O começo dos conflitos interiores

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Cheguei de volta à minha cidadezinha muito esperançoso. Salomé jà estava com uma loja na cidade, como a vi prometendo a sua mãe, que ela e seu esposo colocariam. Meu pai, tambem alugou, um pequeno ponto comecial, e iniciou sua lojinha tambem. Tudo parecia melhor. Aos poucos fomos esquecendo o triste ocorrido com minha mãe. Minha familia agora estava morando em uma grande casa de alvenaria. Só estava faltando a cerâmica. E isso para uma pobre familia do interior maranhense era um grande feito. O ano de 1988 para mim foi surpreendente. Iniciei a quinta série. Agora ao invés de uma professora eu ganhei 10 professores. Dez matérias para estudar. Esse ano ainda me fez uma surpresa: ganhei três livros escolares. Coisa rara em escolas públicas de minha época. E o melhor. Só tinha aulas de quinta série à noite, mesmo que eu tivesse apenas 13 anos de idade. Agora eu tinha uma desculpa para sair de casa à noite. Mas minha principal intenção era assistir novelas. Vale tudo, minha primeira e preferida novela. Eu adorava quando a personágem Raquel levantava as mãos e falava bem forte: O sangue de Jesus tem poder. Geralmente eu fazia um paralelo,  Ela e minha mãe. Meus amiguinhos, de minha idade, começaram a se achegar novamente. Começávamos novamente a putaria, agora de entrada da puberdade. Agora a coisa era muito melhor.
- Olha, agora o meu pau já tem cabelo. Agora eu já bato punheta. Tu tambem já?
- já ouvi falar nisso. Mais ainda não sei o que é... vocês são da minha idade e já tem cabelos no pau. Mas o meu ainda não tem.
- ixe, não criou no teu ainda?
- Cara, a coisa mais deliciosa do mundo é bater punheta. Endurece o teu pau. Cospe em cima da cabeça e começa a movimentar o couro do pau pra baixo e pra cima, com a mão,
Que tu vai sentir quando dá o gosto. Então tu vai sentir um liquido grosso rasgando por dentro e sair pela boquinha do teu pau. Isso é a gala. Então comecei a andar mais com os garotos para batermos punheta juntos. Só tinha um probleminha. Todos gozavam. Menos eu. Minha puberdade começou a se manifestar apartir dos 14 anos. Diferente de meus coleguinhas,  que estavam com o pubis todo cabeludo. Batendo punheta como bixo... E eu, não. Eu tinha um coleguinha bem moreno que não podia ver uma vizinha de 14 anos, loura, bunduda e pernão. Corpo de mulher. Ele corria logo para bater uma. Eu costumava brincar de fudê desde os 11 anos com duas meninha e um meninho. Mas pau duro para mim era apenas pela força do biológico. Eu não sentia ainda tezão por ninguem. Apenas achava os garotos e homens lindos. Mas nem mesmo eles batendo punheta em minha frente despertava meu tezão. Eu tentava bater punheta como meus colegas. Mas não saia nada de meu pau. Eu apenas pensava: será se isso é bom mesmo, como eles dizem? Eu gostava da escola dominical e do culto de domingo. As lições biblicas de meus companheiros eram um chama, para mim, que adorava estudar. As histórias bíblicas eu achava uma maravilha. A única coisa chata na igreja era eu não ter uma lição bíblica e nem uma roupa decente, como as de meus coleguinhas,
da igreja grande. Um dia, em uma escola dominical, o pastor apresentou um livreto de evangelismo. Que seriam entregues gratuitamente no momento da evangelisação nas ruas da cidade. Meu ex- colega da escola particular, a quem eu tinha vergonha de ver, pois ele presenciou tudo naquela antiga escola, e eu morria de vergonha disso, subiu até o púlpito e pediu um livretinho ao pastor. O pastor o atendeu prontamente. Então vendo a facilidade com que ele fora atendido subi ao púlpito tambem: Pastor eu tambem quero um livro.. o pastor demorou, olhou- me com desprezo e desconfortável pelo o incômodo. Falou: odeio dá livros a crianças. Amarelei em cima do pulpito. Fiquei parado. Perdi a voz. As crianças da congregação começaram aquele risinho em baixo tom. Mas ele pegou um livrinho, sem perceber qual foi minha reação, e me deu. Era o evangelho de São Mateus. Achei que mais umas de minhas vergonhas por ser pobre tinham se findado alí. Quando cheguei em casa todo mundo já sabia. Alem de Salomé ter espalhado a todo mundo a vergonha que passei, sorrindo maldosamente de minha cara, insistiu para que seu esposo me desse uma bronca. Como ela gostava de manipulá-lo. Para ele que não foi à igreja isso não seria nada demais. Mesmo se ele tivesse presenciado. Então ele chegou comigo:
Não faça mais uma coisa dessas, Salomé morreu de vergonha. Todo mundo sabe que tu é de nossa familia. O pastor deu o livro pro outro garoto porque ele é filho de gente rica. O pai daquele menino é um dos maiores comerciante da igreja. Mas tu é pobre e não pode ficar no meio dos ricos com essas tuas roupas. Porque Salomé morre de vergonha de ti.  Como e já não bastasse a discriminação na igreja e na escola. Agora vem a desses. Pensei eu. Salomé não me deixava em paz. Menino faz isso pra mim. Menino faz aquilo. Olha meus filhos que não tô conseguindo olhar sozinha. Tem clientes na loja pra atender. Comecei com as malinações no garoto escondido dela. Eu ainda não gozava. Mas botava pra ele bater punheta no meu pau. Só pra fazer maldade. Eu já estava gostando de ser tocado. Ter o meu pau apalpado e apertado. Já colocava ele e outros garotinhos da vizinhança pra fazer ejaculação em mim. Eu estava viciado. Mas para mim,  isso  ainda não era nada. Desde que não chegasse aos olhos nem ouvidos dos adultos. Minha vida deliciosa de pré- adolescência estava maravilhosa. Em uma tarde fomos ao igarapé. Eu e meus principais amigos. O igarapé estava cheio. Era o período chuvoso. Mas esse dia foi de sol. Corríamos pela sapata. Pulávamos dentro d'agua novamente. Mergulhávamos naquela brincadeira de pega-pega dentro do igarapé. Sempre que eu subia só de sunga na sapata percebia que um homem me fitava. Me olhava sem parar. Cada movimento meu. Meu corpo todinho,  ele parecia comer com os olhos. Eu não estava mais gostando daquilo. Eu odiava quando diziam que eu tinha jeito de menina. Eu não suportava ninguem me olhando. Eu queria ser tratado por todos igual aos outros meninos. Mas ele não parava de me paquerar. Foi a primeira vez que o ví. Ele tambem me vira pela primeira vez. Ele estava na companhia de um lindo menino. Tinha horas que ele abraçava o garotinho pelas costas, dentro d'agua. Mas sem parar de olhar pra mim. Eles passavam horas lado a lado, frente a frente e conversando, sorrindo, brincando sem tirar a visão de cima de mim. Eu pensava que ele fosse pai do garotinho. No final da tarde, hora que resolvemos por fim ao banho, o garotinho chegou comigo. E aí rapá como é teu nome? O meu é Jack... aquele que estava tomando banho comigo é o Valdo. Nós gostamos de ti pra caramba. Meu amigo é muito legal. Meu amigo pediu pra você fazer a seguinte pergunta a ele. É uma de nossas brincadeiras. Pra entrar em nossa turma de amigos. Pergunta pra ele assim: Como faço pra ser seu amigo? Estranhei. Eu nunca tinha me apresentado a ninguem. Muito menos a um estranho. Eu simplesmente não queria. Mas o garotinho me encorajou. E insistiu bastante. Então fui. Acumulei toda corágem que pude. E o garotinho ficava no meu ouvido, quando cheguei em frente ao homem. Vai, pergunta, é pra gente ser amigos. Vai... então peguntei a ele naquela ensenação falsa, por ele planejada: Como faço pra ser seu amigo? Ele pegou em minhas mãos, me abraçou e disse- me. Para sermos amigos temos que ser leal um ao outro. Ele atingiu o meu fraco. Educado, alegre, brincalhão e querando ser aceito por adultos.

Desculpe- me os erros.

A Face negra da santidade.  O amor de Deus por um pecadorOnde histórias criam vida. Descubra agora