Capítulo 36

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<Atualizado>

Antes que eu conseguisse indagar mais, ouvi o som de algo sendo raspado. Era um barulho bem desconfortável, e parecia vir de um comodo próximo.

Saí do banheiro e segui o som, chegando até um cômodo com a porta fechada. Bati na porta e chamei as meninas. Minha voz ecoou por todo o corredor suavemente, até cessar. 

Olhei pelo buraco da fechadura na tentativa de ver o que causava o ruído, e me deparei com aquela figura horrenda que agora abrigava a alma de Derick.

Abri a porta abruptamente, mas só encontrei o vazio, a criatura parecia ter simplesmente desaparecido. Notei arranhões no piso, e adentrei o quarto para ver até onde iam. 

Eles seguiam para a parte de trás da porta, e assim que a fachei, vi um recado escrito com arranhões sujos de sangue:

"Eles estão chegando, e eu já ouço os gritos; 

Logo estarão entrando, se tornarão lendas, mitos; 

Você não pode evitar, e logo te deixarão em casa; 

Mesmo que tente fugir, por anos estará trancada; 

Poupe a alma delas, e entregue a sua; 

Ou dê adeus a vida delas, pois a sua vida, continua."

Meus olhos lacrimejaram e meu corpo todo paralisou. Fiquei lendo e relendo aquele recado, tentando decifrar cada palavra. Eu sabia que algo terrível aconteceria se elas continuassem ali, por isso os meus esforços, mas quem estaria chegando, e por quê?

— July! — Ouvi a voz de Tamara do corredor, o que foi suficiente para me despertar de meus pensamentos. 

Fechei os olhos num profundo suspiro a fim de me recompor, e quando os abri, não havia mais recado algum, apenas um envelope, que ao abrir, descobri estar cheio de dinheiro. 

Saí do quarto com aquilo em mãos, e o entreguei à Tamara. 

— Aqui deve ter mais que o suficiente pra a mudança de vocês. Use o resto para se assegurar que Gabrielly terá um bom futuro, por favor

Tamara parecia estar em uma ponte, indecisa entre aceitar uma grande quantia sem procedentes — por uma mulher procurada por todo o país — ou permanecer naquele lugar. Era uma decisão difícil, eu sabia, mas a pulsação de meu corpo e a inquietação de minha mente me diziam que eu não tinha tanto tempo para suas reflexões.

— Preciso ir ali fora checar uma coisinha. Sei que você fará a coisa certa, e salvará sua filha dessa casa. — Sorri tentando parecer segura de minhas palavras. 

Desci as escadas pulando vários degraus de uma vez, e fui para o exterior da casa. Eu sentia um formigamento incomum por todo o corpo, e uma sensação incomoda de estar sendo observada.

Dei uma caminhada ao redor da casa e entre algumas árvores, mas não parecia haver nada de diferente. Caminhei mais um pouco e fui até o lago. 

Me aproximei da água e fitei meu reflexo distorcido por seus movimentos sutis. Todos os meus instintos estavam a mil naquele instante, entretanto, tudo à minha volta parecia estar bem, estranhamente bem...


Continua...


A Filha do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora