Capítulo 24 - Uma nova vida

438 33 23
                                    

- James não sabe da existência de uma coisinha chamada camisinha? - Sidney pergunta, após ter convencido Willian a ir embora, enquanto se senta ao meu lado no chão do quarto. Apesar de me sentir totalmente vazia, depois de tanto chorar, de alguma forma eu consigo dar risada.

- Só você pra me fazer rir num momento como esse - eu digo e dou uma fungada, me aninhando nos braços de Si.

- Eu faço meu melhor. Bom, na verdade não tenho feito muita coisa boa ultimamente. Eu deveria ter te contado desde o início. Não sei o que me deu. É claro que ele não ia te rejeitar. Não antes desse lance de gravidez - ela diz, enquanto me abraça forte.

- Esqueça. As coisas acontecem como tem que acontecer. Está na hora de eu dar um rumo diferente em minha vida.

- Uma nova vida ao lado de Willian? - Si pergunta, e mal consegue conter seu suspiro. Não sei se pelo fato de eu ficar com Willian, ou pelo cansaço. Afinal, já deve estar quase amanhecendo.

- É minha única alternativa - murmuro em resposta.

- Não, Eve. Você não precisa de alguém pra se reerguer. Você pode fazer isso sozinha. E você ainda tem a mim, que não vale muita coisa, mas é melhor que nada.

- Você é a melhor amiga que alguém poderia ter, sua boba. Mas nisso você está enganada. Eu preciso de alguém. Eu tenho... tenho medo de ficar sozinha e fazer alguma bobagem. Essa dor que eu sinto quando fico só...

- Eu sei, querida. Não se esqueça, eu já senti isso - ela me interrompe, ficando triste de repente.

- Mas você tem o Rich agora. E ele deve me odiar, por ficar te alugando tanto assim.

- Na verdade, eu falei pra ele que nós podíamos te adotar. Ele até que gostou da ideia - ela diz, e nós duas começamos a rir.

- Obrigada Si, de verdade. Mas agora é melhor você ir. Eu vou ficar bem.

- Você promete?

- Prometo - respondo, me forçando a acreditar nisso.

Mas conforme os dias vão passando, vou me sentindo cada vez mais sugada para dentro de um buraco negro. E eu não tento resistir. Algumas pessoas, principalmente as mulheres, me chamariam de louca, por não valorizar tudo o que Willian tem feito para mim. Ele tem sido amável, solícito, romântico... Tudo que toda mulher sonha. Mas ele não é James. Antes era tão fácil ficar com ele, pois eu cogitava a hipótese de James voltar, e quando isso acontecesse, eu não hesitaria em correr de volta para ele. Pois para mim, Willian não tinha sentimentos, só um desejo infindável por sexo. Mas agora, eu sei que James não vai voltar. E também sei que Willian gosta de mim, de uma maneira que eu talvez nunca poderei corresponder. A cada dia que passa, eu me sinto mais entorpecida pela chegada da data de casamento de James. Luna me contou quando seria. Virou uma espécie de vício, riscar no calendário, dia por dia.

E então, a data chega.

Acordo gritando, ofegando e suada. Pego meu celular, e com a visão embaçada pelas iminentes lágrimas, vejo a hora. São 4 da manhã. Daqui a exatamente 6 horas, James vai se casar. A dor... é sufocante. Levanto e me jogo no chuveiro, de roupa e tudo tentando me acalmar. O que parece resolver um pouco. Volto para cama, e sem nenhuma noção do que estou fazendo, me enrolo em minhas cobertas, ainda com meu pijama molhado. Coloco meus fones de ouvido, e começo a ouvir uma música de uma cantora chamada Adele. É incrível, quando você já está destroçada, como uma música pode acabar ainda mais com você. E enquanto sinto a música reverberando pelo meu corpo, entendo exatamente o que o refrão quer dizer. Mais sinto, do que entendo.

Esta não é uma história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora