Capítulo 6 - Um novo mundo

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Estar com James, me traz a sensação de ter acabado de nascer. Essa é a melhor frase para eu conseguir descrever como é fazer parte da vida de um ser tão único como ele. Sempre que possível nós almoçamos juntos. Ele também me acompanha em minhas caminhadas diárias na entrega de documentos que eu faço em meu trabalho. Ás vezes ele me leva até em casa com sua moto, que verdade seja dita, é muito veloz o que me dá medo. Mas eu confio nele. E todo o minuto em que estamos juntos me proporciona uma felicidade que eu achava impossível existir. É claro que nem tudo são flores. Ele continua sendo tão misterioso quanto no começo dessa nossa relação. Ás vezes ele passa uma semana inteira sem sequer me ligar, ele simplesmente desaparece. Eu fico meio desnorteada, pensando no que eu posso ter feito para afastá-lo, mas aí ele retorna, com um sorriso no rosto e um olhar culpado e tudo fica bem novamente. Não é como se nós estivéssemos namorando, por isso eu não acho certo questioná-lo sobre esses sumiços, e eu nunca ligo ou mando mensagem para ele. Sempre que nos encontramos, isso parte dele. Si diz que eu estou agindo da maneira certa. Só que ás vezes, penso que terei que amarrar minhas mãos, para não ceder a vontade de ligar para ele, só para ouvir sua voz. Com a volta as aulas, nossos encontros ficaram mais escassos, pois eu tenho que sair do trabalho e voar para a escola, para não chegar atrasada. Mas eu tento compensar isso de alguma forma, então quando nos vemos na hora do almoço, a comida em si é a ultima coisa na qual eu penso em encostar minha boca. É simplesmente impossível desgrudar meus lábios dos lábios macios dele. Eu sei que ele não vai se contentar para sempre com beijos, mas quero adiar esse momento inevitável do sexo, enquanto eu puder. Já fazem quase três meses que estamos juntos, então eu sinto que a hora derradeira irá chegar mais cedo do que eu espero. Afora essas preocupações que James não faz ideia, tem também outras coisas que me preocupam. James tem inúmeros amigos, um mais lindo que o outro, e tem também amigas que fazem jus ao seu padrão de amizades, elas são verdadeiras beldades. Luna, foi só a ponta do iceberg. Ele me apresenta a sua tribo de amigos sempre que algum deles nos encontra na rua, e é sempre estranho. Ele não me apresenta como uma amiga, nem como uma namorada. E eu me sinto extremamente deslocada, não só por ele não deixar explícito que estamos juntos, mas por estar tão distante dos padrões de beleza na qual ele é cercado. Pelo menos todos são bem legais comigo, mas eu sempre tenho a impressão de que as garotas que ele conversa sentem algo a mais por ele. Pudera, como não se apaixonar por um cara tão lindo, engraçado e gentil? Sim, tem ainda mais essa. James é extremamente gentil. Ele conversa com moradores de rua, dá dinheiro e comida a eles, sempre que pode, ajuda velhinhas no supermercado, está sempre disposto a ajudar alguém. Em minhas orações noturnas, eu sempre pergunto a Deus, se sou mesmo merecedora desse garoto.

- Eve? – A professora de matemática chama, me encarando por cima dos seus óculos de armação antiga. – Pode nos dar a resposta do exercício?

Pisco, e olho para os lados, pedindo socorro as minhas amigas. Desde que voltei a escola, tenho estado totalmente desatenta, desligada, pois meus pensamentos ficam a todo momento divagando sobre James. Keira, que eu considero uma de minhas melhores amigas, faz um gesto quase imperceptível com as mãos, então eu consigo entender sobre qual exercício a professora esta falando. Acho que sou amiga de Keira desde o jardim de infância, então tantos anos de convivência, faz com que qualquer gesto, ou até um olhar, seja suficiente para nos entendermos. Folheio meu caderno e acho o exercício que está em branco, pois mais uma vez eu não fiz o dever de casa, pois gastei todo meu tempo vago com James. Como sou uma boa aluna, consigo calcular rapidamente em minha cabeça, e dou a resposta em voz alta, para a tristeza da professora, que ama esculachar os alunos. Não desta vez, senhora.

- 361 – digo e vejo o olhar da professora se apagar.

- Está correto, Eve. Obrigada – ela murmura, e se volta para outro aluno, na esperança de alguém dizer alguma resposta errada e ela ter com quem brigar. Percebo uma folha de papel sobre minha mesa. Abro a folha e me deparo com a caligrafia impecável de Keira. Se ela não fosse tão minha amiga, eu morreria de inveja dela, como todas as meninas tem. Ela tem um corpo perfeito, mesmo só tendo 15 anos. Seu cabelo sempre foi longo, encaracolado, num tom de loiro natural. Ela tem traços delicados, uma pele lisa e clara como porcelana. Ela é praticamente perfeita, e andar com ela não me traz muitos benefícios, pois minha falta de beleza se destaca ainda mais. Mas o que eu posso fazer se ela é realmente legal, e se tornou quase uma irmã para mim? Leio o bilhete.

Esta não é uma história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora