volume I - Lua crescente
Forks, a pequena cidade no estado de Washington, sempre esteve envolta em uma neblina constante, como se o mundo natural tentasse esconder os segredos que ali se abrigavam. Mas naquela noite, algo diferente se aproximava, al...
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Charlie conduzia Sirena até sua casa. O caminho seguia silencioso, mas não era um silêncio comum – era o tipo de silêncio que grita. Pesado. Denso. Como se cada quilômetro entre eles arrancasse mais do pouco equilíbrio que um dia existiu. O motor do carro vibrava baixo, preenchendo o silêncio tenso entre os dois. Sirena roía o canto das unhas com uma ansiedade quase teatral – quase – porque havia algo verdadeiro ali, um tremor real escondido na performance da fragilidade.
A lua refletia sobre o capô molhado pela chuva recente, e as luzes do painel lançavam sombras suaves em seu rosto pálido, que ora parecia uma máscara, ora uma janela rachada para algo muito mais obscuro.
Charlie, com os olhos fixos na estrada à frente, tentava respirar com calma. Ele não era bom com conflitos. Nunca foi. Ainda mais quando envolviam pessoas que, de algum modo estranho, haviam se tornado importantes.
— Olha, Charlie... desculpa — disse de repente, a voz rápida e entrecortada. — Eu realmente não queria brigar com a Bella, eu juro. Não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Mas eu não admito... não admito a forma como ela te trata, ou como defende aquele... aquele assediador!
A palavra ecoou como uma faísca. Charlie apertou o volante com força. A mandíbula se contraiu, o maxilar firme, como se estivesse contendo algo que ameaçava transbordar.
— Sirena, escuta... — disse, num tom mais firme que o habitual. Um tom que doía. — Eu entendo que você se preocupou. Mas há coisas que não deveriam ter sido ditas. Você ultrapassou um limite. A forma como a Bella me trata... isso é entre nós dois. Não cabe a você se meter.
Sirena piscou algumas vezes, realmente surpresa pela resposta. Seu corpo tremeu levemente, a resposta dele cortando fundo. Seus lábios tremiam sutilmente, como se a repreensão a tivesse machucado de verdade — ou como se quisesse que ele acreditasse nisso.
Havia uma vulnerabilidade em sua expressão, mas era difícil dizer se era real. Charlie percebeu o impacto das próprias palavras e soltou um longo suspiro, desviando o olhar por um instante para o lado da estrada. Ele não sabia exatamente onde havia errado, mas sentia que tudo havia saído do controle.
— Me desculpa... — murmurou, ajeitando-se no banco, com um nó visível na garganta. — Eu não queria ser tão duro. Só não sei muito bem como lidar com tudo isso.
Houve uma pausa. Sirena encarava o próprio colo, e por um instante, parecia mesmo abatida.
— Quanto a Edward... por que você não me contou que ele vinha te assediando?
Charlie olhou de lado para ela, esperando por uma resposta. Ela hesitou.
— Fiquei com vergonha de dizer... mas queria proteger a Bella também. Achei que ela não ia acreditar em mim.