Capítulo 20

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<Atualizado>

Olhei em outras partes de meu corpo, e para conferir minha teoria, arranhei minhas pernas com o máximo de força que consegui. Pouco a pouco a pele foi se abrindo, revelando que pela primeira vez em muito tempo, eu tinha razão. Ali estava um pequeno canivete incrivelmente afiado.

Quando eu estava prestes a abrir outras partes de meu próprio corpo, ouvi o barulho da porta sendo destravada. Ligeiramente, escondi o canivete atrás de meu corpo.

-Eu trouxe a minha especialidade culinária para você.-Henrique cantarolou com uma bandeja nas mãos.-Como você é uma garota muito levada e matou um dos meus seguranças, decidi preparar aquela parte dele, que você cuspiu ali no corredor.

-Deve estar louco se pensa que eu vou comer algo tão nojento!

-Agora eu imagino que não, mas em algum momento você vai ficar faminta. E nessa hora, eu adorarei ver você comer toda essa porcaria.

Ele deitou a bandeja sobre o chão e saiu, trancando novamente, a porta atrás de si.

Derick tinha razão, Henrique falava ridiculamente alto, o que me possibilitou ouvir sua conversa com um outro 'suposto' segurança.

-Ela está ficando cada vez mais perigosa. Até o olhar dela tem estado diferente. Eu não tenho certeza do que ela é capaz, mas temos que acabar com ela o quanto antes.

A resposta do outro homem eu não pude ouvir, o que me rendeu tempo, para em um ato de desespero, pensar em como fugir dali.

Quando eu fugi daquela floresta, achei que finalmente teria um ponto de paz em minha vida, mas parecia que o problemas me perseguiam. Sempre que eu tentava me manter com as mãos limpas, alguém aparecia e trazia à tona, todo aquele turbilhão de ódio e sede por morte que eu tanto tentava reprimir.

Mas àquele ponto, eu já estava exausta de fugir, já estava exausta de tentar viver bem em meio à tanta bagunça. Se era o pior de mim que eles almejavam tanto, era isso que eles teriam. E teriam de forma tão intensa, que eu não descansaria até acabar com todos aqueles que destruíram as minhas espectativas naquele mundo.

-Eu quero falar com o Henrique!-Gritei segurando disfarçadamente o canivete.

Recebi o silêncio como resposta, e quando eu estava prestes a gritar novamente, a porta foi destravada, e me deparei com Kevin.

-O Henrique já saiu, mas se quiser, eu ainda estou disponível para você.-Ele deu uma leve piscadela e sorriu de forma sensual.

-O que diabos você faz aqui?-Perguntei.

-Bem,-O mesmo encostou a porta e parou a poucos sentimentos de mim.-Depois do que você fez com aquele cara,-Ele apontou para o corpo estraçalhado do homem que permanecia ali.- o Henrique me pediu pra vir tomar conta de você, já que sabemos, que você não vai me machucar não é mesmo?

-Não vou?

-Não, não vai. Afinal de contas, o seu amiguinho está em minhas mãos, e se eu repetir a dose do corretivo que dei nele hoje mais cedo, eu duvido que ele sobreviva.

-Você esta blefando!

-Ora July, eu não teria motivos para mentir, muito menos motivos para deixa-lo vivo por muito tempo...

-Não se atreva a tocar nele!-Gritei e me aproximei tentando ataca-lo com o canivete.

Kevin segurou minha mão, me impedindo de perfura-lo, e com muita força, me jogou contra a parede, aumentando a distância entre nós.

-Veremos se aqui isso funciona.-O mesmo retirou a pistola de choque do bolso, e começou a descarrega-la em mim. O meu corpo se contorcia em contato com as descargas elétricas, mas eu não estava sentindo dor alguma.

Me levantei com um sorriso estampando, assistindo pouco a pouco, sua expressão mudar, e o medo se tonar algo perceptível até no ar.

-Mas que merda...

Ele largou a  pistola no chão e se virou para fugir. Porém eu fui mais rápida, e com um movimento ágil e certeiro, atirei o canivete ao mesmo, atingindo sua coluna.

Com o impacto do golpe, e perdendo o controle das pernas, Kevin caiu, ficando totalmente, à minha mercê.

-Não July.... Por favor....

-Engraçado,-Me aproximei do mesmo pegando a pistola do chão.-Todos sempre dizem a mesma coisa. Não gostaria de se diferenciar e dizer algo mais interessante?

-Vai se foder!

-Mas que desperdício de palavras.-Fiquei de pé em sua frente, me lembrando do quanto ele me enganou.-Vai queimar por dentro, viu?

Apertei o controle inúmeras vezes. E quando já nem tinha mais graça feri-lo daquela maneira, sentei-me em cima dele, e o soquei até que perdesse a consciência e estivesse no abismo da morte.

Aproveitei a porta entreaberta, e sai de dentro daquele moquifo, me deparando outra vez, com aquelas selas.


Continua...

A Filha do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora