volume I - Lua crescente
Forks, a pequena cidade no estado de Washington, sempre esteve envolta em uma neblina constante, como se o mundo natural tentasse esconder os segredos que ali se abrigavam. Mas naquela noite, algo diferente se aproximava, al...
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capítulo XXX
Sirena inclinou a cabeça, os olhos brilhando de provocação. Um sorriso lento se formou nos lábios dela.
— Tente, Carlisle. Vá em frente. Mas você não tem forças... agora você me pertence, assim como Paul, Dean... — ela arrastou o nome dos outros com um veneno calculado — não há nada que você possa fazer para me afastar de você.
Ele engoliu, a frustração queimando em cada fibra de seu ser. O controle que sempre tivera sobre si mesmo, sobre o mundo à sua volta, desapareceu. Ele se sentiu exposto, vulnerável, completamente à mercê de Sirena. O amor dele o havia rejeitado; só sobrava ela.
Carlisle ergueu os olhos, encarando-a, a raiva e a incredulidade se misturando. — Você não acha isso triste? Provocar alguém até que ceda... enganar pessoas, destruir famílias... — a dor e a acusação se misturavam na voz dele.
— O que posso fazer? — respondeu Sirena, com uma calma quase glacial — é a minha natureza.
Ele respirou fundo, por hábito, e tentou se afastar, a decisão de se retirar sendo instintiva. — Vou embora... — disse, firme, buscando qualquer resquício de controle, qualquer desculpa para escapar do poder que ela exercia sobre ele.
— Para onde? — provocou ela, inclinando-se, cada gesto calculado para corroer sua resistência.
— Para minha casa — respondeu ele, sem titubear, — para longe de você.
Sirena riu, um som baixo e quase cruel, que fez o estômago dele se contrair. — Você acha mesmo que vão te aceitar lá? Carlisle...
— Qualquer lugar longe de você, para mim já será o suficiente.
Não, você vai ficar aqui, comigo. Ou então... — ela deslizou pelo quarto, aproximando-se ainda mais — revelarei a todos na cidade a verdade sobre a sua família.
Ele franziu o cenho, a tensão aumentando. — O que quer dizer?
Ela sorriu, com o brilho da vitória nos olhos. — Provas, Carlisle. Provas de que vocês não são humanos, ou acha que não sei que são vampiros? Você se esqueceu que me trouxe para cama em velocidade vampírica, e que a sua família se expos da mesma forma que você? Me espanta ninguém perceber.
— Ela deslizou um dedo pelo peito dele, um toque que queimava tanto quanto seduzia. — Sabe que os cachorrinhos do Paul têm fotos da sua família? Pois é... imagine isso se tornar público. Não importa se você tentar me destruir agora. Eu destruirei vocês.
Carlisle engoliu em seco, sabendo que ela estava certa. Qualquer resistência seria inútil. Ele não podia lutar contra ela sem colocar tudo que amava em risco. A única saída era ceder, pelo menos temporariamente, a ela.
— Então... — disse ela, os olhos fixos nos dele, frios e sedutores — o que lhe resta é me servir para que sua família viva em paz. Minha primeira ordem para você... ME BEIJE.
O corpo dele tremeu, o impulso de resistência lutando contra o desejo e a necessidade. Mas a tensão acumulada, o cansaço vampírico forçado por sua própria rendição e a impossibilidade de escapar tornaram a decisão inevitável. Ele se aproximou, hesitante, e seus lábios tocaram os dela.
O beijo começou contido, relutante, mas a provocação de Sirena, a energia que ela drenara dele e o magnetismo que não podia ser ignorado fizeram-no ceder completamente. Cada instante era um confronto silencioso entre desejo e dever, controle e rendição. E no fim, Carlisle entregou-se, consciente de que, por enquanto, não havia outro caminho.
