O Beijo roubado de uma alma fracassada.

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Passei a frequentar a calçada de Gaby e Milly todos os sábados à noite, pois não tinha aulas. O grupo de garotos ávidos por mulher. A zueira que me fazia bem. Me sentia feliz e aceito. Sorríamos a cada piada de mal. gosto e bom gosto. Sorriamos de tudo. Meu coleguinha, namorado de Milly, implorava para as lâmpadas: Falta energia, falta energia.... apaguem -se lâmpadas!! E milly sorria... Gaby falou baixinho para mim: Quero te falar um negócio no beco. Eu coitadinho, bobo inocente.

- O que você quer me falar?

Um negócio. É apenas para ti. Os outros não pode ouvir. Um segredo.

-Fala em meu ouvido.

Rápido vem antes que acabe a novela. Minha mãe está distraída. Vem rápido... fui... Então antes que eu acabasse de perguntar pelo segredo Gaby me tacou um beijo na boca. Ela queria mais. Eu nunca tinha beijado ninguem. Fiquei sem ação. Ela sonhava desde criança com um beijo, um abraço meu. Eu não fazia a minima idéia do que era esse tipo de amor e de paixão. Ela beijou- me como se estivesse sedenta. Falou baixinho: treinei o dia inteiro. E aí, você gostou? Seu coração estava disparado. Dava pra sentir as fortes batidas. Meu coração começou a bater, mas de medo de sua mãe. Dos outros garotos perceberem e olhar. Eu não gostei nada do que aconteceu. Eu nunca tinha sonhado com um beijo dela em minha boca. Eu não nutria nenhuma expectativa, como ela. Um beijo dela em minha boca não tinha nenhum significado. Eu apenas reclamei da situação.

-Não era pra fazer isso. Se sua mãe pega nunca mais posso vim aqui. Era pra gente se encontrar na praça. Vamos sair daqui depressa antes que alguem perceba.

Sai dali sem dar a mínima pro beijo roubado. Roubado e ruim. Como podem dar tanto valor a isso? Pensei eu.. não tem gosto de nada. Acho que é porque ela está sem batom. Milly sorriu para Gabi.. aproximaram e falaram baixinhos. Aconteceu.... O desejo de meu coleguinha foi realisado. Ecoou o grito na rua e na calçada. uuuuhuu Faltou energia.. ouviu- se os gritos das pessoas da sala. Porra! Logo agora que a novela tava boa... Milly sempre falava: Vamos sentar enquanto chega energia. Ela sentava ao lado do namorado. A noite escura ocultava o segredo de Milly e o desejo voluptuoso de seu namoradinho. Meia hora depois outro grito ecoou novamente. uuuhuuuu. Chegou energia. Gaby veio e indagou- me baixinho: Porque tu não sentou perto de mim... ? Era pra gente ter demorado no beco...

- Não! tenho medo de sua mãe. Ela me olha com a cara ruim. Nunca sorri de minhas piadas. Você não ver como ela trata bem todo mundo, sorrir das piadas de todos?... Na hora que falo ela fecha a cara. Eu não posso nem falar. Ela não gosta de mim.

Meu coleguinha chegou. Tu é muito besta. Na hora que falta energia eu meto a mão dentro da blusa de Milly, fico acariciando os peitinhos dela. Ela adora quando quando acaricio nos mamilos.

- Nossa, vocês tem corágem?

Claro! a Gaby quer que tu faça o mesmo. É por isso que elas te chamam de burro. A milly ainda pega no meu pau, por dentro do calção.

- Eu não quero mais pecar. Eu não quero mais praticar nenhum pecado. Agora quero dar mais valor às coisas da igreja. Quero deixar de tudo isso.

O que você fez de tão grave assim, tu quer morrer virgem ou casar? na nosa idade acho dificil. Tu vai morrer na punheta dessa forma. Ou tu acha que pode parar de bater uma?

- Eu não fiz nada. Eu só quero ser como minha mãe e outros crentes. De agora em diante vou ler a biblia. Eu não quero ir pro inferno.

