Capítulo 22 - Notícia inesperada

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Eu desisti de esperar por James. Já se passou muito tempo desde que ele desapareceu. Eu sei que ele deve estar bem, pois se alguma coisa ruim tivesse acontecido, com certeza eu saberia. Notícias ruins chegam rápido, é o que minha avó diria. E por mais que eu relute em aceitar, estou gostando da companhia de Willian. Ele faz com que eu me sinta menos... imunda. Eu já dormi com um número grande demais de homens, já bebi até cair diversas vezes (tipo, quase todo final de semana), e estar com alguém que já fez tanta merda na vida quanto você, te faz automaticamente se sentir melhor. E Willian é esse alguém. Ele já deve ter dormido com quase todas as mulheres da cidade, sem contar das cidades que ele morou anteriormente. Ele deve ser a única pessoa no mundo, que não pode se incomodar com meu passado não tão distante assim. E o mesmo vale para mim, não tenho o direito de me importar com o passado dele também. Nós nos combinamos. Somos podres iguais. A única diferença entre nós, é que ele é realmente um babaca. Mas eu não posso o culpar por isso. Rico, novo, e muito bonito. Não é uma combinação muito justa. É isso que o faz ser tão cheio de si, como um pavão. Só que é uma droga, eu me sentir embevecida por estar na companhia dele, e por ser considerada pelas demais pessoas, sua namorada oficial. Sidney fica extremamente perturbada por eu estar saindo frequentemente com ele. E de uns meses pra cá, ela tem andado muito estranha comigo. Ao mesmo tempo, sua mudança abrupta parece estar relacionada com algum problema pessoal. Ela sempre parece estar numa terrível indecisão, mas não se abre comigo. Parece que estou de alguma forma perdendo minha amiga, mas não sei o que fazer para evitar.
Está um sábado ensolarado, um típico dia onde as pessoas saem de suas casas, e vão fazer compras, tomar um sorvete, qualquer coisa é válida. Me obrigo a afastar esses pensamentos, e dar a devida atenção a Peter, que eu resolvi trazer até a sorveteria, para um passeio. Meu irmãozinho realmente cresceu. Mas não importa quanto tempo passe, eu nunca vou esquecer seu rostinho de criança coberto com lágrimas, impedindo que eu fizesse uma enorme besteira.

- O que foi, Eve? – Peter pergunta, e faz uma careta, percebendo que eu estou olhando fixamente para ele.

- Nada – eu respondo, sem graça. Passo o braço sobre a mesa, e limpo o canto da sua boa de onde escorre sorvete. – Você ainda se suja todo pra tomar sorvete.

Ele sorri.

- Minha marca registrada – ele brinca, e da mais uma investida em seu sorvete, se sujando todo mais uma vez.

- Sabe... – eu começo, ficando ainda mais sem graça por pedir conselhos ao meu irmão bem mais novo. – Eu conheci um cara... Ele é legal até, tirando o fato de ser babaca ás vezes... E...

- E... ? – Peter me incentiva.

- Eu acho que gosto dele.

- E ele gosta de você?

- Ah, acredito que sim.

- Então, não entendo onde você quer chegar. Qual é o problema, se vocês dois se gostam?

Ah Peter. Queria que fosse simples assim. Já que comecei meu desabafo, vou terminar. E Pete ás vezes parece tão sensato quanto Si, que no momento está fazendo uma falta danada em minha vida.

- O problema, é que antes desse cara, tinha outro. E desse outro eu realmente gostava, demais. Mas nós não ficamos juntos, e eu tenho a sensação de que se eu seguir em frente, namorar outra pessoa, vou colocar um fim na nossa história. E eu não sei se quero isso. Não sei se um dia vou querer isso.

Peter me olha aparentemente confuso. Pudera, ele ainda é só uma criança, como pode entender sobre problemas de amor. Estou prestes a falar pra ele esquecer tudo o que eu disse, quando ele coloca seu sorvete de lado, e me encara seriamente, aparentando assim o dobro de sua idade.

Esta não é uma história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora