Desreipeito é ser gay ou discriminar?

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Comecei a ouvir os cochichos de Salomé ao seu esposo e a nossos vizinhos: Esse menino não vale nada. Nunca irá valer. Não tem um pingo de vergonha. Como pode? Ele passa a noite trancado com Valdo. É um absurdo, um menino desse tamanho, dessa idade, imagina quando ele crescer? Aí só tá o oco... Valdo é um homem grande, ele é muito pequeno. Será se ele aguenta tudo isso? eu fingia que não estava entendendo de quem se tratava. Meu estômago é quem pagava. O ácido subia. O ódio. O peso na consciência. Dava vontade de gritar pra todo mundo que foi apenas uma vez, e que não dei o cu... De cahamá- la de falsa e mentirosa. Mas eu sabia que ela via quando eu entrava e saia da oficina, à noite. Eu não imaginava que ela me vigiava de propósito. Eu não imaginava, tambem, que toda vizinhança a odiava por suas falsidades e mexericos. A vizinhança passou a odiar Valdo. A me defender de Salomé. A gostar de mim. Eles começaram a ter dó de minha inocência. Começaram a falar para meu pai: eu gostaria muito de ter um filho como esse. Ele é muito novinho pra ficar debaixo de seu julgamento. comecei a não entender...

Um dia, uma de minhas professoras, apareceu na loja de Salomé. Era o primeiro dia de minha professora em sala de aula. Ela nunca tinha me visto. Ela fora professora de meu irmão antes de me conhecer como aluno, ela entrou exatamente na loja de Salomé. Salomé chamou a professora para um assunto particular. Ela falou para a professora coisas que nunca imaginei que ela falasse, disse o que eu fazia e não fazia. Falou tudo e mais um pouco. Eu não sabia seu objetivo. E nem o que ela falou. Fui a aula e na primeira noite, depois disso, pude notar a diferença da professora. Ela mostrou todo o ódio que estava sentindo por mim. Se apresentou à sala de aula com ódio e exigências absurda para os alunos. Coisas que os professores são obrigados a deixar claro para os alunos, ela deixou claro apenas para mim. Me apontou em sala de aula. Não falou de minha vida sexual. Mas deixou claro, que se eu fosse pego colando, bagunçando ou com imoralidade, não teria perdão para mim. Tolerancia zero a tudo que se dizia a meu respeito. Pois assim que eu era, dentro e fora de sala. Um estudante sem respeito. Ela foi intransigente com toda escola. Os alunos sairam no final reclamando. Deram- lhe logo, o nome de víbora. Todos comentando a arrogância e a me perguntarem: E aí, tu está com medo?

- Claro que não. Não conheço essa professora. Nunca fui de passar colando. O que interessa pra ela é minhas notas e não a amizade. Respondi eu.

Os alunos começaram a comentar a meu respeito. Eu e meus colegas de clásse tínhamos acabado de sair do mundo infantil. Todos já estavam de namoricos declarado. Meninos e meninas. Minha companhia já fazia diferença no mundo masculino. Eu já não era bem vindo. Minha presença já incomodava.... eu não podia mais pegar carona na garupa da bicicleta de um amigo. Os alunos começavam a zoar: E aí, onde tu vai comer esse? Aos poucos eu ia ficando isolado. Começando a andar sozinho. Sentindo o desconforto de um colega ao andar em minha companhia. Meus papos preferidos tinham que mudar. Eu tinha que falar de garotas e olhar pra bunda delas quando passam na rua. Fazer psiu... e assoviar para as meninas. Mas eu não tinha o mínimo jeito, nem mesmo intenção de fazer isso. Eu percebi que meu jeito de ser , de caminhar e de falar desagradava, atraía olhares, dava espaço para as piadinhas. Comecei a tentar andar diferente. A querer, contra a força da natureza, mudar minha voz. Os colegas estavam falando grosso. Esbanjando voz e masculinidade. Eu tinha pelo menos que tentar. Perceberam que eu estava andando com o corpo duro. Tentando andar sem mexer o bumbum e nem os braços. Tentando não atrair os olhares sensurantes e deboxantes. Mas tudo ficava pior. Agora eu estava andando feito um robô. Até na sala de minha casa era desconfortavel andar. Tinha vizitantes e vizinhos que sorriam baixinho e comentavam. Eu só levantava da cadeira quando a sala estava cheia de gente, por nescessidade. Geralmente eu esperava todos irem embora para que eu pudesse me levantar e sair.

Uma familia que tinha ido embora do bairro quando eu ainda era criança voltaram a ser vizinhos. Agora as duas amiguinhas de infância estavam adolescentes.... loucas pra namorar. Namorar e passar disso... diga- se. A mais velha era de minha idade. A mais nova estava com doze aninhos. E... a mais novinha é que me queria. A mais velha queria todo garoto que estivesse disposto a lhe introduzir no mundo do sexo e da sacanágem. E não tinha ninguem melhor para isso que meu coleguinha super sacana de minha idade. Quase meu irmão. Pois fazia parte da familia evangélica vizinha. Todos virgens e loucos para por fim à virgindade.

