XLII Capítulo

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"Quantas vezes somos vitimas de injustiça, além de causar tristeza, é revoltante, mais a justiça dos homens nem sempre é justa... Por isso saiba que por toda injustiça sofrida, Deus irá compensar-se de outra forma... Não esmoreça, não se curve pois o mundo dá voltas".

Ofélia Sousa

Aproximadamente às oito horas da manhã eu estaciono o meu carro na garagem de casa. Eu estou morta, meu ânimo de adolescente já é ultrapassado, pois passar uma noite em claro quase me matou. Mas valeu a pena, pelo menos, por algumas horas, consegui esquecer de todos os meus problemas e aproveitar o momento, e ainda por fim, ganhei uma amiga nova, a Luara. Analiso-me no espelho antes de sair do carro, e dou uma ajeitada em minha maquiagem borrada, pego as minhas coisas e saio do carro. Quando chego na sala de estar, encontro um Noah transtornado, mas antes que ele grite ou faça qualquer coisa, eu caminho em direção às escadas.

-O que você fez com o seu cabelo? Porque ele está mais claro? Onde você estava? Que roupa indecente é essa? Você está louca? Seus peitos estão tudo de fora! Cadê os meus filhos? Você está fedendo álcool! Eu não acredito que você passou a noite na balada e largou os meus filhos nas casas alheias! - ele me bombardeia com perguntas sem me dar a chance de responder ao menos uma.

-Cala a merda da boca! Minha cabeça está doendo.

-Eu não sei o que você está fazendo com as nossas vidas! - ele grita totalmente fora de si.

-Não me culpe por coisas que você também é culpado! - revido no mesmo tom.

-Vai para a puta que pariu! - Noah grita - eu vou para atrás dos meus filhos.

Noah saí do quarto batendo a porta e eu me jogo na cama, do jeito que estava, e em poucos minutos apaguei.

(...)

Passo o sábado inteiro dormindo, acordo às cinco e pouco da tarde, como um pão doce, dou uma olhada em meus filhos, e retorno para a cama, e durmo direto até a manhã de domingo. Minha consciência pesa no dia seguinte, e decido me dedicar aos meus filhos. Acabo acordando super cedo, pois passei o dia anterior dormindo, e resolvo fazer um super café da manhã. Aos poucos as crianças vão acordando, e organizo tudo para que todos comam e depois decido levar todos para a piscina. Noah não deu as caras, soube que estava acordado pois ouvi seus passos no andar de cima, porém como não desceu, também não fiz questão de chamá-lo. Claiton e Naldo se encarregam de ficar com o Benjamin na piscina, enquanto eu ficava olhando-os na beira da piscina com a Amb no colo. O dia estava com um sol gostoso, não muito forte, e com uma brisa leve. Os meninos se divertiam-se na piscina, e eu fiquei brincando com eles do lado de fora, até que me convenceram a entrar. Fiquei um bom tempo com a Amb em meu colo dentro da piscina, e todos nós nos divertimos bastante durante o dia. No fim da tarde, depois de ter feito todos tomar banho, passamos o resto do dia assistindo filmes na televisão. Noah não deu as caras durante o dia inteiro, manteve-se enfurnado em seu escritória, mas antes ele lá, do que aqui para brigarmos. Os meninos perceberam que algo estava errado, comentaram por cima, mas não insistiram no assunto, eu tentei deixar o assunto morrer, eu não queria que se envolvessem em assuntos de adultos, afinal esse B.O é nosso.

(...)

Na manhã de segunda-feira, eu já estava pronta para ir trabalhar quando o Noah entrou em nosso quarto. Fazem duas noites que dormimos em quartos separados, que não nos falamos, mas também não insisti no assunto.

-Vamos para o fórum hoje, é audiência contra o Félix - diz sem nem olhar em meu rosto.

-Como você só me fala agora?

-Sexta você estava muito ocupada na balada.

