Bônus - Rosângela

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CRONOGRAMA DE POSTAGEM:

CAPÍTULO ANTERIOR FOI POSTADO NO DIA: 28/07/2016 - QUINTA-FEIRA

CAPÍTULO ATUAL POSTADO NO DIA: 08/08/2016 - SEGUNDA-FEIRA

POSTAGEM DO PRÓXIMO CAPÍTULO PREVISTA PARA O DIA: 12/08/2016 - SEXTA-FEIRA.

POSTAGEM DE NOVOS CAPÍTULOS TODAS AS SEXTAS-FEIRAS.

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Capítulo dedicado à Sthefany Ferreira, que por sorteio, decidiu o que iria acontecer com a Rosângela. Se quiser participar das dinâmicas do livro, entre no nosso grupo do Whatsapp. Só deixar seu número com o DDD nos comentários. Obrigada linda, pela ajuda!

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"Quando eu fico nublado por dentro, lembro que preciso me deixar chover para poder clarear".

Rosângela Santos
Eu não consigo acreditar que ele me abandonou. Simplesmente não entra na minha cabeça. Nós nos amávamos tanto! O ódio expira em todos os poros do meu corpo, maldito homem que eu fui arrumar. Se ao menos ele tivesse pensado em nossa filha. Ah, que bobagem da minha parte pensar isso, ele nunca gostou da Ambrósia. Na verdade eu também não. Quer dizer, como mãe, eu sempre gostei, mas nunca a quis muito por perto. Veday ficava todo irritado quando estávamos com ela, então preferia que a mesma ficasse em seu quarto. Muitas vezes me crucifiquei por ter engravidado, se fosse para cuidar da menina igual eu cuido da Ambrósia, era melhor mesmo nem a ter gerado. Contudo, esse é o menor dos meus problemas.

Foi antes de ontem que o meu sonho se tornou pesadelo. Ou talvez tenha sido bem antes, só eu que não tenha percebido. Estava em casa, tranquila, assistindo televisão. Ambrósia, a última vez que a tinha visto há três horas atrás, dormia em seu quarto. Eu estava louca para passar o resto da minha tarde transando com Veday, mas ele insistia em trabalhar em seu "escritório", que ficava nos fundos de casa. Quando escuto sirenes, e um tumulto na frente de casa, gritando para que saíssemos, e eu bem da tola, saí para saber o que era. Rapidamente fui algemada e deitada no chão. Gritei por ajuda, gritei até o quanto aguentei, queria que Veday estivesse comigo, como um dia prometeu. Mais uma decepção amorosa, concluí em pensamento. Foi o pai da Ofélia que me abandonou, depois o pai do Reinaldo, o pai do Claiton, e agora por último, o pai da Ambrósia. Talvez a minha sina seja ser solteira, ou melhor, mãe solteira.

(...)

A viagem até o Brasil foi entediante, e tentei dormir a maior parte do tempo. Quando chegamos no Brasil, veio-me a preocupação com a Ambrósia, eu nunca fui a melhor mãe do mundo, mas também não queria o seu mal. Encontrar Ofélia no aeroporto foi como encontrar uma salvação para os meus problemas. Ela sim nasceu para ser mãe. Desde nova, quando teve o Benjamin, ela já provou isso para todos. Talvez pudesse criar a Ambrósia para mim, quer dizer, eu passaria a maternidade para ela sem problemas. Pelo que eu bem sei, ela está de caso com um riquinho e se deu bem na vida, melhor do que eu por sinal, e vai fazer questão de contratar os melhores advogados para me manter o máximo na cadeia.

(...)

Juro que não sabia de nada que o Veday fazia fora de casa. Não sabia do seu envolvimento com o roubo de dinheiro, quem dirá ser sua "cúmplice". Eu posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas o mundo do crime nunca foi um lugar que eu quis entrar. Não diria que me separaria do Veday se soubesse o que ele fazia, mas talvez ficaria mais em terceiro plano, ou então só tentando o fazer mudar de ideia.

-Senhor? - chamo um homem bonito, que foi responsável pela minha investigação. Parece que o seu nome é Gael, mas não tenho certeza.
-O que foi? - pergunta-me arqueando a sobrancelha.

Somente "bonito" não o define. Ele é mais que bonito. O corpo é grande e musculoso, e o sorrio perfeito. Seus cabelos liso escorrido, caí sobre os olhos à todo o momento, tornando-o ainda mais charmoso.

-Será que eu vou ficar presa por muito tempo? - pergunto temerosa.
-Só o juiz dirá.

(...)

