Filhinho de papai

Bônus - Félix Freitas

CRONOGRAMA DE POSTAGEM:

CAPÍTULO ANTERIOR FOI POSTADO NO DIA: 26/08/2016 - SEXTA-FEIRA

CAPÍTULO ATUAL POSTADO NO DIA: 02/08/2016 - SEXTA-FEIRA

POSTAGEM DO PRÓXIMO CAPÍTULO PREVISTA PARA O DIA: 09/09/2016 - SEXTA-FEIRA.

POSTAGEM DE NOVOS CAPÍTULOS TODAS AS SEXTAS-FEIRAS.

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Capítulo dedicado a Vi linda, @vitoriagomes3 , que decidiu o futuro do Félix no nosso grupo do Whatsapp.

SEM REVISÃO

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"Ele pensou que ela fosse uma donzela, presa na torre mais alta. Mal sabia que ela era dona do castelo, do dragão, e de si mesma".

UM ANO ATRÁS

Félix Freitas

Nunca imaginei que investir no ramo da advocacia daria tão certo. Hoje tenho três escritórios enormes e muito bem conceituados por todo o Brasil, o que é um verdadeiro orgulho para os meus pais e a minha esposa. Ah, doce Clarice. Já lhe magoei tantas vezes, precisei que ela quase se divorciasse para eu pudesse aprender a dar-lhe o valor que realmente merece.

-Oi meu docinho, trouxe o seu pão de queijo e os dunuts do Riad – digo ao entrar em casa após um longo dia de trabalho.
-Oi querido, estávamos te esperando, o Riad quer lhe mostrar algo.

Dou um beijo em minha mulher, deposito o saco pardo na mesa da cozinha, e subo para o quarto do meu filho de três aninhos.

-Oi papai! – ele diz assim que me vê.
-Oi Riad – dou-lhe um beijo na testa – a mamãe disse que você tinha algo para me mostrar?
-Sim! Hoje fiz meu primeiro desenho! – diz empolgado.

Riad procura em sua mochila do colégio, e em seguida me entrega uma tela colorida com tinta guache. No desenho, aparentemente, eu vi a nossa família. Eu, Clarice, e Riad.

-Que maneiro filho, eu adorei! Vou entregar para a empregada enquadrar para colocarmos na sala.
-Tá bom papai – diz um tanto decepcionado, e volta a sua atenção para o videogame.

Saio do quarto um tanto decepcionado, eu realmente achei que estava dando-lhe atenção que queria, afinal esse sempre foi um motivo para as minhas brigas com Clarisse.

-Você não sabe ser carinhoso, né? – Clarice diz triste – eu lhe dou mil chances para mudar, e ainda assim você não muda!
-O que eu fiz dessa vez?
-Nada! Esse é o problema, você nunca faz nada!

Caminho em direção à minha carteira e as chaves do carro, vou sair daqui, não mereço ficar ouvindo desaforo de uma pessoa que nem um metro de sessenta tem.

-Se você passar por essa porta você não volta nunca mais! – Clarisse grita.
-Você está louca? Bebeu por acaso? Essa casa é minha! – meu resquício de paciência se esgotara.
-Você ouviu bem. Já não baste ter me traído com meio mundo? Quer fazer seu filho crescer sem pai?
-Eu não estou aqui porra? Compro de tudo para o moleque, pago uma mensalidade que custa uma fortuna para ele passar quatro horas naquele colégio, vivo trazendo coisas para agradar vocês, e eu ainda não sou um bom pai?
-Coisas materiais não são o suficiente Félix. Quantas vezes você disse que ama o Riad? – paro alguns segundos para pensar, e concluo que realmente faz tempo que não digo nada do tipo.
-Mas isso é o meu jeito, eu não sou muito de expressar os meus sentimentos.
-Pois deveria, seu filho ama mais o professor de pintura dele do que você.
-Clarice eu estou perdendo a minha paciência, não me obrigue a...
-Pode bater, bate na minha cara se for homem de verdade. Nenhum machucado que você me deixe vai doer mais do que a dor que sinto todos os dias ao lembrar que me casei com você.

