Capítulo 35 - Não tem mais nada seu aqui.

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Alice's POV

Eu estava em uma clínica, com a minha avó. Estava esperando o resultado do meu exame de gravidez. Eu estava insegura, não sabia o que esperar. Meu corpo estava presente, mas minha cabeça estava longe, estava em São Paulo, com meu Castagnoli, pois é.

Eram umas 16h e eu já não aguentava mais esperar. Eu estava sentada na sala de espera, minha avó estava sentada ao meu lado, minha cabeça estava apoiada em seu ombro e ela os acariciava.

Me levantei para beber um pouco de água e quando estava voltando para a sala, meu celular tocou, era Paulo. Ele veio cheio de desculpinhas e dizendo estar arrependido. Eu logo o cortei e disse que tinha que ajudar meu avô, menti.

Eu assumo que sentia sua falta, sentia falta de tudo. Os beijos, carinhos, as conversas. Porém, eu não pretendia perdoá-lo tão cedo.

...

Voltei para a sala de espera, mas logo fui chamada. Entrei na sala com a minha avó e me sentei na cadeira, na frente a mesa da médica.

- Alice Salvatti, 20 anos? - ela perguntou e eu assenti. - Bom, analisei seus exames e te trago boas notícias.

"Boas"? O que ela considerava "bom"? Estar grávida é "bom?"

- Tem certeza que são boas?

- Claro. Pelo menos pra você, querida.

- Hm ok... Pode falar.

- Seu exame de gravidez deu negativo. Você não está grávida.

- Ah meu Deus! Não estou? - perguntei e ela negou com a cabeça. - Vó, eu posso falar palavrão? - disse olhando para a minha avó e ela riu. - Puta que pariu!

- Incrível sua reação. - a médica disse rindo.

- Pois é... Mas você sendo médica, considera isso uma coisa boa?

- Ah, meu bem, eu já tive a sua idade. Sei que não quer perder a sua juventude por causa de uma criança.

- Exatamente! - disse abrindo os braços. - Queria que meu namorado pensasse assim também.

- O Caíque, filha? - minha vó perguntou e eu ri.

- É, vó, aham... - apenas assenti, haviam coisas demais para explicar.

Saí do consultório sentindo felicidade plena. Ah, que alivio! Peguei o envelope do resultado e o apertei de uma maneira tão forte que amassei todo o papel. Eu e minha avó saímos de lá e fomos buscar meu avô na quimioterapia.

...

Chegando em casa, tomei um banho e coloquei meu pijama. Me sentei na sala com meus avós e tomamos sopa enquanto assistíamos novela, um dos meus passatempos favoritos. Peguei meu celular e tirei uma foto do meu exame.

"Fique feliz, não vou ter que tirar nada de dentro de mim. Não tem mais nada seu aqui. Pode ficar tranquilo e esquecer esse feto, se é que já não esqueceu." - digitei e enviei para Paulo. Sei que fui pesada com as palavras, mas queria que ele soubesse como eu estou, em relação a ele.

Contei toda a história de Caíque e Paulo para meus avós e eles entenderam, eu acho. Contei também toda a situação com Paulo e eles me deram alguns conselhos como "Você viveu 20 anos sem conhecê-lo, então pode viver sem."

O dia todo havia sido frio, nublado. Meu avô estava sentindo mais frio que o normal e estava com um pouco de febre. Mas isso eram sintomas de gripe, nada preocupante. Ele foi para a quimioterapia e voltou bem enjoado, mas logo passou. Durante os meus primeiros dias em ME, ele ficou bem, sem nenhum susto, só o previsível.

Minha vida estava melhorando um pouco, eu não estava grávida, meu avô estava bem. Mas também não esqueci dos meus problemas, como a minha vida amorosa, Julia e Henrique. Ah, como eles me preocupavam. Julia era um doce de menina, mas amava os caras problemas, e quase sempre se apaixonava rápido demais. Henrique sempre foi um cara problema, desde sempre, desde quando éramos crianças. Não duvido que fará mal a ela.

...

Paulo's POV

Eu estava em casa, sem fazer nada, como sempre e vi meu celular vibrar. Desbloqueei o mesmo e vi uma mensagem de Alice, sorri ao ver, mas o sorriso logo foi embora quando eu vi do que se tratava a mensagem: seu exame de gravidez.

Não vou dizer que fiquei triste, ter um filho naquele momento não seria muito bom, mas também não vou dizer que fiquei feliz, eu queria mesmo construir uma família com ela. Eu sabia que ela estava brava, sabia também que não queria me ver nem pintado a ouro, mas ela foi tão grossa que até me chateou. Ela me tratou que nem lixo.

Eu não sou um santo, nunca fui, mas também não precisava ser tratado assim, nem precisava me humilhar. Visualizei a mensagem e não respondi. Bloqueei o celular de novo e comecei a dedilhar uma música nova no violão.

...

A noite passou numa piscadela, não dormi nada, nem um segundo e logo amanheceu. Eu estava com fome então decidi sair para comer algo, lembrei que perto da casa de Alice havia uma padaria muito boa, então, decidi ir até lá.

Entrei e me sentei numa mesa bem longe do balcão. Estava olhando para o cardápio quando algo me chamou atenção, era a Bea, ela estava lá fazendo seu pedido. Quando ela virou e começou a andar em direção a uma mesa, levantei meu braço e ela viu.

- Bom dia. - ela disse puxando a cadeira ao meu lado e dando um beijo estalado na minha bochecha.

- Oi, Beazinha. - disse desanimado.

- Ih, o que houve?

- Saudades dela.

- É, imaginei... Vocês são uns babacas.

- Como assim?

- Ah, os dois ficam aí na sofrência de saudade e nenhum vai atrás de nenhum. Um saco.

- Ela te disse algo?

- Que sente sua falta.

- Ah... Você ficou sabendo do exame?

- Na hora em que ela ainda estava em consulta.

- Ah, ela me mandou uma mensagem.

- Deve ter sido uma fofa, né?

- Como um elefante.

- Ela tem motivos, né?

- Ah não... Você também?

- Paulo, todos nós vemos a mesma coisa. Você fez merda e ela foi sem te perdoar.

- É... Mas se se eu te disser que nem eu sei direito o porquê de nós termos brigado?

- Eu vou acreditar, porque eu conheço a Alice e sei como ela fica brava com coisas mínimas.

- Admito que não foi tão mínimo assim, mas eu não sei direito, ainda.

...

Ficamos lá conversando até ela ter lembrar que ainda tinha que passar na casa da Alice para dar "um jeito na casa", fazer coisas tipo, abrir as janelas, regar as flores, essas coisas aí. Me ofereci para ir com ela e ela aceitou.

Que saudades daquele sorriso enorme abrindo a porta quando eu chegava na sua casa. Que saudades das nossas noites de conchinha na sua cama. Eu precisava tanto dela, puta merda.

Eternal Love - Banda FlyOnde histórias criam vida. Descubra agora