O dia seguinte começou com uma luz suave entrando pelas cortinas. Sirena abriu os olhos lentamente, ainda sentindo o calor da noite anterior e a presença pesada de Carlisle em seus pensamentos. Ao levantar-se, percebeu que a casa estava estranhamente silenciosa. Desceu até a cozinha e encontrou Carlisle no andar de baixo, com as mãos ocupadas organizando algumas coisas. O aroma de panquecas recém-feitas preenchia o ar.
— Bom dia — disse ele, sem levantar totalmente o olhar dela. — Preparei panquecas.
Sirena arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. — Você me fez panquecas depois de tudo o que aconteceu? Está tentando me matar?
Ele balançou a cabeça, negando, com um leve sorriso que não alcançava os olhos. — Não. Nada disso. Pensei... já que agora estou preso a você, seria melhor uma boa convivência.
Ela sorriu, divertida e ainda um pouco desconfiada, pegando uma das panquecas e levando-a à boca. — Justo. — disse, mastigando com cuidado, mas sem perder o deboche. — E... está boa, preciso admitir.
Carlisle suspirou, o corpo rígido. — Preciso ir trabalhar, e também passar na minha casa para pegar algumas coisas.
— Eu vou com você — disse Sirena, antes que ele pudesse reagir.
— Não... você não vai — respondeu ele, tentando impor alguma autoridade.
— Vou sim — replicou ela, ignorando completamente o protesto. — Vamos entrar lá de mãos dadas.
Ele soltou um longo suspiro, a resignação evidente. — Se alguém ali tentar te atacar... não sei se vou conseguir te defender. É um número maior.
— Não tem problema — respondeu Sirena, como se nada fosse. — Meus cachorros, os Quileutes, ficam de guarda para mim. Basta um pequeno pedido e eles estarão prontos.
Carlisle fechou os olhos por um instante, ciente de que qualquer resistência era inútil. — Sirena... por favor, não vamos complicar as coisas. Vamos assim: você fica no carro, eu entro e pego minhas coisas. Pode ser?
Ela sorriu maliciosamente. — Justo... melhor do que nada. E assim vejo seus outros filhos gostosos.
— Sirena, afaste-se da minha família. Deixe-os em paz.
— Tá bom, tá bom... nossa, grosso.
Sirena pegou a bandeja com as panquecas e se acomodou no sofá da sala, deslizando as mãos para o controle.
"Boa manhã, Forks. A cidade enfrentará uma semana de chuvas constantes e, infelizmente, um aumento preocupante em mortes súbitas por infarto tem sido registrado. Hoje, três policiais foram encontrados sem vida em circunstâncias suspeitas, mas os laudos indicam infarto natural. Ontem, um funcionário do hospital local também foi encontrado morto, novamente apontado como infarto. Especialistas alertam para o aumento inexplicável desses casos. Moradores relatam preocupação, afirmando que nunca viram uma sequência tão intensa de falecimentos em tão pouco tempo. Seguiremos acompanhando."
Carlisle observava a tela com a mão apoiada sobre os olhos, claramente desconfortável. — Você tem alguma coisa a ver com isso? — perguntou, a voz firme, quase sem controle.
— Talvez — respondeu Sirena, sem se intimidar.
Ele suspirou fundo, a tensão acumulada da noite anterior e a exaustão que ela havia drenado de seu corpo tornando-se ainda mais evidente. — Se você vai comigo... arrume-se logo.
— Claro — disse ela, levantando-se, colocando uma blusa preta justa, um mini shorts e botas, finalizando com um casaco.
— Você vai assim? — perguntou Carlisle, a preocupação evidente na voz.
— Claro, por quê não? — respondeu ela com um sorriso provocador.
— Nada... — murmurou ele, resignado.
Eles saíram da casa, e a chuva fina de Forks cobria as ruas silenciosas. Carlisle permanecia tenso, cada movimento calculado, enquanto Sirena, aparentemente despreocupada, cantarolava baixinho junto à música no rádio, desafiando a tensão do vampiro ao seu lado. O contraste entre o cotidiano chuvoso e o jogo psicológico entre eles transformava a manhã em algo quase surreal.