"Uma mulher de Deus"

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Saí da escola de meus sonhos. Meu melhor desempenho escolar. Minha maior vergonha. Criei um trauma da rua principal. A maioria dos ex- companheiro de classe moravam ou transitavam nela. Inclusive eu. Era passágem obrigatória. Todos os coleguinhas que me viam corriam atrás de mim. E aí Gelson, você desistiu...Seu pai não pode pagar? Nossa! Que vergonha... ía começando a nascer em minha alma algo que eu ainda não conhecia. Algo horrível que hoje conheço por rancor. Meus coleguinhas já brincavam comigo: já vai brincar de boneca com as meninas, né? Huuum essa voiszinha é esquisita... cara tu fala mais fino que tua irmã... Mas meu pai me falou que só tinha filhos homens. Eu achei que ele queria dizer apenas que eu não era seu filho. Que ele não era meu pai. E o pior. Eu senti que ele falou sério. Apesar de ser um grande brincalhão. Comecei a ver os "homens diferentes". Comecei a perceber que existiam os afeminados. Quando comecei a prestar mais atenção nos papos que ocorriam à noite, embaixo do pé de árvore, entre meus familiares e vizinhança, comecei a entender a zoeira a respeito dos que passavam na rua, caminhando diferente. Atraindo olhares, risinhos e piadinhas sem graça, disconsertantes. Então comecei a imaginar. É isso que é um gay?

Pouco antes de nos mudarmos para o interior, que meus pais planejara se mudar, ocorreu uma morte muito esquisita de um velhinho. Seu neto dormia com ele. Logo ao amanhecer ví toda vizinhança em frente sua casa. Arrombaram a janela da frente. Entraram e abriram a porta principal. Todos entraram para ver o corpo. Um copo de veneno ao seu lado. O neto apenas percebeu que seu avô estava morto, saiu pela porta da cozinha e foi avisar sua mãe, que era nora do suicida. Uma das filhas do falecido era moradora do interior onde íamos morar. Era uma grande irmã de fé de minha mãe. Acima de qualquer suspeita. Diretora do Circulo de Oração local, dedicadíssima na obra de Deus, esposa do presbitero. Uma semana depois da morte de seu pai, causada por aquele inesperado suicidio, minha mãe foi visitá-la. Ela então convidou minha mãe para conversar em sua sala. Chorando amargamente, por causa do triste ocorrido, ela lamentava: Irmã Lurdes,minha vida se acabou. Não sei mais o que fazer de minha vida. Dói minha alma em saber que meu pai morreu sem Jesus. Quando imagino no sofrimento que ele passou. Longe de mim e dos outros filhos. Ele se suicidou porque não aguentou o despreso. Você sabe, morando aqui nesse interior, com muitos filhos que tenho pra sustentar. Eu não podia morar perto de meu pai. Ela chorava e soluçava. Então ela disparou: Aquela sequinha de minha cunhada, esposa de meu irmão... Foi tudo culpa dela, irmã Lurdes. Óh! meu Deus, Tenha misericórdia da alma de meu pai!

Minha mãe então falou apenas: minha irmã vamos orar. Sei que você está abalada, mas não peque por palavras. Mesmo nessas horas temos que ter cuidado em não pecar.

Oraram, e fomos as outras casas. Pois minha mãe vendia muita confecção e cosméticos nesse interior. Minha mãe esqueceu a triste situação em que encontrara sua irmã de fé.

A casa da cunhada da dita cuja, era um dos meus pontos de visita. Eu assistia desenho animado junto com sua filha e o netinho do suicida. Então, em minha inocência de criança, despejei todo ocorrido de sua parenta do interior. Falei seu estado de choro e desespero. Contei em todos os termos. Pra quê?

A primeira coisa que a nora do velho fez foi ir atrás de minha história. Por "os pingos nos is." Mas antes ela falou: menino... eu nunca deixei meu sogro passar fome ou andar sujo. Eu fazia tudo que podia para ajudá-lo. Até meu filho eu mandava para dormir com ele, para ele não ficar sem companhia à noite. Há muito tempo sei que essa crente da familia é falsa e mentirosa... Apenas pensei: ixe, falei demais.

Quando voltamos lá na outra semana, pois eu sempre andava com minha mãe, comecei a entender que as cunhadas já estavam brigadas. A dierotora, como ela gostava de ser chamada, perguntando sempre a minha mãe. E minha mãe apenas falava a ela. Eu jamais faria uma coisa dessas. Meu menino é que sempre está na casa dela. Foi ele que falou. Mais já o deixei advertido. Meu filho, nunca mais comente o que você ouve na casa dos outros. Ela falou então à minha mãe. Minha cunhada ficou furiosa irmã lurdes. Ela nunca mais vai querer falar comigo. Logo eu, que sou a única crente da familia.
Mais só lhe falei a verdade a respeito daquela antipática, que pensa que é rica toda maquiada... Vaidosa. Aquela mulher é uma cobra que trata mal a nós que somos crentes e pobres... que não usamos vaidade. E eu apenas pensava. Nunca imaginei que a dona **** fosse assim....


Ps: **** (pessoa que não posso falar o nome)

A Face negra da santidade.  O amor de Deus por um pecadorOnde histórias criam vida. Descubra agora