Capítulo 8 - Encrencados

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Sempre existe aquele momento na vida, onde por mais que se procure uma solução, a única coisa que vem à mente é: O que eu faço? Então, é exatamente assim que me sinto nesse momento. Começo vestir alguma roupa o mais rápido possível, enquanto os gritos do policial se tornam mais altos e agressivos.

- Temos que sair logo daqui – eu sussurro. – Ou esse policial vai, sei lá, atirar em nós.

James apenas assente. Ele está apenas de camisa e cueca, e olhando ao redor, não vejo sua calça. Olho para mim, e percebo que vesti minha camiseta do avesso, e não há tempo de fazer mais nada. Sequer calçar meu tênis.

-Vamos – eu digo, tentando aparentar alguma coragem.

Quando alcançamos a rua, um feixe bem forte de luz é posto em nossos rostos. Seguro a mão de James e percebo que ela treme tanto quanto a minha.

- Mãos para cima. Agora! – O policial grita.

Erguemos as mãos, enquanto a luz passa de nossos rostos para nossos corpos.

- Mas que diabos vocês estavam fazendo? – O policial pergunta, provavelmente percebendo o estado de nossas roupas, e no caso de James, a ausência delas.

- Senhor – James pigarreia, sua voz tremula. – Nós estávamos apenas... namorando um pouco.

- Atrás do velório? – o homem pergunta, parecendo achar graça. Ele baixa a lanterna para o chão, e assim eu consigo enxerga-lo. Ele é um homem baixo, e parece ainda mais atarracado devido ao volume da farda policial.

- Nós podemos apenas pegar nossas coisas? – pergunto, num tom de voz contido, tentando demonstrar respeito.

- Rápido! E terminem de se vestir também – o policial grita. Em sua farda está bordado Sargento Marshal. Rapidamente James e eu juntamos nossas mochilas, achamos a calça dele, e calçamos nossos tênis. De volta a companhia nada agradável do sargento Marshal, somos conduzidos até a viatura policial, que nos olha com desconfiança.

- Então, agora me digam, o que vocês realmente estavam fazendo aqui, uma hora dessas? Estavam furtando? Usando drogas? O que? – O Sargento pergunta, enquanto revista James, e nossas mochilas.

James está pálido, até suas bochechas sempre rosadas perderam um pouco a cor. Me vejo obrigada a tomar frente na situação.

- Sargento, como meu... – devo falar namorado? Ah, que se dane. – namorado já disse, estávamos apenas, namorando um pouco... Se é que o senhor entende.

Ao despejar minha mochila várias apostilas da escola caem, e o sargento me encara, e no mesmo instante eu entendo que ele desconfia que eu deveria estar na escola.

- Você estuda? – Marshal pergunta.

- Sim, senhor – eu respondo, sem outra alternativa a não ser mentir. – Na parte da manhã.

- E porque você decidiu trazer todo o seu material escolar até esse lugar tão peculiar, que você e seu namorado escolheram para... namorar?

Olho para James, pedindo ajuda.

- Senhor... – James começa, me olhando de uma forma desesperadoramente linda. – Acredito que isso seja irrelevante. Não estávamos fazendo nada errado, a não ser...

- Isso é relevante sim – o sargento o interrompe. – Se a mocinha aqui estuda, seja no período diurno, ou noturno, significa que ela tem quantos anos?

- Dezoito – murmuro.

- Hum.... Maior de idade, e cursando... – O sargento pega uma das apostilas, onde está escrito bem grande, PRIMEIRO ANO – ENSINO MÉDIO, e mostra para nós dois. – Repetiu de ano muitas vezes então.

Esta não é uma história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora