Esta não é uma história de amor

Capítulo 31 - A escolha

Eu havia conseguido sobreviver com a ausência de James em minha vida. Por seis longos, e terríveis meses. Eu fingia estar feliz, fingia que estava tudo bem. Mas só eu sei, pelo que passei. Só eu sei como passei noites inteiras sem conseguir dormir, noites em que eu não sabia se o mal-estar que eu sentia era pela gravidez, ou se era por estar tão distante de James. Eu sofri em silencio. Ele havia feito a escolha dele, e eu não o julgava por isso. Afinal, Andy precisava dele, talvez mais do que eu. Mas por diversas vezes, eu me pegava pensando o que teria acontecido se eu tivesse falado sobre a minha gravidez para ele em nosso último encontro. Será que ele teria ficado comigo? Eu não consegui contar por medo de que ele continuasse firme em sua decisão de me deixar, mesmo sabendo da possibilidade de ter um filho dele dentro de mim. E assim, eu deixei ele partir. E por vergonha, orgulho, ou algum outro sentimento, eu não fui atrás de Willian. Eu realmente achei que ele viria atrás de mim, pois ele sim, sabia da minha gravidez. Mas ele não apareceu. Minha constante companhia eram Sidney e Richard. Meus pais não aceitaram bem a notícia da minha gravidez, visto que eu não sabia dizer se Willian era o pai da criança. Mas como o esperado tive total apoio de Peter. E assim, focada no trabalho, com uma constante máscara de felicidade, eu sobrevivi. Até o dia do meu acidente.

Naquele dia, eu ainda não havia sentido nada de diferente a não ser os costumeiros enjoos, que já faziam parte da minha rotina. Eu estava no meu carro, voltando de uma reunião numa fábrica, onde eu estava trabalhando num caso que parecia ser promissor. E foi então que senti uma dor lancinante em minha barriga. Eu não havia ficado tão apavorada no início, até que eu vi o sangue manchando minha calça, numa quantidade enorme demais, para ser considerado algo normal. O desespero me engolfou. Sem noção alguma, eu larguei o volante, e levei as mãos a barriga, mas eu permaneci com o pé no acelerador. E num piscar de olhos, o mundo girou, enquanto meu carro capotava. Eu não lembro do que aconteceu depois disso. Apenas me lembro, de desejar do fundo do coração que meu filho estivesse a salvo. E de um desejo na mesma proporção de que James estivesse ali comigo. Quando acordei, era Willian que estava ao meu lado.

- O bebê – eu disparo, e Willian me tranquiliza sorrindo. Suspiro de alívio. Mas então, algo na expressão dele fica sombrio, e ele parece saber, que meu segundo pensamento é sobre James. E o desejo de que ele estivesse ali, no seu lugar.

- Sidney ligou para ele – ele diz, sem querer mencionar James. Por favor, diga que ele está vindo. – Mas... Acho que ele não virá.

Eu não queria escutar. Não queria saber, que mais uma vez, James havia escolhido Andy, ao invés de mim. Fiquei olhando para Willian, seu cabelo despenteado, seus olhos vermelhos. Será que ele havia chorado? Por mim?

- Eve – ele continua. – Eu fui um idiota. Eu não devia ter te abandonado. E eu não me importo se você não sente por mim, o mesmo que eu sinto por você, ou que essa criança não seja minha... Me deixa apenas cuidar de você. Ficar com você. Me deixa assumir essa criança. Por favor, Eve.

Sinto as lágrimas em meus olhos, antes mesmo de digerir o que Willian está dizendo. Eu tinha que escolher? Entre ter uma vida com Willian, que sempre esteve ao meu lado nos meus piores momentos, e que podia me ajudar a dar um bom futuro essa criança, ou entre passar a vida esperando por James, que talvez nunca iria voltar para mim? A escolha era simples. Mas porque era tão difícil dizer sim a Willian, e não, para James?

- Eu estou aqui, Eve, praticamente implorando para você aceitar se casar comigo – ele insiste perante minha incapacidade de dizer alguma coisa. Seus olhos começam a marejar. – Não me rejeite dessa vez.

Então, eu fiz a escolha mais difícil da minha vida. E renunciei ao fantasma de James.

- Eu aceito – murmuro.