Depois do ocorrido com Valdo eu não pensava em outra coisa. Eu queria me firmar na igreja. Esquecer o "delirio gay", esquecer pra sempre que Valdo existiu. E passar a limpo minha história com meu pai. Minha tristeza. Minha ferida aberta.

Eu não pensava em perder nenhuma virgindade. Eu não queria sexo com ninguem. A punheta já era um vicio sufocante para minha alma. Mas eu não pensava em parar e nem queria por um fim. E nem se eu quizesse... O fogo sexual da adolescência queimava forte. Mas eu não queria sexo. Namorar com as garotinhas não tinha graça nenhuma. Para os meninos da vizinhança isso era um feito histórico. Conquistar uma garota e perder a virgindade.

Os dias correndo. As coisas acontecendo. Meu coleguinha conseguindo o primeiro beijo de Milly Iniciando o namoro. Assumindo o papel de macho de uma vez. Louco apaixonado e tarado. Agora a punheta tinha um sígno para ele. Só pensava em Milly...
E Gaby.. só queria se fosse eu. O seu sonho de infância. Saindo na porta pra olhar quando eu passava. Sorrindo levemente e saindo envergonhada quando eu chegava em sua calçada. E meu coleguinha em meu ouvido: ela é apaixonada por ti... e aí...tu vai pegar, ou não vai? Bota pra cima. A milly me conta tudo. Ela é muito doida por ti. Tu te lembra do aniversário de 7 anos da Gaby? Olha... vou te falar mais não conta pra ninguem. Se a Milly souber que te falei ela me deixa. No dia do aniversário da Gaby, tu deu pra ela um vidro de perfume embrulhado em um papel com uma flor desenhada.

- é... me lembro. Eu mesmo desenhei a flor.

Desde aquele tempo ela tem tudo guardado. O vidro de perfume e o papel que tu desenhou a flor. Pra tu ver o quanto ela gosta de ti. Mas a mãe dela não sabe e bem pode saber. Se não ela leva uma surra. A mãe dela odeia ela falar no teu nome. Só pra tu ver como Gaby te ama... vai lá e mostra como tu é homem. Agora eu quero ver... Ela fala que o primeiro beijo tem que ser teu.

- tu tem certeza disso? Deixa chegar o momento. Eu vou falar com ela. Se isso for verdade ela vai ser minha primeira namorada.

Olha, a mãe da Milly sabe que nós já namoramos. Ela já liberou. Mas não pode saber de ti e da Gaby. A Gaby é muito pequena pra namorar. Não deixa ninguem saber. Vai ter a festa da Santa na igreja Católica. Na praça da Matriz domingo. A Gaby e a Milly vão sair pra comprar sorvete. A gente sai da nossa igreja no meio do culto. Então a gente se encontra com elas. É só a gente chegar antes do culto terminar. Antes de minha mãe procurar pela gente.

- Combinado. Oba, tudo mundo vai saber que sou homem. Pensei eu.

A loja que nós trabalhávamos não tinha banheiro. Tínhamos que usar o banheiro de Salomé. Fui ao banheiro... tinha um grosso e grande cocô no fundo do sanitário. Sai para bagunçar juntamente com a empregada. Nossa! quem deixou aquele submarino no sanitário? Deve ter saído de um cu enorme. O marido de Salomé tinha saído do banheiro antes de mim e entrado na loja pra falar com ela. Quando eu ia saindo da cozinha ele me encontrou na sala: Olha, quando você sair do banheiro dê a discarga, pois salomé morre de nojo.

- Eu nã cagei no sanitário. Acho que foi outro alguem. Quando utiliso dou a descarga.

A empregada esperou ele saír e começou a sorrir da situação. Cara, como essa mulher é nojenta e mentirosa. Eu vi. Foi ela quem fez aquele cocô enorme. Agora tu já sabe o que ela fala de ti. Ela faz isso pra dizer pra todo mundo que tu tem o cuzão. Ela diz pra todo mundo que tu dá o cu pro Valdo. É por isso que teu pai te odeia. E... a cada dia, o bolo da angústia em meu estomângo fermentava mais. Ficava maior.

Eu estava em frente nossa casa. Conversando e brincando com uns garotos. Descontraidamente.... Alegremente. Quando olhei pra traz a costureira de minha mãe estava na janela. Me olhando, me olhando.

- Nossa, porque a senhora tá me olhando assim? ... estamos brincando. Hoje o dia está tão bonito.

É estou vendo. A expressão julgadora dela estava manifestada em seu rosto, através de seu risinho para mim. Ela saiu da janela e foi comentar com minha irmã. Não tem jeito menina. Tua mãe tem que se conformar. Esse menino é gay e pronto. Não tem outra. É gay. Não tem como negar. Foi a última vez que ela costurou pra minha mãe. Tocou no assunto proibido . Foi despedida. Minha mãe passou a vida inteira sentada em uma máquina de costura. Agora ela já estava grávida de meu úmtimo e décimo quarto irmão.
Para felicidade geral de nossa grande familia. Agora esse tinha uma alegria diferente. Há três anos ela não engravidava. Parecia que todos estávamos na primeira gravidez de tanta alegria...

A Face negra da santidade.  O amor de Deus por um pecadorOnde histórias criam vida. Descubra agora