volume I - Lua crescente
Forks, a pequena cidade no estado de Washington, sempre esteve envolta em uma neblina constante, como se o mundo natural tentasse esconder os segredos que ali se abrigavam. Mas naquela noite, algo diferente se aproximava, al...
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Capítulo XXVII
O sorriso de Sirena se forçou nos lábios, uma máscara de vaidade que ele imediatamente percebeu. Aquele olhar perspicaz, que parecia ver através de sua fachada, a incomodou profundamente. A sereia, acostumada a dominar, sentiu-se desconfortável, como se tivesse perdido o controle de uma situação que ela mesma orquestrou.
— Eu sei o que você é — ele sussurrou, a voz sorrateira e disfarçada pela música do lugar.
— Quem eu sou? Me descreva, já que sabe — ela retrucou, tentando desesperadamente tomar as rédeas da situação.
O homem apenas sorriu. Um sorriso que não era amigável, mas enigmático e cheio de conhecimento. Ele sabia, e essa certeza era a sua verdadeira arma. Ele olhou para o relógio em seu pulso, um gesto calculado para mostrar que o tempo dele era precioso e que ele estava no comando.
— Que pena, o tempo voa quando a conversa é interessante — ele disse, com a mesma voz suave de antes. — Preciso ir. Mas, se me permite uma sugestão, talvez valha a pena descobrir o que acontece quando uma força da natureza encontra um caçador.
Ele se levantou, a postura impecável e a presença imponente. Ele não tocou em sua cerveja, um detalhe que não passou despercebido por Sirena. A bebida estava ali, intocada. Ele a olhou diretamente nos olhos, e a intensidade de seu olhar fez o coração de Sirena pular.
— Se quiser continuar nossa conversa, estarei aqui amanhã, neste mesmo horário. — Ele lançou a isca, e a curiosidade de Sirena, misturada com sua vontade de ter o controle, a mordeu.
Ele se virou e saiu, com a mesma graça calculada de sempre. Ele era um manipulador, um expert em desviar, em plantar a dúvida e o desejo. Ele não se deu ao trabalho de se despedir ou de olhar para trás, pois sabia que a semente da curiosidade que havia plantado nela já era o bastante. Sirena havia sido desafiada.
A semente da curiosidade havia sido plantada, e a necessidade de descobrir quem ele era e o que ele queria se tornou uma obsessão. O vazio em sua mente era algo novo e aterrorizante. Ela, que sempre entrava na mente das pessoas, não conseguiu entrar na dele. Diferente de Edward, que a fazia sentir dor de cabeça, a mente dele não tinha nada, era um vazio total. Ele era um mistério, um desafio. E Sirena, uma criatura de caos e luxúria, não podia resistir.
Ela deixou o restaurante, o cheiro de morte e desejo pairando no ar. Mas, ao sair, sentiu um calafrio intenso percorrer sua espinha. A sensação de estar sendo observada era avassaladora, e o ar ficou pesado, como se algo estivesse à espreita, esperando o momento certo para atacar. Sirena sabia que não estava sozinha, mas não via ninguém. Pensou que poderia ser o homem misterioso, mas o calafrio que ele a gerou foi diferente dessa sensação de perigo que ela sentiu agora.
Pensou na possibilidade de serem suas irmãs, mas balançou a cabeça em negação. Não poderia ser, fazia tempo que não entrava no oceano, não poderia ser rastreada, não sem entrar no mar, não sem seu sangue, não sem seu canto. E se caso fossem, Sirena acreditava fortemente que poderia derrotá-las, acreditava estar mais forte que todas juntas. Sua confiança foi recuperada, e Sirena seguiu para sua casa.