da perna que não quebrou, vai levar um bom tempo até poder caminhar normalmente - informou o médico - Foi uma fratura simples, de impacto, mas vou mantê-la internada essa noite só por precaução. Amanhã já poderá voltar para casa.

O resmungo que Anahí soltou foi involuntário. Como poderia demorar a caminhar normalmente? Como iria trabalhar? Como iria até o Bronx fechar o contrato de aluguel? E o principal de tudo: com conseguiria o dinheiro para pagar os aluguéis adiantados? Sem contar que sequer tinha onde morar. Não se achava no direito de continuar abusando de Alfonso.

- Obrigado doutor.

Alfonso observou o médico sair do quarto e se virou para Anahí que tinha uma fisionomia não muito feliz. Suspirando, ele se aproximou e segurou firmemente a mão dela, entrelaçando seus dedos. Anahí o encarou por alguns segundos antes de desviar o olhar aparentemente sem jeito.

- Desculpe por estar dando esse trabalho ao senhor.

- Não é trabalho algum - levou a delicada mão até os lábios e a beijou - você precisará se cuidar.

- Eu sei. Darei um jeito.

- Pare de tentar dar jeito em tudo - resmungou impaciente - não vou deixá-la sozinha, achei que já tinha deixado isso claro.

- Mas o senhor não tem nenhuma obrigação comigo - justificou - não é justo que eu me aproveite de sua boa vontade. Posso me virar.

- Não pode - sorriu ao vê-la querer contestar - vou cuidar de você, até porque você precisará de ajuda enquanto não puder andar normalmente.

- Não posso ficar enfurnada em uma cama. Preciso trabalhar. E preciso conseguir o dinheiro dos aluguéis para voltar lá e fechar negócio.

- Darei um jeito nisso.

- Não! - disse firme - isso não! Se passar do prazo, paciência. Eu arrumo outro lugar. Mas não quero que faça nada a respeito disso. Por favor.

Alfonso soltou uma bufada curta, mas alta. Não adiantava discutir com ela, não naquele momento.

- Vou pedir que Frank providencie algumas coisas para você, já que roubaram sua mochila.

- Obrigada novamente - murmurou sem graça e sem opção quanto a recusar o que ele estava oferecendo - prometo que assim que puder vou recompensar tudo que está fazendo por mim.

Para tranquilidade de Alfonso ela passou grande parte da noite dormindo. Os anestésicos que lhe foram aplicados ajudaram a aliviar a dor e ela conseguiu relaxar ao menos um pouco. Pediu que Frank providenciasse tudo que era necessário para ela, assim como algumas roupas. Sabia que ouviria reclamações, mas não estava ligando. Ela precisava de ajuda e ele iria ajudá-la. E se seu dinheiro era peça chave ele o usaria.

Na manhã seguinte, depois que ela recebeu alta, Alfonso a viu sentada em uma cadeira de rodas e sentiu uma fisgada de pena ao observar sua perna implacavelmente rígida. Ele sabia como era terrível fraturar um osso, e o quanto isso era ainda pior para alguém acostumada a fazer tudo sozinha. Ao menos ela parecia estar mais conformada do que a noite anterior e isso facilitava bastante as coisas.

O percurso até a casa de Alfonso foi em completo silencio. Anahí estava sem jeito por toda a atenção que recebia e sequer sabia como agir. Já ele preferiu dar o tempo que ela precisava, mantendo-se quieto enquanto deixava que ela lidasse com a briga interna que provavelmente estava acontecendo em sua cabeça.

Para facilitar a entrada dela Frank parou o carro o mais próximo possível da porta. Alfonso a pegou nos braços e a acomodou na cadeira de rodas sob um olhar sem jeito e um rosto ruborizado. Sorriu satisfeito e beijou-lhe o topo da cabeça antes de empurra-la em direção ao elevador. Maria já os esperava na porta do apartamento e levou as mãos à boca ao observar Anahí.

All of me - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora