Da dor, nasceu uma improvável amizade. No fatídico dia em que Luna me contou sobre James ter ido embora com Stella, eu desmaiei, porque minha pressão caiu numa velocidade impressionante. Acordei no hospital, e quem estava ao meu lado segurando minha mão? Luna. Daquele dia em diante parece que algum tipo de laço invisível se fez entre nós. Sem combinarmos nada, começamos a almoçar juntas no tal do banco onde beijei James, na praça central. No começo não conversávamos muito. Ficávamos ali, absortas em nossa dor, provocada pela ausência James. Eu não queria perguntar nada sobre ele, mas Luna achou melhor falar. Então ela me contou, como ele ficou feliz quando eu adicionei ele em minha rede social, e como ela ligou os fatos e entendeu que na verdade eu fui até seu trabalho descobrir algo sobre James, e ficou furiosa. Contou como ele parecia infeliz enquanto estava com Stella, e depois de me conhecer a tristeza dele foi substituída por alegria. Tais revelações só me faziam ficar ainda mais triste. Ela disse que ele realmente gostava de mim, e ia largar Stella. Ela disse, que quando recebeu a mensagem dele, dizendo que ia fugir com Stella, dizendo que sentia muito, e que era para ela se certificar que eu ia ficar bem, ela achou que fosse uma brincadeira dele. Mas não era. James não faria esse tipo de brincadeira. E a seriedade do que ele fez, só se certificou conforme os dias foram passando, e nenhuma de nós teve notícias dele. Luna me contou também, que sempre foi apaixonada por ele, mas que quando viu o quanto ambos estávamos felizes, sentiu que aquilo era o certo. Eu e ele. Ela disse que conseguiu gostar dele apenas como amigo. Nessa parte eu não sei se acredito. O fato é que eu tenho tentado ser forte. Si também tem me ajudado um bocado. Apesar de eu achar que só Luna me entende, por ela gostar de James tanto quanto eu, Si é a expert em decepção amorosa. Ela vive me dizendo que ela é a prova viva de que decepção não mata. Só te deixa ainda mais esperta, para o próximo namorado otário não despedaçar seu coração. Não totalmente pelo menos, é o que ela afirma. Mas só Deus sabe como tem sido difícil. Desenvolvi uma paranoia ridícula de ficar ligando para James. Seu celular sempre dá caixa postal. Mas é o único jeito que eu tenho de ouvir sua voz.
"Hey, você ligou para mim, deixe seu recado. Ou melhor, não deixe, pois, eu provavelmente não irei ouvir. "
Perdi a contas de quantas vezes eu sorri e chorei ao mesmo tempo ao ouvir ele dizer essa frase em sua caixa postal. A ausência dele dói, como se eu tivesse levado um tiro. Não sei como é levar um tiro, mas deve doer desse jeito. Na escola, numa aula vaga, eu finalmente decidi contar as minhas amigas o motivo da minha depressão. Nat, não pareceu muito abalada pois ela já está meio calejada nessa história de sofrer por garotos. Laura, balançou a cabeça negativamente, sem parar, murmurando o quanto queria dar um monte de socos na cara de James. E Keira, a linda e meiga Keira, chorou, até não lhe restar mais folego, me abraçando, e dizendo que tudo ia ficar bem, e que eu jamais merecia passar por isso. De uma coisa eu não posso reclamar: Eu tenho ótimas amigas.
Aos poucos eu vou conseguindo juntar os pedaços do meu coração. Sei que é um trabalho lento, e que talvez sempre irão ficar alguns pedaços faltando. Mas eu me esforço. Desenvolvi uma rotina, como diz Si, um pouco "modo zumbi". Ela ama dar nomes para um monte de coisas. E agora, que ando mais em sua companhia, pois ela insiste em me levar para quase todo o canto, percebi que a coisa que ela mais ama é dar nome aos cachorros de rua. Ficar observando o modo de agir de outras pessoas é que não me deixa esquecer como eu devo agir também. Ás vezes penso que esquecerei como se fala, como se anda.... As coisas não andam fazendo nenhum sentido para mim. Meus pais parecem alheios a minha existência, perdidos em seus próprios problemas. Quando apareço em casa, geralmente tarde da noite, quando chego da escola, percebo a luz do quarto deles acesa, seus sussurros, ás vezes uma palavra sai um pouco mais alta, e sempre que eu tento entender sobre o que estão falando, eles parecem perceber minha chegada, e a luz é apagada e não escuto mais nada. Devo ter perdido uns 8 quilos nessas 6 semanas. Ás vezes ainda acho que James estará me esperando na saída do trabalho ou da escola. Ás vezes pego meu celular achando que ali terá uma mensagem dele. Seu perfil na internet foi deletado. Portanto não há nenhum meio de eu me comunicar com ele. Covarde! Sequer teve coragem de me dizer adeus. Fez eu acreditar que tinha me escolhido, que íamos ficar juntos e felizes, e no dia seguinte deixa essa bomba cair sobre minha cabeça.
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Esta não é uma história de amor
RomanceEve é uma adolescente comum. Sem grandes perspectivas acerca do futuro, ela leva uma vida monótona, e secretamente se pergunta se um dia alguém irá se interessar por ela. Até que um dia, de uma maneira nada convencional ela se vê estranhamente atraí...