Respiro fundo, eu não vou discutir com ele, pelo menos não agora. 

-Vamos no meu carro - Noah diz.

-Você vai no seu carro, e eu vou no meu.

-Não... - corto-o.

-Você vai no seu carro, e eu vou no meu - repito calmamente.

Noah bufa, mas concorda. Não trocamos mais nenhuma palavra, e cada um seguimos para o fórum em carros separados. Quando chegamos, o nosso advogado nos esperava, e rapidamente nos explicou a situação. Disse que estávamos bastante favorecidos, pois seria uma audiência dupla, na qual a ex mulher do Félix também estava com um processo em relação à ele. Fiz uma prece silenciosa, pedindo a Deus para que nos ajudasse, esse será a minha única oportunidade de fazê-lo pagar pelo o que fez.

(...)

Foi um dia inteiro enfurnada dentro do fórum, mas ao fim, depois de muitas discussões, civilizadas, o juiz deu a sua sentença.  Oito anos de reclusão, e doze meses de serviço comunitário. Meu plano de gravar um áudio na qual o Félix confessava o que tinha me feito, foi a peça chave para que conseguirmos ganhar a causa, e a ex mulher dele também nos ajudou muito, e ao fim, nós duas saímos comemorando do fórum. Noah não se pronunciou em nenhum momento, somente no fim da audiência, quando agradeceu o nosso advogado. Retornei para a nossa casa, logo após pegar as crianças, que mais uma vez estavam na casa da minha sogra. Quando cheguei, o Noah estava eufórico em frente a televisão, ouvia os seus gritos desde a garagem, porém nem me apavorei achei que estava vendo jogo.

-Papai, porque tu tá gritano? - Ben pergunta quando chegamos na sala.

-Ofélia! - ele grita assim que pouso os meus olhos na televisão.

Vejo um senhor cheio de arrogância sendo apreendido pela polícia. Mesmo em um momento tão horrível, o homem não deixa de manter a cabeça erguida, com um olhar petulante, como se soubesse que não iria passar nem uma única noite  preso.

-Veday estava tentando atravessar a fronteira, pegaram ele! - Noah comemora - finalmente esse pesadelo acabou, estamos livres!

Em um ímpeto nos abraçamos e juntos comemoramos. Parece que em um momento tudo resolveu entrar nos eixos. Porém, quando me lembro nos momentos ruins que passei com o Noah nesses últimos dias, afasto-me dele e caminho até Amb que estava no carrinho.

-Não poderia ter uma notícia melhor para terminar o meu dia - digo rapidamente e subo para os quartos com as crianças.

Faço toda a minha rotina noturna sem esbarrar com o Noah, e quando as crianças já estão dormindo, caminho exausta para o nosso quarto. Para a minha total surpresa, encontro o Noah já deitado em nossa cama.

-Resolveu voltar a dormir comigo? - pergunto levemente irritada.

-Lia - ele senta-se na cama e olha no fundo dos meus olhos - precisamos muito conversar.

-Ok, só vou tomar um banho e já venho.

Pego um pijama qualquer e vou para a nossa suite. Faço tudo da maneira mais lenta que eu consigo, na expectativa de adiar o máximo a nossa conversa. Porém, quando não tenho mais o que enrolar, saio do banheiro e sento-me ao lado do Noah. Ele segura aos minhas mãos em seu colo, e respira fundo antes de começar.

-Precisamos muito conversar, porque do jeito que tá, não vai dar.

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ESTAMOS NOS ÚLTIMOS CAPÍTULOS! PORTANTO, ANTES QUE ME MATEM, SEGUE O CRONOGRAMA FINAL DE FIPA!

XLIII - Penúltimo -> 20/11 Domingo.

XLIV -Último -> 27/11 Domingo.

EPÍLOGO -> 04/12 Domingo

Filhinho de papaiOnde histórias criam vida. Descubra agora