Meu pai entrou pela porta da frente de casa desesperado, chorando alto, clamando por Deus. Derrepente nossa casa estava cheia de vizinhos chorando tambem. Acalmando meu pai. Minha vó materna, saudosa vó, já estava tendo ataque cardíaco. E todos correndo desesperado entre ela e meu pai, sem saber a quem socorriam primeiro. Minha tia, que morava ao nosso lado, estava aos soluços. E gritava: Oh! Senhor, minha irmã tem muitos filhos, Senhor! Não deixe a madrinha morrer. Ela tratava minha mãe como sua madrinha. Já estava chegando o décimo primeiro filho. Minha mãe estava simplesmente, morrendo de parto. Minha irmã mais velha já estava mais do que desesperada. Todos éramos crianças e meus 3 irmãos mais velhos estavam chegando na adolescência. Eu estava com 7 anos de idade. Já tinha ido ao primeiro velório mas, não significava nada para mim o que estava acontecendo. Eu perguntei a minha irmã. O que está acontecendo?
Minha irmã mais velha me abraçou chorando. É a mãe.. ela está morrendo. Ela está ficando com a pele do corpo toda preta. Pensei no velorio que eu tinha presenciado antes disso e no enterro que eu vira antes.... de repente minha mãe reuniu todas as forças que lhe restavam, pegou sua biblia, fez uma roda ao redor de si, com meu pai, vizinhos, e minha tia. Falou: Parem com esse desespero. Creiam em Deus e vamos orar. Minha mãe leu um versiculo biblico: Porque Deus levou sobre Si, todas as nossas enfermidades e nossas dores...(Isaías) orou calmamente mas poderosamente, como sempre, antagonizando com o choro e desespero da multidão que estava dentro de casa. Então chegou o carro que a levaria ao hospital mais avançado que, o que tinha em nosso pequeno municipio. Meu pai ficou conosco, abraçou minha tia e chorava dizendo: Ela não voltará viva, eu sei que não.. mas os vizinhos o consolavam dizendo. Seu Xavier, a d. Lurdes não perderá para morte. Nunca vi uma mulher tão forte como a sua. O carro saiu, minha familia e vizinhos ainda estavam chorando. Comecei a chorar tambem, eu não imaginava na hipótese de minha mãe morrer. Olhei para um coleguinha que estava ao meu lado, que gostava de brincar conosco e estava sempre em nossa companhia. Falei simplesmente a ele: Se minha mãe morrer e não voltar mais, vou morrer agora e ser jogado no lago de fogo. Meu amiguinho , simplesmente, levou um susto e me falou: Tu é doido Branco ! (meu apelido de infância) nem eu e nem ele sabia o que era isso. Mas foi uma frase assustadora, mesmo para quem não conhece. Os vizinhos lutaram com minha avó, masageavam seus braços e deram chá de flor de mandacaru, pondo com a colher em sua boca, até que ela aos poucos foi se acalmando. Se tem uma coisa que me mata de saudade é a vizinhança que possuímos na minha infância. Meu pai tambem acalmou-se, aos poucos nossa casa foi se esvaziando. Eu ainda não fazia idéia de uma gravidez, um parto, como uma criança vinha ao mundo. No outro dia, as 3hs da tarde. Minha mãe desceu de um carro, acompanhada de minha tia, com uma criancinha no colo. Os vizinhos nos rodeavam, dessea vez diferentes. Alegria geral! Todos queriam tocar, adimirar. Uma meninha fofinha, bem gordinha, diziam eles. É por isso que deu trabalho pra nascer, falavam eles. Abraçavam meu pai. No Maranhão, interior, é assim. Todos ficam o dia todo ao redor da cama de uma mulher, ajudando, dando banho no bebê, isso é hábito das vizinhas, pra explicar melhor. E uns falavam: não falei seu Xavier, essa mulher não morre assim fácil! Minha mãe sempre foi uma mulher surpreendente. Meu pai tinha um grave defeito. Apezar de se desesperar quando acontecia um ocorrido desses. Ele era um homem brigão. Na liguágem de minha mãe: contendeiro. E o pior. Era um raparigueiro incorrigível. Não podia ver um rabo de saia. Logo que entrei na adolescência, comecei entender o que é isso, minhas próprias amiguinhas me confidenciavam baixinho, ao vizitar minha casa: Cara, como teu pai tem um olhar de homem safado. Dá até medo de olhar pra ele, falavam elas... Mais minha mãe chegou, feliz, curada, sendo a grande admirada do bairro e da familia, como sempre. E eu, agora, lembrando de uma frase que eu nunca tinha dito... Uma palavra que eu não sabia o significado...Lago de fogo, lago de fogo... O que é um lago de fogo? Dormi nessa noite pensando nisso. E sonhei. O Cristo de quem tanto minha mãe falava, veio... levou todo mundo. Só ficou eu... Um ser a quem ela chamava de Satanás aparecia e dizia. Você vai ao lago de fogo comigo. Acordei e percebi algo diferente dentro de minha rede. Acordei cagado de medo. Literalmente falando.
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A Face negra da santidade. O amor de Deus por um pecador
Non-FictionOs traços de minha personalide: A personalidade espiritual é o amor. O cosmo que emana de Deus. A minha personalidade femina, passiva e melancólica é a genética. Dependendo do que ingerimos do mundo, vamos formando a nossa personalidade, adquirida...