<Atualizado>
-Do que você está falando?-Indaguei quase que gritando.
-Você não foi criada pra isso July! Não nasceu pra viver entre pessoas e ter amiguinhos! Você veio ao mundo para algo muito maior. Muito maior.
Gabrielly se encontrava com o rosto entre os ceios da mãe, que a apertava à medida que pressionava os próprios olhos, na intensão de priva-las, daquele ser asqueroso. Mesmo sem enxergamos o seu rosto, só sua presença era o suficiente para nos deixar desconfortáveis.
Derick estava encostado em uma parede, como se pedisse aos céus que ela fosse capaz de engoli-lo e salvá-lo daquele momento tão perturbante.
E eu, bem, eu só conseguia me amaldioçar por ter assinado aquela carta, e por ter confindo naquele monstro.
-Não adianta se cobrir de arrependimentos filhinha. Nada pode mudar o que você fez, e as consequências que se seguem. Agora faça o que deve ser feito e vamos acabar logo com isso.
-Do que ele está falando July?-A voz de Derick ecoou, pesando ainda mais o terrível clima daquele lugar.
Eu sabia o que ele queria, sabia desde o começo, como se sua ideia doente fosse transportada até minha mente, mais eu não poderia falar em voz alta, pois isso pareceria tranformar tudo em verdades, e não me restaria escolhas a não ser fazer o que ele tanto queria.
-Vamos July! Diga à eles e acabe logo com isso. Ou você quer que eu mesmo o faça?-Abalam dizia calmamente se aproximando das duas sentadas ao chão.-Sabe que eu adoraria levar essa garotinha...-Ele sussurrou acaricianando sua cabeça, fazendo com que a mesma gritasse.
-Minha filha não!-A mulher soluçava.
-July?-As perguntas de Derick pareciam me pressionar ainda mais.
-Ele...-Eu comecei mas logo senti a voz embargada por lágrimas.-Eu não consigo, por favor...-Implorei à Abalam.
-Como não? Jà fez isso tantas vezes. Sempre orgulhando o papai.
Pela expressão de Derick, ele parecia ter entendido do que se tratava, e a cada segundo que se prolongava, eu só desejava desaparecer.
-Diga!-A voz de Abalam ocoou roucamnete em minha cabeça.
-Ele quer que eu mate um de vocês.
Até mesmo Gabrielly parecia ter compreendido minhas palavras, pois parara o choro, e agora me olhava, assim como todos os outros presnetes ali.
-Eu não vou fazer isso.
-A escolha é sua. Mas caso você recuse presentear o papai com isso, eu vou ter que matar os três pra você apredender a ser uma boa menina.-Gargalhadas saiam de seu rosto oculto, me causando calafrios.
-Me mata.-Derick disse friamente.
-Quê?! É claro que não!
-Eu não vou ficar aqui e assistir você matar um criança ou a mãe dela, então ME MATA JULY!
-Sacrifícios... que comovente.-Abalam não se aguentava em risadas. E com um suspiro profundo prosseguiu. -Boa sorte.
Apanhei a faca que o mesmo me entregava, e num ato de desespero tentei ataca-lo, mas a faca atravessou como se ele fosse apenas uma neblina.
-O papai não querida...
Com as lágrimas escorrendo me aproximei de Derick, que parecia relutar muito para disfraçar seu medo, ainda assim eu podia senti-lo, e dessa vez, não parecia nada agradável.
-Eu sinto muito...-Susurrei ficando a poucos centímetros de distancia.
-Seja forte.-Ele depositou um beijo suave em minha testa, e sentindo como se fosse em mim, eu deslisei a faca por seu pescoço.
Ele engasgou no proprio sangue que subiu à sua garganta, e se sentou no chão, apoiando a cabeça na parede.
-Isso foi emocionante. -Abalam sussurrou e despareceu.
Me sentei junto ao Derick, e o abracei como se segurasse a coisa mais preciosa em todo aquele mundo de caos. E pouco a pouco, eu senti a sua respiração pesar mais, e ir se dissipando, junto com os vestígios da vida de um homem que mesmo em tão pouco tempo, havia revivido tanta coisa boa em mim.
E assoviando suavemnete a música Patience, que um dia eu o ouvira cantar tão bem, eu disse adeus.
Continua...
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A Filha do Diabo
HorrorAs pessoas costumam atribuir atos perversos a entidades desconhecidas, eu as associo à humanidade. Vivendo no mundo, nota-se o quão infernal é a terra que muitos chamam de "lar", mas vivendo no inferno, nota-se o preço caro que se paga por uma vida...