Lembranças de um passado incompreendido

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Eu estava precisando de um dinheiro para comprar uma folha de papel oficio, para um novo trabalho escolar. Meu pai não me dava o dinheiro. Eu, simplesmente implorava, chorava só em imaginar em não fazer essa tarefa e perder pontos em minhas notas. Minha mãe não estava presente no momento em que iniciei a petição a meu pai. Era final da tarde. Então depois de pedir, espernear e implorar sem nenhum resultado, peguei o dinheiro escondido dele. Era uns 10 centavos. À noite, como de costume, meu pai, alguns dos meus irmãos e eu, sentamos na frente de casa, em baixo de nosso pé de árvore. Começamos a conversar assuntos corriqueiros, como sempre. Então minha irmã falou: O Branco comprou uma folha de papel oficio para fazer um trabalho da escola. Acho que de propósito. Meu pai irou-se, pegou uma sandália e bateu forte em minhas costas. Comecei a chorar e a praguejá-lo com muita raiva tambem. Nossa vizinha da frente, que estava tambem, sentada em frente sua casa, juntamente com outras pessoas da vizinhança, esta observando aquela sena injusta de meu pai. Ela ficou indignadíssima com essa situação e começou a reclamar dele, na frente de todos. Começou a me defender com palavras que eu jamais pensaria em ouvir de alguem. Ela começou a falar: Seu Xavier isso tudo é por causa de 10 centavos. Todos os dias vejo da frente de minha casa. Esse menino gosta de ajudar a mãe dele em tudo. Esse menino gosta de estudar,andar limpinho. Todo mundo aqui fala que gostaria de ter um filho como ele. Então chegou Salomé*, com uma acusação contrariando tudo. Se não por um controle nesse menino, quando ele crescer ele vai é te bater tambem Xavier. Chegou o esposo de Salomé, ainda com "previsões" falsa sobre o meu futuro e mostrando toda negatividade a respeito de meu presente. Então comecei a cantar uma musiquina que começou a deixar os dois irritados... Um homem tolo construiu sua casa na areia... comecei a acusa-lo de algumas coisas indesejáveis aos seus ouvidos, e que ele não gostava que se comentasse e nem que a visinhança soubesse. Meu pai puxou o cinto já disposto a fechar minha boca com uma surra. Mas minha mãe que estava ausente, nesse momento chegou na calçada e falou: não vou aceitar você bater nele, não vou mesmo. Tudo que ele falou foi verdade. Você está sendo injusto. Todos estão sendo injusto. Ninguem vai bater em meu filho.
Um dia, vi um de meus irmãos mais velho, que já estava com 15 anos chegar aos ouvidos de um de meus coleguinhas e falar: Já está tudo preparado. Amanhã nós vamos comer a jumenta do pai- velho (avô). E, esse meu irmão mais velho começou a me acusar tambem e a reclamar de minha mãe por estar me defendendo. Então jogeuei seu segredinho em público. Meu pai mudou de temperamento imediatamente. Pra ele foi a maior piada que ouvira até aquele momento. Meu irmão simplesmente amarelou de vergonha. Começou a reclamar de mim com mais ódio ainda. Os visinhos que ouviram tudo começaram aquela sacaneação. E aí rapaz tá perdendo a virgindade com a jumenta, né? Meu irmão já estava chorando de vergonha, meu pai sorrindo da piada. E minha mãe dando aquele sermão moralista no pobre de meu irmão: Como você pode fazer uma coisa dessa. Isso é pecado, você trate de nunca mais fazer uma senvergonhísses dessas! Salomé e seu esposo "apasiguaram" a piada aos ouvidos de meu pai. Começaram com graves acusações a meu respeito novamente. Então cantei uma música linda que toca atualmente, mas que naquela época ninguem ainda nem imaginava nessa música existir, nem tão pouco, eu. Minha mãe acirrou minha defesa. Agora é que ela não deixara mais ninguem tocar em mim mesmo. Pois ela viu que tudo que cantei era muito avançado pra minha idade. Só poderia ser algo vindo de Deus. Quando eu ia dormir chateado com meu pai, antes de dormir me vinha uma distante lembrança antes de adormecer. Um parto muito dificil. Uma luta das enfermeiras para trazer ao mundo aquela criança. Enfermeiras chorando ao redor de minha mãe falando: não morra dona Lurdes, não morra. E o parto sufocante para minha mãe, as enfermeiras e a criança. Me vinha lembranças de uma enfermeira me segurando pelos pés, dando palmadinhas em minha bunda para que eu chorasse e mostrasse sinal de vida. Eu sendo pego das mãos dela por meu pai e desde aquele momento, já não gostando de sua presença. Eu olhando no seu rosto, com medo de seus olhos e chamando- o de Lucifer. Eu sempre achava que aquela foi a minha primeira entrada no mundo.. então eu dormia e sonhava. Eu esta em um local diferente, rodeado por gramas e flores. Um jardim. Mas ao meu redor estavam pessoas da minha familia que já morreram. Choravam ao mseu redor falando desesperadas. Feche os olhos para não ver, feche os olhos. Mas eu falava. Não estou com medo, podem me degolar. Quero chegar na terra rápido. Então sou degolado naquele jardim, minha cabeça rola pelo chão e chega próximo å minha cabeça para ajuntá-la, Jesus e Gabriel. Jesus um homem branco, esbelto, cabelos ondulados mais um corte social. Vestido em uma calça social azul e camisa branca, social manga longa. Gabriel não o vejo no momento, apenas ouço seu nome e sinto se aproximar. Tive essas regreções ao passado e sonhos repetidas vezes desde muito criança ainda. Apartir dos dez anos de idade começou, tambem em minha mente, rodar uma estranha menságem, de uma palavra só. Era como se essa palavra rodeasse meu cérebro sempre que eu estava calado, deitado e chateado com meu pai e com a vida. Parecia um zumbido em meus ouvidos. Eu não fazia idéia do que era aquela palavra. Eu rolava em minha rede com aquela palavra atormentando meus ouvidos. Era uma repetição insuportável para mim. Essa palavra era: Zuínglio. E eu fica rolando de um lado para outro ansiozamente, quando isso acontecia.

A Face negra da santidade.  O amor de Deus por um pecadorOnde histórias criam vida. Descubra agora