Em um movimento involuntário minha mão voa em direção a face de Clarice, sinto o impacto arder os meus dedos, e segundos depois minha mulher está caída no chão. Seus olhos estão cheios de lágrimas, e sua mão está sobre onde eu acabei de acertar. Quando me dou conta da merda que fiz, caio de joelho ao seu lado, e tento alcançá-la, que foge de mim.

-Não encoste em mim seu imundo! – ela grita.

Minhas mãos vão para o meu cabelo, e o desespero toda a conta do meu ser. Anos atrás eu cometi uma crueldade parecida, ou talvez pior, esse pesadelo me assombrou por meses e meses, eu sempre temi o dia que aquela mulher me denunciasse. Felizmente nada aconteceu, mas algo dentro de mim disse que dessa vez eu não sairei impune.

-Eu estou indo embora dessa casa – ela se levanta do chão e seca o seu rosto – você vai pagar por tudo que fez eu e meu filho passar durante todos esses anos.
-Você só pode estar ficando louca! Você não vai sair daqui! – grito totalmente exaltado.
-Tenta me impedir, que eu chamo a polícia e você sai daqui enquadrado.

Fico estático enquanto ela se dirige para o andar de cima. Acompanho o seu olhar até encontrar Riad ao pé da escada chorando. Droga, ele viu tudo! Praguejo vários palavrões baixinho, e tento imaginar soluções para sair dessa impune. Mesmo do meu jeito estranho, eu gosto da Clarice e do Riad, acontece que quando eu perco a paciência eu acabo fazendo coisas que não consigo controlar, apenas faço, sem pensar nas consequências.

Minutos depois Clarice desce as escadas com Riad no colo e algumas malas, vejo pela janela que um táxi a espera, e ela coloca o Riad no banco de trás e o motorista pega as suas malas. Ela retorna para casa e desce novamente com mais duas malas gigantes. Mas antes de sair, ela olha para mim, com o olhar mais frio que já vi nos olhos da minha doce Clarice.

-Espero que você coma essa aliança – ela joga sua aliança em meu rosto – se prepare para perder tudo – ela ri.
-Para de brincar com essas coisas – digo sério.
-Nos vemos no tribunal Félix.

NOS DIAS ATUAIS

Quando Clarice disse que me tiraria tudo eu não imaginei que ela estava falando sério. Tanto seus pais, como ela mesma, não pouparam esforços para tentar arrancar todo o meu dinheiro. Felizmente, fui mais esperto, como sempre! Transferi tudo que eu tinha para a conta de um amigo, e quando todo o processo acabou, o juiz determinou apenas uma ajuda de custo mensal para o Riad. Falando nele, eu nunca mais o vi. Confesso que tentei algumas vezes, até buscar ele na escola, mas nunca consegui, Clarice proibiu qualquer contato meu com ele. Mas o engraçado que o meu dinheiro ela quer, né?! Quando todo o processo na justiça se encerrou, esse meu amigo transferiu todo o dinheiro para a minha conta novamente, e eu segui com a vida, agora solteiro. Eu não sei como passei quase quatro anos casado, eu hein, tudo é tão mais fácil agora. Não devo satisfações para ninguém, e o melhor de tudo, eu fico com quantas mulheres eu quiser, do jeito que eu bem entender. Puta tesão!

-Sr. Freitas, sua próxima reunião é na Lusitano. A grande empresa no ramo do hipismo, e nessa tarde podemos fechar um contrato milionário com ela.
-Obrigado, já estou saindo – Minha secretária sai da minha sala, e eu visto o meu paletó para acompanhá-la.

Vamos para a Lusitano, e eu tento ser o mais formal possível. Quem nos atende é o dono da empresa, Sr. Gustavo Sousa, e ele me informa que a reunião é provisória pois quem decide o fechamento do contrato é sua nora e seu filho, que são os presidentes da empresa. Isso me deixa um pouco decepcionado, pois tinha a esperança de sair daqui com uma quantia milionária no bolsa garantida, mas tenho calma. A reunião decisiva está marcada para daqui vinte dias, que é quando o casal presidente retornam de férias. Até lá, preparo todas as minhas propostas, com os melhores argumentos possíveis, eu vou fechar esse contrato, ou eu não me chamo Félix Freitas.

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