<Atualizado>
Horas depois...
Acordei com a luz do sol em meu rosto. Eu estava em um belo quarto, porém desconhecido. Havia uma poltrona de couro marrom, uma penteadeira de madeira com um espelho embutido, uma porta azul-marinho que levava ao banheiro, a porta branca que levava à saída/entrada do quarto, e a confortável cama em que eu estava.
Ainda era difícil ficar com os olhos abertos por causa do sol, mas eu me esforcei para apreciar o que em minha mente, era um novo recomeço. Por mais que eu achasse estranho não me lembrar de como havia parado ali, parecia que eu finalmente estava segura do que quer que estivesse atrás de mim.
Ouvi fortes batidas na porta, e então uma mulher baixa e rechonchuda vestida de enfermeira entrou.
-Que bom que não preciso acorda-la! Seguinte garota, tem umas roupas na gaveta da penteadeira, então você vai banhar e vesti-las, depois sair do quarto, descer as escadas e procurar por um homem chamado Henrique!-Ela disse tudo muito depressa.
-Desculpe... mas quem é esse Henrique e por quê eu estou aqui?-Indaguei tentando ser o mais gentil possível.
-Garota, eu não sou paga pra dar informações para pequenas vadias que assassinam a própria mãe!
Senti algo diferente, um sentimento parecido porém muito pior que o ódio.
-Alicia, facilite as coisas pra mim e pra você e não me trate como o lixo que você é! Você não gostaria que seu ex-maridinho viesse assombra-lá à noite não é mesmo?-Aquilo saiu de mim de uma maneira involuntária, como piscar os olhos ou até mesmo respirar.
Senti a tensão de seu corpo e o coração acelerando, vi seus olhos lacrimejarem e ela sair do quarto à passos largos.
Entrei no banheiro ainda pensando sobre o que eu havia dito. Pela sua reação, tudo o que eu disse fazia sentido para ela, mas, como diabos eu poderia saber algo sobre a vida dela se eu nem sabia quem era ela?
Tentei não pensar naquilo por um tempo e tomei um longo banho. O contato com a água era algo incrivelmente relaxante, sendo assim, não foi difícil me concentrar nas pequenas gotas que caíam sobre mim.
Alguns minutos depois eu já estava limpa, e com um vestido ridiculamente desproporcional para meu corpo. Dei uma olhada no espelho para conhecer melhor meu próprio rosto, e saí do quarto.
No fim do corredor onde eu havia parado, havia uma escada que descia e levava a um enorme salão. Cada canto do lugar era incrivelmente perfeito e limpo, confesso que estava deslumbrada, afinal, era um dos meus primeiros contatos com algo que não fosse um porão.
Haviam algumas pessoas no salão, elas brincavam e dançavam ao som do silêncio. Eu observava as pessoas que estavam ali, quanto senti alguém segurar meu braço com força.
Confesso que o homem era muito bonito, e apenas por olhar em seus olhos eu já sabia, aquele era o Henrique.
Ele me puxou até um escritório numa parte mais reservada do lugar.
-Sente-se.-O homem disse me soltando, e gesticulando para uma cadeira velha de madeira. Obedeci.
-Certo. Vou pular as perguntas que não me importam e ir direto ao ponto! Como, e por quê, você matou sua mãe?
Outra vez, uma maldita pessoa sem o conhecimento da história me julgando.
-Eu não matei ninguém Henrique!-Acabei me descontrolando e gritei.
-Como sabe meu nome?-Ele perguntou surpreso.
-Eu sei de mais coisas do que você pode imaginar seu cretino! Sei das merdas que você anda fazendo por aí, e não estou falando dos inocentes que você anda matando, e sim daquelas doces crianças que o Pedro acha que são filhos dele! Como ele ainda não notou como a pequena Kessie se parece tanto com você?-Falei mais rápido do que eu própria seria capaz de entender.
Ele se levantou furioso e chamou por dois homens. Logo eles entraram e começaram a me arrastar para o quarto, mas antes de sair da sala, olhei para Henrique uma ultima vez e disse: -Vou fazer você sangrar muito antes de morrer!
***
Os homens me jogaram no quarto e antes de trancarem a porta, um dos homens disse em tom de desdém: -Pela sua falta de educação, vai passar o dia sem comer, putinha.
-Isso não me afeta Lucas!-Gritei alto o suficiente para que ele pudesse ouvir do corredor.
Continua...
Pessoinhas, talvez tudo esteja muito confuso agora, mas prometo que ao longo do livro tudo será esclarecido.
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A Filha do Diabo
УжасыAs pessoas costumam atribuir atos perversos a entidades desconhecidas, eu as associo à humanidade. Vivendo no mundo, nota-se o quão infernal é a terra que muitos chamam de "lar", mas vivendo no inferno, nota-se o preço caro que se paga por uma vida...