I Capítulo

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Noah Sousa
Acordo pela manhã de segunda-feira com uma dor de cabeça daquelas! Ontem foi o réveillon, e como podem imaginar, eu bebi todas e mais algumas. Meus pais encheram minha cabeça, mas já tenho 20 anos e posso beber o quanto eu quiser.
Desço as escadas de casa com uma bela carranca, e encontro toda a minha família almoçando na enorme mesa de madeira rústica que tem no jardim.

-Oi família - coloco a mão na testa para tampar o forte sol que me atinge e faz minha cabeça doer ainda mais.
-Até que enfim acordou a Bela Adormecida - brinca meu irmão do meio, Enzo.
-Vai se fu... - meu pai, Gustavo, me corta.
-Noah!
-Foi mal - ergo as mãos me desculpando e vou me sentar ao lado do meu primo Biel.
-Que cara feia é essa? - pergunta minha mãe Melissa.
-Ué mãe, foi a senhora que fez - dou os ombros e escuto as gargalhadas ao redor.
-Como está engraçadinho esse meu filho! Na caixa de remédio tem um comprimido vermelho para essa sua ressaca - como nossas mães nos conhecem tão bem?!
-Estou indo na cozinha, eu pego para você - diz minha tia Beatrice levantando-se.

Coloco minha comida no prato e começo a comer prestando atenção na conversa ao redor. Meu pai é dono da escola de equitação mais conhecida do Brasil, e o meu tio Thales, marido da tia Bea, trabalha com ele desde o início da escola. Hoje, a escola Lusitano está espalhada por todo Brasil, e ainda há cinco filiais espalhadas pelo mundo. Eu faço faculdade de administração para poder assumir a presidência da Lusitano, pois meu pai e meu tio pretendem se aposentar logo, e meus irmãos, Henry, o mais velho, é advogado. O Enzo, o do meio, é engenheiro civil. E a Alicia, a terceira, é arquiteta. Ou seja, nenhum deles estão interessados em trabalhar na Lusitano.

-Mas e a Ofélia? Ela está na reta final da faculdade e logo pode assumir a vice-presidência, sei que tem capacidade para isso - sugere meu pai ao meu tio.
-A Ofélia é aquela menina que você ajuda? - pergunta minha mãe.
-É sim amor, eu que pago sua faculdade, inclusive ela estuda na mesma faculdade que o Noah, você não a conhece?

Prendo a respiração por um segundo. Se for a Ofélia que eu estou pensando, eu a conheço muito bem! Mas pode não ser, aquela faculdade é enorme e tem muitas pessoas matriculadas. Pare de se fazer de idiota Noah! Você sabe que não é comum encontrar alguem chamada Ofélia.

-Já ouvi falar - digo tentando demonstrar indiferença.
-Seria bom se vocês fossem amigos, já que provavelmente vocês irão trabalhar juntos- diz meu pai.
-Ok.

Ser amigo daquela maluca? Não, not, no, non, ne, nu, nei!
Minha tia trás o meu comprimido, e eu termino o meu almoço conversando com o meu primo e com os meus irmãos. Quando terminamos de comer, minha mãe e a tia Bea vão tirar a mesa, meu tio Thales e meu pai sobem para o escritório, e ficamos só nós sentados na grama. Henry está com sua esposa no seu colo, e parecem que estão em uma cúpula apenas deles. As vezes tenho vontade de viver um amor como o deles, onde tudo é intenso até demais, ainda me lembro do dia que acordamos pela mãe e encontramos um bilhete no Henry na geladeira:
"Família, me desculpa por sair sem se despedir, fui ali casar e logo estou de volta".
Conseguem imaginar o estado da minha mãe?! Ela queria morrer. Ligamos para os pais da Lívia, esposa dele, e eles afirmaram que ela também tinha sumido deixando o mesmo bilhete. Eles só foram dar notícias ao final do dia, quando minha mãe já estava indo ligar para polícia.

-Quando volta as suas aulas? - pergunta meu primo.
-Depois do carnaval, ainda tenho mais de um mês para curtir - sorrio com a ideia.
-Quais são seus planos?
-Curtir uma praia - vantagens de morar no Rio de Janeiro - virar algumas noites na gandaia...
-Você não tem jeito - ele ri - eu estou mais tranquilo em relação à isso. Prefiro ficar em casa, vendo uns filmes e lendo os livros que preciso terminar para faculdade.
-Eu hein?! Prefiro curtir minhas férias, até porque eu mereço!

Filhinho de papaiOnde histórias criam vida. Descubra agora