A Face negra da santidade. O amor de Deus por um pecador

Boas lembranças

Fomos dormir. Minha avó contou-nos uma história interessante que jamais esqueci.
A segunda irmã de meu pai a falecer foi tia Adelina. Ela era esposa de um alcólatra. Tinha muitos filhos na adolescência. A mais nova já tinha 12 anos. Seus filhos eram considerados muito desobedientes. Brigavam muito entre si.  E a dificuldade financeira era um problemão para a sua grande familia. No estado do Maranhão existiam trabalhos "quase escravos"  para adolescentes. Mas eles levavam a vida como podiam. Minhas primas faziam trabalhos em casas de familias. Mas bicos e trabalhos domésticos  davam  apenas para pagar o almoço. Meus primos não queriam ter a fé de minha tia. E seu esposo ainda agia com violência.

" Ainda lembro quando esbarrei minha filha no quintal. Ela vinha correndo nua em minha direção. Pelada,  sem nenhuma roupa mesmo. Todos começaram a sair de suas casas pelas portas do fundo. Ele vinha correndo atrás dela com uma faca. Minha filha, o que é isso? Rápido mamãe, corra, me traga a toalha...  o Barroso quer me matar. Ele gritava palavrões à minha filha. Correndo atrás dela com a pexera na mão. Todos vendo minha filha nua no quintal. Ôh! Homem ruim, minha filha.

Quando minha filha descobriu que estava com câncer. Ela não se desesperou. Ela queria morrer, sair dessa vida. Ir ao céu. Era só no que ela falava. Se encontrar com Jesus. Era uma nulher obediente. Passava o dia cantando louvores. Mesmo em meio a tantas tribulações.

Lembra, Lurdinha...  quando você entrou em nossa familia.?  Todos a humilhavam por sua fé. Seu marido, meu filho, chegou. Bença, mãe.... Ele ajoelhou-se no chão, e pediu a benção de joelhos.  Ele sabia que eu não ia abençoa-lo. E foi bem pensado. Não dei- lhe minha mão. Dei as costas a ele... Filho meu não passa para o lado dessa sua nova religião, e volta para pedir- me benção. Não sou mais sua mãe. Não posso trair Minha santa Maria.  Ele levantou-se e saiu entristecido. ... "Não pense mais nisso dona Benta. O Xavier só passou dois meses sendo um homem obediente. Foi só pra me enganar. Eu não queria receber a disciplina da igreja. Falei que só casaria se ele fosse ser crente. A nossa igreja tambem não casa descrentes. Tambem só me interessei pra casar com ele por gosto do meu pai. Meu pai queria nuito esse casamento. Por nossa familia ser bem próxima. Éramos quase parentes....

Quando minha filha resolveu ser uma crente  Eu já conhecia bastante você e sua religião. Você é a melhor coisa que aconteceu em minha  familia, eu fiquei muito feliz. Meu filho já lhe fez sofrer bastante. Mas eu sempre digo a ele. A lurdinha é minha filha. Seu pai pediu pra ser crente antes de morrer. Sua duas irmães morreram crentes. Eu tambem vou ser crente. Ainda não chegou foi meu momento.

Antes de Adelina morrer fui a meu quarto. Ela não estava mais conseguindo ficar em sua casa. Estava deitada em minha cama.  Estava gemendo de dor. Estava doendo por dentro de mim tambem. Vendo minha filha naquela dolorosa situação. Como pode,  Minha filha, uma mulher que procura agradar a Deus em tudo, só fala em santificação, viver uma vida miserável dessa, ter uma morte miserável assim?  Resmungava eu, por dentro de mim.
Aproximei-me  da cama .... minha filha vou fazer um copo de leite para você. Você está muito fraca. Me promete que vai querer... sim, mamãe. Vá pode fazer.... então fui ao fogão. Coloquei a vasilha de água no fogo. Fiquei em silêncio, esperando a água esquentar. Sofrendo com a dor angustiante no pé do fogão. Sessaram- se os gemidos de minha filha,  que eu ouvia vindo do quarto. Agora eu ouvia a voz de um homem conversando com ela. Mas como?  A porta da frente está fechada. Ninguem passou peça porta da cozinha., pois estou aqui. Quem será que está conversando com Adelina? Só está nós duas em minha casa. Me deixei vencer pela curiosidade. Fui ao quarto ver quem estava com ela. Afastei devagarinho a cortina da porta. Eu só queria ver quem era. Tinha um homem vestido de roupa social. Camisa branca manga longas. Calça azul celeste. Sapatos pretos. Um homem normal. Provavelmente o pastor de sua igreja, pois eu não o conhecia. Me certifiquei de quem estava com ela, e fui ver se eu tinha fechado direito a porta da frente. Estava fechada. Como esse homem entrou, meu Deus?  Fui rapidamente peguei o copo de leite e uma xícara de café para o visitante. Entrei no quarto e um susto em quem já estava apavorada. Onde está o homem que estava com você minha filha? " Mamãe, Deus é a coisa mais maravilhosa dessa vida. Como foi bom ser sua serva e ser humilde a vida inteira.  Minha filha porque seu rostoo está brilhando assim, o que essa luz em sua face,  você ainda está sentindo muita dor, minha filha?  "Eu. Estou muito feliz, mamãe. Apenas muito feliz. Então tome pelo menos o leite que lhe preparei. " Não mamãe. Desse mundo eu não quero mais nada. Estou vendo o céu. O céu de Abraão, Isaque e Jacó. Ela começou a cantar uns hinos conheccidos que se costumava a cantar na igreja. Foi fechando os olhos devagarinho.  E. Morreu muito feliz. Sai correndo e chorando. Abri a porta da frente e corri pela calçada para ver se eu avistava o homem que esteve com ela no quarto. Tambem nunca mais o ví. O pastor de sua igreja que veio fazer o seu velório, era totalmente diferente. Não vi ninguem semelhante em seu velório. Tenho certeza que Deus veio buscar minha filha. A morte dela foi menos dolorosa para mim. Tive força para cuidar de meus netos.

Dormi embalado por essa história. Eu morria de medo dos mortos. Embrulha- me dos pés a cabeça em saber que minha morrera naquele quarto. Nós íamos voltar para casa depois do almoço.  Mais aconteceu algo inusitado. Eu nunca tinha sido convidado para almoçar na casa de Caligola. Todos de minha familia quando vinham almoçava na casa dele. Ele fazia questão que todos fossem... e fazia questão de me deixar de fora.  Um almoço surpresa oferecido por calígola.