Capítulo 18

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<Atualizado>

Eu estava prestes a dar minhas condolências quando ele levantou uma mão em protesto.

-Por favor July, não diga que sente muito por isso ou sinta pena de mim. Eu colhi as merdas que eu plantei no final. Como aquele maldito. Só espero que ele esteja queimando no inferno.

Tempos mais tarde eu viria a descobrir que Derick estava certo sobre o destino daquele homem.

-Certo-Ele prosseguiu.-Pouco tempo depois de conhecer minha garota eu estava assistindo ao jornal, e eles não paravam de falar do seu caso. No início eu achei que era puro sensacionalismo, mas depois de ouvir os boatos de que você teria matado sua mãe de um jeito tão cruel, eu fiquei perplexo.-Ditas por ele enquanto sorria, aquelas palavras não pareciam ter um peso a qual eu lutava para carregar desde sempre.-Já esses dias, eu estava tendo uma "reunião" com o Pedro, e o Henrique ligou super descontrolado, dizendo que precisava dele pra prender "um demônio". Se aquele cara não gritasse tanto, eu com certeza não teria escutado toda a história do assassinato do tal cara.

Seus olhos se voltaram para mim, curiosos e brilhantes. Era a minha vez de falar.

-Eu não tenho ideia de como explicar tudo isso, então agora eu só consigo te dizer o necessário, e eu espero de verdade que não pareça loucura.-Respirei profundamente desenterrando toda a coragem que eu tinha, e rezando para que pelo o menos daquela vez, a pessoa à minha frente não pretendesse me ferir.-De alguma forma eu consigo "descobrir" certas coisas quando eu olho nos olhos de algumas pessoas. Agora a pouco eu encontrei com o zelador no salão...-Eu estava tremendo e minhas mãos suavam.

-Respira fundo e tanta contar aos poucos. Se aquele cara ousar tocar em você de novo, a gente arrebenta a cabeça dele.

Aquilo era tudo que eu precisava ouvir. E como uma senha mágica, foi o suficiente para que eu dissesse tudo.

-Ele estupra todas as pacientes daqui. E o pior, ele mantém a filha dele presa em cativeiro no casebre dele. Ela está muito debilitada e por isso não consegue fugir. Ela deve estar vivendo assim há uns sete anos, e ele está tão satisfeito... Ele se sente tão feliz enquanto ela chora e pede que ele pare... Ele sorri enquanto ela deseja morrer!

Derick estava boquiaberto e seu semblante transparecia puro ódio.

-Eu tenho uma ideia de como mata-lo, mas eu precisaria de sua ajuda...

-Conte comigo garota. Eu quero acabar com esse maldito.

***

Nós não tinhamos relógio, e tudo o que sabíamos era que já estava de madrugada. Porém se tudo ocorresse como o planejado, ele estaria estraçalhado antes que o sol se pusesse.

-Onde você conseguiu tudo isso? Eu quase não consigo um violão e você tem todas essas coisas?-Derick indagava com a arma e as facas em suas mãos.

-Um dia quando eu conseguir respostas, te conto.

Entramos lentamente no casebre. Tudo parecia em ordem e minimamente limpo.

Adentrando a casa encontramos uma pequena porta que dava para o porão. Lá estava a pobre garota acorrentada. Esquelética e encolhida no chão. Tudo que vestia eram trapos rasgados, tampando apenas as partes mais íntimas do seu corpo.

Até hoje consigo sentir o desespero em seus olhos. Ela era a criatura mais desgastada que eu já havia visto. Não só de corpo, mas também de alma.

-Como entraram aqui?-O zelador estava de pé na escada que nos dava acesso à saída.

***

Eu e Derick estavamos sentados no gramado da entrada. O sol já estava nascendo e eu não me lembrava de absolutamente nada.

Olhei para seu rosto confusa. Ele olhava para o nada. Olhos arregalados e respiração fora de controle.

-Derick...-Ele me olhou imediatamente, o rosto parecia paralisado no horror.-O que aconteceu?

-Como assim? Do que exatamente você está falando?

-Nós estávamos no porão daquele cara e ele apareceu. Isso é tudo que consigo me lembrar.

-July... você acabou com aquele cara.

-Como?

-Depois que ele apareceu você simplesmente não parecia mais consigo mesma. Seus olhos pareciam mais escuros e você sorria de uma maneira macabra que eu me arrepio só de lembrar.-Ele desviara o olhar do meu.- Você atacou ele com uma faca, e furou os olhos dele. Enquanto ele pedia pra você parar você descreveu as coisas que ele já havia feito com aquela garota. Mas você falava como se tivesse assistido a tudo. Você pôde descrever as sensações pavorosas que ela sentia, e o quanto ele sentia prazer naquilo.

Eu não conseguia me visualizar naquela situações.

-Depois você começou a arrancar partes do rosto dele. E no fim, o cara parecia uma carne moída pisoteada.

-E a garota?

-Eu tentei tirá-la de lá, mas ela me implorou de joelhos para que eu matasse. Eu nunca vi um serumano desesperado daquele jeito, então eu injetei um daqueles remédios que você tinha levado, e agora ela também esta morta...

Olhei para meu corpo, e as roupas que antes eram exageradamente brancas, haviam dado lugar à cor da morte. Eu estava suja de sangue do dos pés à cabeça.

-Como viemos para cá?-Indaguei.

-Quando tudo acabou, nós saimos de lá e apenas sentamos aqui. Não dissemos uma palavra até agora...

-Dercik, eu não sei como expli...

-July,-Ele me interrompeu.- O que diabos é você?

Continua.....

A Filha do DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora