Meus Doze "rebeldes anos."

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Mudança de casa é um acontecimento. Ainda mais para o interior que eu gostava de vizitar. Chegamos em um casarão velho, de pau- a- pique, pintado de azul e cor de rosa. Nossos móveis ficaram guardados na casa antiga. Trouxemos apenas o fogão, a geladeira e a mesa velha com suas cadeiras. Meus pais estavam na guerra pela sobrevivência da familia. Eu estava querendo apenas mudar de vida. A vergonha em que eu tinha afundado não deixava minha mente. Nossa nova casa era a única que tinha água potável no interiorzinho. Então conheci duas lindas meninas. Todos os dias elas vinha pegar água. Se tornaram logo amiga de minha irmã mais nova que eu. Agora eu só queria brincar com essas duas garotinhas. Uma era morena, cabelos longos, seus pais não lhe permitiam cortar. Era regra da igreja. Ela tinha 11 anos de idade. 10Cm maior que eu, que já tinha 12. Ela era super- recatada. Cantava muito bem na igreja. Tão novinha, mas já era requisitada pela congregação e, bastante solicitada para os cultos festivos. Sua mãe não lhe permitia ficar muitas horas fora de casa. Só o máximo de tempo para ir, enxer o balde e voltar para casa. Mas dava tempo para ela me dar um sorriso. A outra menina era toda o contrário da primeira. Loira, cabelão, 11 anos tambem. Do meu tamanho. Baixinha como eu.... E tempo para brincar de sobra. Seu objetivo principal era me ensinar o caminho da putaria. Uma noite, depois da igreja, ela convenceu a amiguinha tímida a desviar o caminho de casa. O seu interesse maior era o meu irmão 1 ano mais velho que eu. Então a turminha que se encontrou nessa noite foi nós quatro. A loirinha não tinha medo de inxirimento. Meu irmão, idem. Fui me aproximando devagar. A loirinha já estava fazendo a distribuição entre os iniciantes na putaria. A moreninha apenas sorria timidamente e concirdava com tudo que a loirinha dizia. Eu, um bobão, debutante nessa área, morria de medo. Namorar era uma coisa que parecia ter vindo de outro planeta e pousado para estarrecer as pessoas da terra. Mais a loirinha falou logo. Eu namoro com teu irmão... tu namora a Suy.. * então discordei da armação amorosa infantil. Falei para loirinha: vc namora comigo, pois sou do seu tamanho. Meu irmão namora Suy, pois ele é do tamanho dela. Eu na infância inocente não imaginava que suy armara pra ficar comigo. Suy as vezes conseguia fugir de sua mãe para me ver. A loirinha, eu e meu irmão ficávamos o dia correndo, brincando, falando piadas sujas, e sorrindo da putaria. Aos pouco fui aprendendo. Perdendo a vergonha de falar palavras chulas. Quanto mais imoral, mas eu sorria e gostava. Aprendemos o caminho do igarapé local. Meu pai, agora passava mais dias distante de casa. Fugíamos para o paraíso. Esse período, considero o paraíso de minha vida. A igreja era pertinho de nossa casa. Todos íamos. Na idade de doze anos meu pensamento era brincar. Brincar em casa, no igarapé, na escola e na igreja. Um dia morreu uma senhora na igreja. Fui ao semitério local pela primeira vez. Derrepente: aquela sepultara que eu vira aos 7 anos, estava em minha frente. Lembrei dela imediatamente. O mesmo rosto da antiga fotografia. A mesma sepultura em semitérios diferentes Saí apressado, corrí para minha casa. Meu segredo eterno. Um mistério desconhecido. Procurei esquecer e não dar mais importante. Passar bem longe de um cemitério. Para mim: a igreja era outra. Não havia mais meninos riquinhos e metidos, como na igreja da cidade. Quando somos crianças vemos os adultos como se fossem de outro mundo. Todos os jovens local só tinham como assunto, as meninas da igreja. E nós, crianças, tinhamos como função apenas olhar.
O pastor da igreja era um homem acima de qualquer suspeita. A diretora e o seu esposo presbitero mandava em tudo e em todos. Um ar de santidade jamais visto. Tinham 7 filhos. 3 rapazes, 3 moças e um de minha idade. 1 dos rapazes não aparecia na igreja. Ele era conhecidos por todos como o desviado, ladrão que foi embora de casa para viver sua vida. Na realidade eu não o conhecia. Quanto perguntavam por ele à diretora ela falava apenas, estou orando por ele. As 3 moças eram do grupo de jovem, tinham que está sempre impecável, cantando em todos os cultos e jamais deviam sonhar em namorar um descrente ou cortar os longos cabelos. A diretora tomava a frente de tudo que se dizia respeito às mulheres do "Circulo de Oraçåo Monte Sinai". Jograis, cânticos, visitas, orações por enfermos, fardamentos.Tudo, inclusive a vida pessoal de todo mundo. Ela sempre iniciava as pregações com elogios rasgados ao pastor e a igreja. Diferente de seu esposo, o presbitero, que sempre iniciava as suas pregações com severas críticas ao comportamento dos liderados e humildes fiéis, para depois começar um elogio ao pastor e a si mesmo. Os jovens e as jovens estavam sempre em falta e em gravíssimos pecados por comportamento e vestimentas, a seu ver. Ai de quem foi visto namorando no escuro, na praça com um incrédulo com uma saia mais curta ou cortando os cabelos,
No caso das meninas, colocando um pouco mais de brilho nos lábios ou assistindo uma novela. Tudo levava uma severa bronca de cima do púlpito. Mas eu era muito jovem para um senso crítico. E senso crítico nas igrejas, nem adultos podem ter. Na hora do ensaio dos jovens, para os cânticos do culto dominical o primeiro a chegar era o filho do pastor. Alem de filho, era o guitarrista único da igreja. Eu sempre ia ver o ensaio que, as vezes,
era na sala da casa do presbítero. O filho do pastor endurecia o seu pau e colocava para fora da cueca. Ficava o seu pau duro por debaixo apenas da calça, e ele esfregava na bunda de todas a jóvens da congregação. Eu nunca gostava de passar na frente dele, pois ele me apontava para seu pai, o pastor, e me chamava de viadinho.

A Face negra da santidade.  O amor de Deus por um pecadorOnde histórias criam vida. Descubra agora