volume I - Lua crescente
Forks, a pequena cidade no estado de Washington, sempre esteve envolta em uma neblina constante, como se o mundo natural tentasse esconder os segredos que ali se abrigavam. Mas naquela noite, algo diferente se aproximava, al...
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POV Bella
O quarto estava escuro, exceto pela luz amarelada do poste lá fora, que atravessava as frestas da cortina e projetava sombras fracas e alongadas nas paredes. Era como se o mundo exterior tentasse invadir aquele espaço, mas encontrasse resistência no silêncio espesso que preenchia cada canto. Bella estava encolhida sob o cobertor pesado, como se ele pudesse apagá-la, camuflá-la, como se sua ausência do mundo pudesse ser resolvida simplesmente pela vontade de desaparecer.
As lágrimas escorriam silenciosas por seu rosto, molhando o travesseiro já úmido. Seus ombros tremiam a cada soluço contido, e o gosto amargo da impotência preenchia sua garganta, queimando como vinagre.
Do lado de fora, tudo seguia. As horas, o vento, os carros distantes, a vida. Mas dentro dela, havia apenas um buraco. Um grito preso, engasgado, que não saía. Uma dor surda, profunda, que não se deixava traduzir em palavras. Seu corpo doía, mas não fisicamente. Era como se cada célula estivesse exausta por simplesmente... ser. Por existir ali, naquela condição miserável de ser ela mesma.
As lágrimas continuavam escorrendo sem pressa, quentes, uma após a outra, como se cada gota carregasse uma memória que Bella gostaria de enterrar. Mas as lembranças vinham. Sempre vinham. Tinham o dom cruel de insistir, mesmo quando tudo o que ela queria era esquecer.
A garganta estava seca. O peito, apertado. Era como se uma mão invisível e cruel o comprimisse, tornando cada respiração um esforço. Mesmo respirando, Bella sentia que afundava.
E então, o som.
Tão sutil que apenas ela, mesmo mergulhada naquela dor, poderia notar: o farfalhar da janela sendo aberta. O ranger quase imperceptível do batente de madeira. Seu corpo inteiro enrijeceu. Os olhos se abriram, embora estivessem ainda cobertos pelo tecido do cobertor. Ela sabia quem era.
O cheiro dele — da floresta molhada, do frio da noite, e da eternidade — preencheu o quarto antes mesmo que ele falasse. Era como um sussurro da natureza entrando pela janela. Bella quis desaparecer ainda mais. O coração acelerou. Não de desejo. Não mais. Era medo. Medo de se quebrar ainda mais diante dele.
Quando ouviu o som sutil da janela se abrindo, seu corpo inteiro enrijeceu.
Ela não se moveu. Não respirou. Apenas se encolheu. Não agora. Por favor, não ele.
— Bella... — a voz dele soou próxima, baixa, carregada de algo que ela não conseguia decifrar de imediato: culpa? Medo? Preocupação? Talvez as três coisas. Misturadas no tom grave e doce que, em outra época, a confortava.
Ela não respondeu. Só o som da respiração contida denunciava que estava acordada — e em ruína.
Seu rosto continuava pressionado contra o travesseiro, o cobertor cobrindo até o alto da cabeça. Ela virou o rosto para a parede, na tentativa inútil de esconder ainda mais o olhar, o nariz e os lábios já vermelhos de tanto chorar.