Capítulo 21

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<Atualizado>

Passei pelo corredor sem dar muita importância às pessoas que ali estavam, sair daquele inferno era a minha única prioridade naquele momento.

Não haviam seguranças ali, o que me permitiu seguir sem ser vista até a entrada. Enquanto eu tentava enxergar a abertura das portas, fui atingida por algo na cabeca, e assim, eu desmaiei.

***

Aos poucos fui conseguindo abrir os olhos. Minha cabeça doía a cada pequeno movimento que eu fazia.

-Que bom que acordou querida...

Fui retomando a consciência. Lá estava eu. Dentro de um carro, algemada e acorrentada no banco do passageiro, e ao meu lado, estava Pedro.

-Parece que eu vou ter que acabar com isso de uma vez se eu quiser um pouquinho de paz.

Não consegui formular nada para dizer. Parecia que a minha cabeça estava sendo expremida por milhares de criaturas das quais eu era incapaz de enxergar.

-Como você conseguiu sair da solitária? O Kevin vacilou e você fugiu?

-Eu o matei.-Palavras ditas por mim de uma forma tão natural, que parecia apenas um cumprimento qualquer.

Eu imginara que Pedro fosse ficar furioso por isso. Que surtasse, gritasse ou tentasse me bater, mas sua reação foi a mais improvável possível, ele estava gargalhando.

As gargalhadas o tornaram um motorista imprudente, e diversas vezes tive a impressão de que ele bateria o carro em meio à sua crise de risos.

-Garota,-Ele foi se recompondo enquanto falava. - a cada dia você me surpreende mais. Matar o Kevin foi genial sabia? Ninguém gostava daquele cara, e agora, eu tenho um "motivo legal" pra te matar sem o estado ficar no meu pé. Muito obrigado July, você salvou o meu dia.-Ele voltou aos risos.

***

O carro estava estacionado num espaço amplo atrás de um presídio masculino. Pedro estava ao telefone, e eu permanecia ao seu lado no interior do veículo.

- Eu to aqui no estacionamento, - ele falava com a pessoa no outro lado da linha. - ela matou o Kevin, você acredita? Sim.... então nós só temos que adiantar aquele plano. Sim... pode leva-los mas, prepara tudo com segurança, eu não confio nessa dissimulada.-A ligação foi encerrada.

Guardando o celular no bolso, Pedro passou a me olhar fixamente, seguindo com o olhar qualquer contração em meu rosto, ele provavelmente estava tentando decifrar as minhas emoções.

- Sabe onde estamos?- ele perguntou retoricamente. - Isso aqui é o lugar de trabalho do Henrique, ele manda e desmanda nessa merda a vontade. Nós temos muito mais controle do que acontece aqui do que naquele muquifo de bosta. É aqui onde as pessoas são trazidas quando pegam pena de morte, ou apenas quando queremos diversão. E você July, você merece toda a diversão do mundo! E pensando nisso, preparamos uma sala imensa lá dentro, esperando ser suja por esse seu sangue ruim!

Permaneci calada tentando transparecer o menos possível. Creio que foi um tentativa inútil. Eu sentia meu corpo tremer e meu coração tropeçando as batidas, provavelmente Pedro percebera isso.

Ele retirou as correntes e me puxou pelas algemas até o interior do presídio. Chegando lá, haviam portas com detectores de metais, que soavam estericamente toda vez que eu passava.

- Façam uma revitsa!

Dois homens uniformizados com a farda nacional se aproximaram de mim. Apalparam e tocaram inúmeras partes do meu corpo, mas não encontraram nada que pudesse ser o aparente motivo daquilo.

-A máquina deve ter dado algum problema chefe, ela está limpa. - Um dos homens disse ao Pedro.

Seguimos por mais corredores do que posso me lembrar, até chegarmos à ala dos banheiros.

-Por todo aquele seu escândalo quando saiu da floresta, a mídia inteirinha está de olho em você, e isso me obriga a seguir um certo protocolo em pró dos seus "direitos humanos", não que você seja um. Então entra ai e toma um banho, vista as roupas da prateleira, e depois saía.

Entrei naquele lugar, e quando estava prestes a fechar a porta, ele a segurou com uma das mãos e disse próximo a mim.

-Você tem cinco minutos pra isso. Demore mais, e eu mando um daqueles caras entrarem ai e lavarem você com porrada.

-Não ouse encostar essa sua mão imunda em mim de novo...-Disse encarando-o diretamente.

-Eu não tenho a menor pretensão de me sujar com você, agora "vai".-Ele girou e fechou a porta.

Era uma sala grande, com seis chuveiros, um vaso e um miquitorio. Havia uma prateleira com sabonetes, e outra com roupas limpas.

Fui para debaixo do choveiro ainda vestida, e me espantei com a quantidade de sangue que descia pelo ralo.

Me despi e fui lavando todas as partes de meu corpo. Logo, eu já estava limpa e vestida com um daqueles uniformes masculinos, esperando o que quer me aguardasse.

Diferente de minutos antes, eu não estava mais com medo. E já havia recuperado minha convicção, e meus ideais.

Quando estava prestes a abrir a porta, ouvi um sussurro em meu ouvido. Ao me virar, me deparei com Abalam, de capuz, sem mostrar qualquer vestígio de seu rosto.

-"Não é aqui que isso vai acabar July..."-Sua voz parecia ecoar de todos os lados possíveis, inclusive, dentro de minha propria mente.

"Eu estarei aqui com você, e quando sentir que precisa de uma ajudinha, basta me chamar. Mas não me chame pelo nome que está familiarizada, isso nos daria desvantagens. Quando precisar, peça ajuda ao pai, e a salvação vira a seu encontro."

Continua...

A Filha do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora