JAMES
Uma batida no vidro do carro, chama minha atenção. Sonolento, abro meus olhos, e me deparo com Eve ainda nua, adormecida e envolvida em meus braços. Dessa vez, não foi apenas um sonho.
- Polícia! Saiam do carro com as mãos para cima – alguém grita do lado de fora. Mas que merda é essa?
- Eve, acorde – eu sussurro. Ela abre os olhos, e sorri para mim. Não tenho como não sorrir de volta. Ela é perfeita.
- Saiam agora do carro – o homem grita novamente. Eve arregala os olhos, e tenta em vão cobrir seu corpo com as mãos.
- Relaxa, meu carro tem vidros fumês. Mas é melhor sairmos logo daqui – eu digo, enquanto visto minhas roupas apressadamente. Ela faz o mesmo, mas uma batida muito forte no vidro, faz com que eu resolva sair, sem ter vestido minha camisa. Eve sai atrás de mim, descalça e com o vertido do avesso. Minha visão fica um pouco embaçada devido ao sol, que nos saúda fortemente. Mas assim que consigo focalizar, vejo um policial com cara de poucos amigos nos encarando. Ele me parece vagamente familiar. Ele anda até a viatura, e pega uma espécie de rádio transmissor.
- O que vocês estavam fazendo aqui – ele grita, e olha para minha falta de roupa e para o vestido do avesso de Eve, aparentemente deduzindo tudo. Ele não pode nos prender por estarmos, bem, transando dentro do carro numa rua isolada. Ou pode?
- Nós.. Estávamos... – começo.
- Sargento Marshal? – Eve pergunta, me interrompendo. Ela na verdade parece feliz, não assustada, como eu. E então eu me lembro de uma certa noite... Da noite em que fui o cara mais feliz do mundo, por Eve ter se entregado a mim, atrás do velório municipal.
O policial nos encara de sobrancelhas franzidas, mas depois sua dura expressão se transforma num sorriso. Ou o mais próximo de um sorriso, que ele consegue dar.
- Vocês dois – ele murmura, num tom saudoso. – Não acredito. Vocês ainda estão juntos.
Não foi exatamente uma pergunta, mas Eve me olha de um modo, parecendo querer uma resposta. Procuro sua mão e depois de a apertar firme, respondo o policial.
- Estamos juntos, sim. Sempre vamos estar.
- E vocês ainda não entenderam, que sexo em locais públicos é crime? – ele diz, mas o quase sorriso em seu rosto, deixa claro que não é propriamente uma ameaça.
- Essa rua não é um local público – Eve diz, e sorri para o policial.
- Então porque diabos ligaram, informando sobre dois veículos abandonados aqui? - ele pergunta, e balança a cabeça. – Andem, tratem de ir embora daqui, jovenzinhos imprudentes.
- Vai ser meio difícil, pois meu carro não está funcionando, e o de Eve está sem gasolina e trancado – eu digo, e dou de ombros.
- Vocês dois não existem. Vou dar uma ajudinha, coisa que eu não deveria fazer – Marshal diz, e se encaminha até meu carro.
Depois de quase uma hora, após ele descobrir o problema do meu carro e arrumar, passar gasolina da viatura para o carro de Eve, e com uma chave mestra de uso exclusivo da polícia destrancar o carro de Eve, estamos prontos para ir embora.
- Valeu, mesmo – eu digo enquanto Eve assente, o olhando com seu sorriso maravilhoso nos lábios.
- Não precisa agradecer. Mas me prometam que vão parar com essa mania. Algum dia vocês vão topar com algum policial que não será tão bonzinho como eu – Marshal diz e tenta fazer uma expressão séria, que não funciona pois ele acaba rindo. Ele parece muito mais velho que da última vez que o vimos a anos atrás. Isso só mostra como Eve e eu desperdiçamos tempo, sem estarmos juntos.
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Esta não é uma história de amor
Storie d'amoreEve é uma adolescente comum. Sem grandes perspectivas acerca do futuro, ela leva uma vida monótona, e secretamente se pergunta se um dia alguém irá se interessar por ela. Até que um dia, de uma maneira nada convencional ela se vê estranhamente atraí...