Filhinho de papai

XXIX Capítulo

Noah Sousa
-Eu não estou sabendo lidar com isso - digo à Lia no corredor da casa dos meus pais.
-Calma amor - ela alisa meu peito - eu estou aqui com você.

Roubo um selinho dessa mulher maravilhosa, e respiro fundo para voltar à sala, onde agora, está toda a minha família. Sento-me no sofá de dois lugares, e Lia senta-se ao meu lado com meu filho no colo. Eu fico brincando com o Benjamin, enquanto meu pai não se pronuncia.

-Eu queria pedir desculpas - meu pai começa a dizer e seus olhos se enchem de lágrimas - eu não pude fazer nada, me desculpem.

Meus olhos idiotas se enchem de lágrimas assim como os olhos dos meus irmãos e minha mãe. Agora eu consigo entender tudo, agora eu consigo ficar em paz. Sei que tenho meu pai de volta. Já fiz tanta merda na minha vida, já fui tão rebelde, e pensar que meu pai tinha falecido levando essa péssima imagem de mim, me matava de decepção. Não consigo controlar meu impulso, quando dou por mim, estou nos braços do meu pai, e choro feito um menininho. Ele me abraça forte e suas lágrimas molham minha camisa, e logo toda família estava em um abraço coletivo.

-Eu amo vocês tanto! - meu pai diz.
-Nós também te amamos, meu amor! Nós acreditamos em você - minha mãe diz e nós concordamos. 

Almoçamos em família pela primeira vez após tanto tempo. Todos estavam alegres, minha mãe principalmente. Parecia que a casa tinha ganhado cor novamente. Só quem já perdeu alguém querido, sabe o como é difícil beber o cálice amargo do luto, mas infelizmente é algo que todos nós vamos passar.

Gustavo Sousa
Eu nunca imaginei que conseguiria sair dessa com vida. Mas minha família foi minha principal motivação. Me doía tanto ter que sacar valores absurdos da conta da Lusitano, saía do banco com o coração destruído. Pensava em minha mulher, em meus quatro filhos, e em minha netinha que está para chegar. Eu me perguntava, perguntava para Deus, o porquê de eu estar passando por isso. Santo? Não sou. Mas nunca fiz mal para ninguém! Não consigo entender a crueldade do ser humano. Agora me sinto feliz, estou ao lado de todos que amo, não me aguento de felicidade! Não diria, pelo menos não agora, que me sinto realizado. Eu quero justiça! Eu quero que todos aqueles infelizes paguem pelo que fizeram. Sei que os danos nunca serão reparados, mas o que é certo deve ser feito. A única coisa que me tira a paz é tentar descobrir quem está por trás disso tudo. Não consigo entender, não consigo imaginar quem seja.

Hoje foi um dia feliz. Depois de tantos dias de tristeza, medo e desespero, tive um dia ao lado dos que eu amo. Já são onze e pouco da noite, fiz questão de passar no quarto da Alícia e do Enzo e colocá-los para dormir. Tudo bem que meus filhos não são mais tão novinhos assim que precisem de ajuda para dormir, mas estava com tanta saudades. Queria que o Noah e o Henry ainda morassem conosco, só para ter aquela sensação de tê-los em baixo das minhas asas. Mas sei que o que o tempo fez com meus garotos, que agora já são homens, eu não posso reclamar. Noah foi a minha maior surpresa. Nunca imaginei que o menino mimado que vi dá última vez estaria tão mudado hoje. Mais maduro, mais homem, pai, comprometido, e ainda com uma família linda e enorme. Orgulho é pouco! Ele acolheu todos os meninos com tanto amor, vi o jeito que ele e Benjamin se tratam e quase morri de orgulho. E ainda tem mais, saber que Ofélia é a minha nora me deixa ainda mais feliz. Sei que é uma mulher do bem, que vai cuidar muito bem do meu caçula.
Tomo um banho na suíte principal, e depois me deito na cama que Melissa já estava. Ela guarda o livro que estava lendo e deita em meu peito. Cheiro seus cabelos, e beijo sua mão. Quantas saudades eu senti da minha mulher!

-Eu senti tanta a sua falta querido - ela diz manhosa - fiquei em depressão, preferia morrer do que viver sem ti.
-Xii amor, já passou. Eu estou aqui e isso não vai mudar tão cedo.
-Guto, eu sei bem que essa história ainda não foi resolvida. Sei que isso ainda vai dar muito o que falar.
-Só não vamos pensar nisso agora, vamos aproveitar para matar a saudade. Estou louco para tê-la para mim.