Meu corpo destilava tezão. Mas não por Gaby. Os músculos masculinos. A perfeição dos rostos de alguns. O homem lindo da TV, das revistas e da vizinhança. Eu desviava meu olhar. Mas era impossivel não dar a segunda espiadinha, fechar os olhos andando e pedir perdão a Deus.

Eu ia à igreja. Tinha sempre um lindo em cima do púlpito. Nos cultos de jovem. E o pior, três jovens masculinos esculturais, eram os principais pregadores. Meu Deus...

Esses tres jovens alem de lindos e pregadores eram humildes. Gostavam de frequentar a loja de meu pai e de Salomé. Foi muito fácil a aproximação. O amiguinho obediente, que falei em capitulos anteriores, não me despertava nenhum desejo escuso, alem de admiração. Ele já estava se tornando um pregador tambem. Eu já estava sabendo escolher a melhor roupa na loja de meu pai. Agora eu estava exigindo. Querendo ir à igreja bonito. Mas o sapato era o velhinho de sempre. Eu não estava mais nem um pouco preocupado. Eu queria era conversar e ser amigo dos jovens pregadores. Eu queria me tornar um jovem pregador. Aos poucos fui deixando o medo de falar sobre masturbação com eles. E fui logo descubrindo. Todos se masturbavam. Quando o pastor chamavam os que ainda não tinham recebido o batismo com o Espirito Santo, cuja evidência vizível, era: o falar em linguas estranhas, com choros, gritos, pulos, palmas e muita alegria, eu ía. Me ajoelhava aos pés do púlpito juntamente com a multidão. O pastor dava as instruçõe de cima do púlpito falando alto em linguas estranhas tambem. Glorifica a Deus, dá glória, dá glória, dá glória! Confessem seus pecados. Arrependam- se. Agora falem o quanto Ele é maravilhoso. Glotifica, glorifica. Não parem de glorificar. Repitam quantos vezes puderem: aleluia, aleluia, aleluia.... eu repetia, confessava e implorava. Mais nada. De vez enquando "explodia" alguem próximo a mim. Ouvia-se um grito estridente. Um salto repentino. Mais um já recebeu. Só falta você, gritava o pastor de cima do púlpito.

Nossa! Porque pequei daquela forma. porque vivo batendo punheta. Deus nunca vai olhar pra mim. Os jovens que se masturbam, todos falam em línguas estranhas estão alegres. Todos namoram, se esfregam nas garotas. Nada disso nunca acontecerá comigo. Deve ter sido o pecado com Valdo. As brincadeirinhas de sexo que eu fazia antigamente. Eu tenho que confessar isso pra alguem. Mas não tenho corágem. Me tornei um monstro.. tenho que parar de pensar nos homens. De achar eles bonitos. Meu Deus o que faço?

O mostro que crescia dentro de mim era outro. O monstro da culpa, da rejeição e do despreso. Me sentia despresado por todos e por tudo.... e agora, Despresado por Deus. O que restava em mim eram os olhares tortos das pessoas. A culpa de um orgasmo solitário e ivencível. A culpa, o ódio e o medo do meu mundo gay. O forte receio de uma inevitável condenação eterna.

Minha única alegria era a escola. A igreja, minha familia, e minha vida se tornou em um peso insuportável. O ácido estomacal subia cada vez que eu sentia o despreso de alguem. Alguem dizer: fala mais grosso, fala como homem.. me olhar diferente. O encontro com Gaby na praça aconteceu. Ela realisou um sonho. Eu realisei o desejo de mostrar a namorada aos colegas. Mesmo sendo um namoro escondido de sua mãe. Como eu havia combinado, voltamos à igereja antes de terminar o culto. Esqueci de limpar os lábios. O forte e farto batom ficou todinho impregnado. O pastor percebeu de cima do púlpito: um jovem cheio de batom nos lábios no meio da congregação. Meu amigo tocou em mim. Falou no meu pé do ouvido: tu esqueceu de limpar a boca. O pastor tá te olhando com vontade de sorrir.

Nem com batom um beijo presta. Mas Gaby se sentia a garota mais feliz do mundo.

A Face negra da santidade.  O amor de Deus por um pecadorOnde histórias criam vida. Descubra agora