XXVI Capítulo

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"Amor bom é amor recíproco, o resto é gritaria desnecessária".

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-Por nada filho - dou um beijo em seu rosto - mas não acabou ainda - entrego a caixa para Lia - tem mais coisa aí.

....

Lia pega a caixa e oola lá dentro retirando um envelope.

-O que é isso? - pergunta me olhando desconfiada.
-Abre amor.

Vejo suas mãos tremendo enquanto tira a folha de dentro do envelope. À essa altura do campeonato ela já deve imaginar o que é. Sua cara de espanto ao ler o papel me deixa nervoso, só falta ela não gostar.

-Noah... - nossos olhos se encontram e escorre uma lágrima do dela - não acredito - lagrimas lavam seu rosto.
-Você não gostou? - pergunto com o coração apertado.
-Eu não consigo nem falar - ela seca as lágrimas, vem para o meu colo e enche meu rosto de beijos - cada dia que passa eu me orgulho cada vez mais de mim, por ter dado uma chance para você.
-Então você gostou?
-Eu amei meu amor, é o maior presente que eu e o Ben poderíamos receber. Muito, muito, muito obrigada. Eu te amo tanto! - nos beijamos e eu sorrio emocionado.
-Vem filhão para o abraço - chamo Benjamin que nos olhava sem entender.

Ele caminha com suas perninhas bambas e se senta no colo da Lia.

-Minha família - passo o braço por eles e abraço forte.

Seco as lágrimas da Lia e sorrio. Escuto um barulhinho e olho para escada, Claiton e Naldo estavam nos olhando, e pareciam tristes.

-Vem filhos, para o abraço coletivo da família Sousa! - eles me olham sem entender.
-Não Noah, aproveite sua família - Claiton diz e some de vista em direção aos quartos. Naldo vai atrás.
-Vamos lá amor - Lia levanta do meu colo com o Benjamin e subimos a escada.

Encontramos Naldo e Claiton chorando deitados na cama. Fico alguns minutos sem reação, olho para a Lia pedindo para que ela espere na sala, essa conversa vai ter que ser de homem para homem. Ela entende e desce as escadas. Entro no quarto deles e sento-me na cama. Respiro fundo, meio que não sei o que fazer.

-O que foi? - resolvo começar pelo óbvio.
-Nada Noah, deixa a gente em paz, vai ficar com o seu filho - Naldo diz.

E então eu entendo tudo. Eles estão com ciúmes, querem atenção, carinho. As vezes me esqueço o quanto eles são novos, adolescentes ainda.

-Vocês todos são meus filhos, vocês se tornaram minha família.
-Não é a mesma coisa Noah. Sabemos que somos apenas seus cunhados - diz Claiton.
-Vocês serão apenas meus cunhados se quiserem, porque para mim, vocês são como meus filhos. Nunca imaginei que me queriam como pai, nunca pensei que teria essa liberdade com vocês.
-Claro que queremos Noah. Nunca tivemos um pai, mal tivemos uma mãe. Se não fosse pela Lia, nem posso imaginar o que seria de nós - Claiton diz.
-Então me digam vocês mesmo, me aceitam como o pai de vocês? Porque depois que aceitarem não terá mais volta... - falei em tom de brincadeira e eles sorriram.
-Nós queremos - Naldo se pronuncia.
-Sim - diz Claiton.
-Venham me dar um abraço - abro os braços para recebê-los - agora eu só quero ouvir papai pra cá, papai pra lá - eles sorriem.
-Obrigado Noah, obrigado pai - Claiton diz.

Inevitavelmente um lágrima me escapa. Hoje é o dia mundial das emoções! Meu pai com certeza estaria orgulhoso de mim, até eu mesmo estou orgulhoso de mim. Lembrei de como meu pai criou Henry e Enzo tão bem, mesmo não sendo seus filhos, e peguei um pouquinho do seu exemplo para mim. E logo seus filhos do coração foram os que não deram trabalho, já eu que era de sangue, aprontei todas e ainda deixei ele morrer levando uma péssima imagem de mim. Hoje tento ser um homem melhor pelo meu pai, por mim, e acima de tudo pela Lia. Nunca pensei que me apaixonaria assim por alguém, mas ainda bem que é recíproco, não conseguiria suportar a ideia de não tê-la para mim.

Filhinho de papaiOnde histórias criam vida. Descubra agora