Capítulo 33

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<Atualizado>


Sem dar muita importância para meus ferimentos, corri até o andar de baixo, e lá me deparei com Gabrielly estirada próxima a porta, com uma faca na mão, e sangue por todo o corpo.

Estranhamente aquilo me lembrou de minha infância, e da aparência sanguinária que eu apresentava na maior parte do tempo.

Tamara surgiu logo atrás de mim e foi em direção à filha.

- O que aconteceu aqui?! - Ela gritou me olhando.

- Eu estava no quarto e vim para cá quando ouvi ela gritando.

- Gabi! Neném, fala com a mamãe. - Ela já estava aos prantos naquele momento, acariciando e chamando a filha desesperadamente.

Para o alívio de todos, Gabrielly não tinha nenhum ferimento, e após poucos instantes, estava consciente.

- O que aconteceu meu amor? - Tamara a abraçava fortemente.

- Eu acordei e tinha barulho no meu quarto, mas quando eu fui ver, a July estava deitada no chão e rindo muito. Eu fiquei com muito medo e o bicho Kate disse que eu tinha que matar ela... - A garota enterrou o rosto do colo de sua mãe e ficou quietinha por um tempo.Aquilo fora o suficiente.

- Eu vou dar um jeito de deixar isso aqui mais seguro para vocês, e eu prometo que vou resolver tudo pra que vocês saiam dessa casa logo.

- E o que você quer fazer? - Tamara indagou ainda muito nervosa.

- Por enquanto vamos esperar amanhecer, vocês podem voltar pro quarto, eu vou ficar aqui em baixo até de manhã...

Tamara se levantou e chamou sua filha para limpar o sangue antes de tentar dormir de novo.

- Me desculpa July, - Gabi disse ao pé da escada. - Eu não queria machucar você, mas a sua mãe diz que isso vai acontecer de um jeito ou de outro. - E então, ela correu para o banheiro,

Aquelas palavra me deixaram horrorizada, e o fato de Gabrielly ter dito me ver sorrindo aumentou colaborou para isso.

Me encostei na parede próxima à porta, e permaneci quietinha.

Eu sabia que o sangramento na barriga não traria nenhuma consequência preocupante, exceto para a memória de Gabi; tão jovem e ainda assim, protagonistade um cenário tão terrível até para os mais velhos... Aquele doce de pessoa me trazia tanta nostalgia, e ao mesmo tempo tanta inveja.

Como eu gostaria de uma mãe que tivesse me tomado nos braços como Tamara, mas diferentemente, Kate apenas me abandonou para apodrecer. Sempre com medo e ódio de mim, talvez fosse a casa, ou talvez eu tivesse nascido com algum defeitos. Tantas perguntas eu tinha naqueles dias, e tantas respostas assustadoras que eu tenho nos de hoje.



Continua...

A Filha do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora