<Atualizado>
Me levantei do chão depressa depois de ter respirado o suficiente para controlar meu coração, e fui em direção à casa.
Ignorei as cerimônias de boa educação, e entrei direto, encontrando Tamara ainda na cozinha preparando os legumes.
- Uau... -Ela pareceu muito surpresa ao me ver. - Pensei que fosse demorar um pouco, não apenas dar um mergulho e voltar. - Ela sorriu constrangida.
- Como assim, eu estou lá fora há muito tempo...
- Não July, não está não. Na verdade acho que você saiu daqui à menos de cinco minutos...
"Quando penso que entendi algo, aparecem mais coisas confusas. "
- Nós duas precisamos conversar urgentemente Tamara!
- Eu concordo.
***
Após uma refeição muito agradável com todas as brincadeiras e piadas inocentes de Gabrielly, sua mãe a colocara para dormir, e agora estávamos sentadas no sofá da sala tomando um chá e, pensando em como iniciar aquela conversa.
- Essa casa me assusta muito... sempre me assustou. Mas infelizmente eu não tenho como sair daqui. - Ela foi falando à medida que lágrimas surgiam em seus olhos.- Eu vim pra cá fugida com Gabrielly. O pai dela estava quase me matando de tanto bater, e eu tenho minhas suspeitas sobre o que ele pode ter feito à nossa filha.- Ela se calou, e com dor no peito, eu entendi exatamente o que ela quis dizer.
"Tudo o que eu tenho é um dinheiro mensal que eu recebo da minha mãe. Ela foi uma médica honrosa em confrontos terríveis, e o país se propôs a lhe pagar uma pensão.
Mas com as despesas de criar uma criança, esse é o único lugar que eu consigo pagar sem ter que deixar minha filha com alguém; e acredite, eu passei dias inteiros andando em busca de um lugar menos, isolado.
Eu tenho medo de investir em uma vida fora dessa floresta, mas o receio de que ele nos encontre é tanto que eu mal posso imaginar."
-Por que você não vai pra casa de sua mãe?
- Eu e meu marido morávamos bem ao lado dela, então, o risco de que ele me encontre lá é muito grande. Mas às vezes eu também penso que talvez aquele nojento possa tentar fazer algo contra minha mãe. Ele não tentou até hoje, mas ela diz que ele tem ido até a porta dela com cada vez mais frequência, perguntar onde eu estou.
Ao ouvir isso, me ocorreu a ideia de que se aquele homem estivesse morto, grande parte dos problemas dela estariam resolvidos. E com base no que ela havia me contado, não seria difícil ter prazer em matá-lo.
- Eu pensei, - Ela continuou. - que os pesadelos de Gabrielly não passavam dos traumas que o pai causou em nós duas, sabe? Poxa, como ela é apenas uma criança, eu queria e eu precisava acreditar que minha filha estava apenas passando por um processo de superação. E não que existissem criaturas nos assombrando...
- Eu sei como isso pode parecer terrível, e o quanto eu posso parecer uma maníaca pra você, mas eu posso jurar por tudo que eu já amei um dia, que eu não tenho a intenção de fazer mal à vocês. Muito pelo contrário, eu prometo que vou ajuda-las a sair dessa casa, e a deixarem todas essa história para trás.
- Mesmo com todas aquelas coisas sobre você na televisão, quando nós conversamos parece que você é uma outra pessoa, totalmente diferente do que eles dizem. E se você não nos fez mal até agora, e vou confiar nas suas palavras, até porque acreditar em algo assim é reconfortante.- Ela sorriu docilmente. - Agora suba tome um banho e deite um pouco. Coloquei Gabrielly em meu quarto para que você possa dormir no dela.
Tamara recolheu os copos, e subiu as escadas, indo para seu quarto.
Segui seu conselho e fui para o banheiro. Depois de um banho relaxante, fiquei de frente ao espelho acima da pia, penteando meus cabelos embolados.
Eu estava com uma aparecia assustadoramente cansada. Com olheiras e pálida.
Nunca tive necessidades essenciais como a alimentação ou necessidades fisiológicas, mas o meu estado emocional sempre influenciou muito na minha aparecia.
Talvez seja verídico dizer que aparentamos o que sentimos.
***
Já deitada no quarto de Gabi, fiquei fitando a janela iluminada pelo luar. O céu estava encantador, e aquela vista mais que bela, foi o suficiente para que eu pegasse no sono.
***
Acordei com um grito desesperado que vinha do andar de baixo, e ao me levantar, me dei conta que estava sangrando intensamente, mas sem qualquer sinal de dor.
Continua...
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A Filha do Diabo
HorrorAs pessoas costumam atribuir atos perversos a entidades desconhecidas, eu as associo à humanidade. Vivendo no mundo, nota-se o quão infernal é a terra que muitos chamam de "lar", mas vivendo no inferno, nota-se o preço caro que se paga por uma vida...