Passei os três primeiros dias em uma cela individual até ser transferida para um presídio de segurança máxima. Me senti uma verdadeira criminosa no meio de tanta escolta e vigilância. Se antes eu estava achando aquela vida de presidiária ruim, eu não imagina o que me aguardava. As cadeias brasileiras não são nada parecidas com as americanas que eu acostumava ver em séries. Na verdade, a realidade é bem diferente e assustadora. Fui colocada em uma cela com outras quatro mulheres, que já chegaram me falando que eu teria que dormir no chão porque só tinham quatro colchões, que por sinal eram delas. Nem reclamei, esse nem era um problema para quem viveu na favela por tantos anos.

-O que tu fez, hein? - uma das mulheres que está na cela comigo pergunta.
-Eu não fiz nada. Estou pagando por algo que eu nem sabia.
-Olha aqui meninas - ela grita chamando atenção das outras meninas de outras celas - essa aqui faz cú doce. Diz que não fez nada - ela diz e todas riem.
-Todo mundo diz isso madame - uma outra mulher grita.
-Vamos ensinar para ela que a primeira regra dentro do presídio é não mentir - a minha companheira de cela diz e ri.

Engulo em seco, não é possível que eu já tenha arrumado ums inimiga estando aqui menos de meia hora. Droga, mil vezes droga! Preciso falar com a Ofélia, ela precisa me ajudar. Contratar um segurança para mim, e que ele lute para me colocar em uma cela individual, senão eu não vou durar muito tempo aqui.

(...)

Finalmente consegui uma visita da Ofélia. Depois de eu implorar muito, fazer drama, chorar horrores, ela decidiu vir me ver. Tento me ajeitar da melhor maneira possível, sem chamar muito atenção das minhas companheiras que não vão nada com a minha cara. O carcereiro vem me chamar, e eu caminho saltitante em direção à sala de visitas. Quando entro, vejo Ofélia com um homem jovem e bonito. Meus olhos correm para as suas mãos entrelaçadas sobre a mesa, e a aliança grossa de ouro brilha de longe. Minha filha nem parece a menina que abandonei um tempo atrás. Seu rosto, seu cabelo, suas roupa, e seu corpo, revelam que há muito dinheiro para satisfazer suas necessidades e seus luxos. Paro a minha avaliação para caminhar até a mesa e me sentar de frente para o casal. O semblante dos dois não é um dos mais agradáveis, mas só de terem vindo já é um começo. Resolvo rondar a situação, enrolando um pouco até finalmente chegar onde eu quero.

-Como você está bonita minha filha - sorrio tentando parecer simpática, mas pelo semblante de Ofélia, parece que eu falhei.
-Para de ser cínica Rosângela. Fala logo o que você quer.
-Rosângela? Esqueceu que eu sou a sua mãe? - questiono incrédula.
-Esqueci desde o dia que você nos abandonou.
-Mas parece que você se deu bem - olho para o homem ao seu lado e sorrio.
-Ao contrário de você, não é mesmo? - diz com um sorrisinho irônico.
-Mas me diz, como está minha filha? Você vai cuidar dela? - uma gargalhada estridente se faz ouvir por toda a sala, e eu me assusto com a sua reação.
-Ah me poupe! - Ofélia seca as lágrimas que finge cair após rir muito.
-Porquê você não a trouxe? - no fundo eu sinto saudades da minha bebê. Lembro de quando eu estava gestante, e do quanto eu sonhava em formar uma família com Veday.
-A MINHA filha não vai frequentar lugares como este - o homem se pronuncia pela primeira vez, dando ênfase à palavra "minha".

Respiro fundo. Ok, eu posso sobreviver com isso. De qualquer forma eu não poderia criá-la assim.

-Afinal, o que você quer? - ele pergunta.
-Então, eu queria um favor - dou uma pausa para eles se pronunciarem, mas como não dizem nada eu continuo - eu queria saber se podem contratar um advogado para mim.
-Não - Ofélia diz sem mais nem menos - eu nem acredito que perdi meu tempo vindo aqui - ela se levanta irritada para ir embora, e eu me desespero.
-Por favor filha, eu te imploro. Eu não mereço ficar aqui.
-Primeiro, eu não sou sua filha. Nem eu, nem o Claiton, nem o Naldo, nem a Ambrósia. E o Benjamin também não é o seu neto. A minha família não tem nada a ver com a sua, então não há porque de eu fazer uma boa ação para uma criminosa.
-Mas eu não fiz nada! - exclamo me sentindo indignada.
-Então fale isso para o juiz. Vem Noah, vamos embora.

Ela sai batendo o seu salto no chão, e sem olhar para trás. Meu coração se entristece e eu sou levada de volta para a cela. Meu cálice amargo chegou, e eu vou ter que beber ele inteiro sem a ajuda de ninguém.

Filhinho de papaiOnde histórias criam vida. Descubra agora