A agonia de minha alma

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Tirei os joelhos do chão depois de tudo. O sono não chegava. Minha alma tinha sido cravada por uma espada. A espada do pecado. Eu apenas, ter batido uma punheta nele, não minimizava o absurdo. Eu me sentia traído por uma amizade oferecida. Eu tinha traído a confiança que minha mãe depositava em mim. Eu pensava comigo mesmo: pelo menos ninguem sabe. Porque um homem me atrai tanto.... porque acho um homem tão atraente... porque admiro a beleza de um garoto? Mesmo assim, eu jamais queria ter feito uma coisa dessa com um homem.... meu Deus, eu não quero ser gay... é muito feio ser gay... eu me senti pior por quele momento, do que os momentos de piadinhas e discriminações. Eu estava com a consciência de pecado mais aguçada, do que em todas as estripulias sexuais infantis de pecado, em que eu já havia me metido até aquela idade. Eu implorei a Deus até pegar no sono, por perdão e para não ser gay. Amanheceu o dia. Fui para casa entristecido e deprimido. O martelo de Deus batia em minha consciência: culpado.... culpado..... culpado.

No dia seguinte ao nojento encontro com Valdo, cheguei mais uma vez na loja. Prometi a mim mesmo, nunca mais colocar os pés em sua oficina. Frequentar com mais aciduidez à igreja. Ler a biblia com mais frequencia. Evitar novelas. Eu queria mais do que tudo ser um crente. Um homem fiel a Deus. Muitas vezes, vi minha mãe sendo pressionada por meu pai, por minha causa. Via ele falar o quanto se envergonhava de um filho como eu. Mas ela falava, sempre que ele estava sensurando ou partindo para violência: Sempre que engravidei de um filho, o Senhor garantiu- me a sua salvação. Não perderei nenhum para o Diabo. Nasceu por que foi Deus quem me deu. Não obrigarei eles a servirem a Deus, pois isso não se faz obrigado.mas nunca deixarei de ensinar e mostrar o caminho da salvação. Eu tinha certeza, dentro de mim, no Deus de minha mãe. Isso me enchia mais ainda de terror e culpa.

Eu só esquecia do caso ocorrido com Valdo, quando a recente empregada de meu tio chegava na calçada. Eu sempre fui um conquistador de amizade e piadista. Eu tinha acabado de encontrar a parceira ideal. Pois ela nåo deixava pra menos. Conheci suas duas irmãs, que às vezes, vinham para sentar na calçada com a gente. Com aqueles papos prediletos. Os rapazes.. eu adorava conversar sobre os rapazes. Seus gatinhos. Minhas fantasias e curiosidades. Eu já era diferente dos outros garotos. Enquanto eles gostavam de ver e falar sobre as minas, eu pensava o tempo todo era nos rapazes. Mas não era isso que me fazia mal. Eu ainda achava que gostaria de uma garota, igual meus coleguinhas, que se matavam na punheta por causa delas. O que me marcou e me maltratou foi o relacionamento rápido com Valdo. Apesar de achar os rapazes lindos e sentir tezão por eles, eu não desejava ter feito aquilo com Valdo. A palavra que mais me maltratava era: eu aceitei.

Valdo e seus garotos, me chamavam, de sua calçada. Eu ouvia as risadas indagatórias, as piadas dos garotos. Porquê branco? Porquê você não vem aqui? O que aconteceu contigo ontem? Comecei a achar Valdo confiado e atrevido. Ele colocava os filhos bebês dos vizinhos no colo. Beijava os garotinhos. Mas depois que começaram a desconfiar do seu horrendo hábito, começaram a ignorá- lo. Esconder suas crianças, apontá- lo na rua. Mais ele nåo estava nem ligando para isso....

Depois que comecei a frequentar a igreja com mais frequência, conheci um lindo garoto. Eu simplesmente não o olhava com o olho mal. Ele orava e glorificava a Deus, em voz mais alta e com mais devoção do que qualquer adulto. O pastor o admirava e elogiava- o com muito prazer e alegria em ver sua prematura e fervorosa crença. E era assim que eu o via. Eu queria crescer na fé igualmente. O gloria Deus dele já era de homem. Voz de menino homem. Ele nåo tinha nenhum complexo interior com sua voz o sua sexualidade. Era o homem, cidadão másculo, pastor do futuro. Mal eu alterava minha voz um pouco, já era visto como aberração. Por isso, minha dificuldade em glorificar como ele. Ele me tratava bem. No começo, sem perceber meu jeito esquesito, fui muito bem recebido. Eu, como já falei em um capitulo anterior, me entregava a uma amizade com a maior felicidade. Sem reservas, meus amigo, para mim, era sempre o melhor. Todo amigo que me dava bola, era o meu melhor amigo. E era assim que eu via todo mundo. Eu já era o melhor amigo desse garoto. Em minha amizade mental. Sempre bem intencionado.

Veio uma outra grande noticia capaz de me fazer esquecer meu ato pecaminoso. Foi anunciada a construção de uma nova congregação. Agora eu iria sair daquela igreja em que nunca me enquadrei. Eu nunca gostei de estar no meio dos garotos filhos de rico. Eles sentavam próximo de mim com seus lindo tênis e suas lindas roupas. Criança fala tudo que lhes vem à cabeça. Eles falavam besteira discriminatórias e me olhavam com aquele olhar de superior. Agora iria ter uma igreja de pobres. Pois a igreja iria sem em meu bairro pobre. A melhor noticia que eu ultimamente tinha ouvido. Mas chegou outra coisa para lutar contra meu espirito novamente. Meu amigo de minha idade, que já se masturbava chamou- me para se masturbar. Fui, fui e gozei pela primeira vez. O prazer da primeira gozada não me deu chances para refletir. Para pensar em pecado. O vicio da punheta é como amor à primeira vista. Dificil de largar. Impossivel de esquecer. Eu me senti adulto. Entrando no mundo dos adultos. Mas eu não esqueci a igreja. Em minha lista de perdões diários, estava o intagrável Valdo. Para mim esse era o anjo do pecado. O poder da morte. A miséria da alma. Quando Valdo viu que eu nåo ia mais em seu ponto ele passou a vir em nossa loja. Eu nåo podia deixá- lo dentro, sozinho, e ele se aproveitava. Começava com sua imoralidade, pois sabia dos meus instinto. Mais apartir do abuso, o único instinto que passei a manifestar por ele, foi ódio e nojo. Ele começou a apelar desesperadamente para me reconquistar, para despertar em mim a mesma tentação. Ele deitou se atrás da porta, excitando-se. Pondo o pau em exibição. Claro que fiquei em brasas de tezão. Mais falei para ele. Se você continuar vindo aqui comigo, continuar me perseguindo dessa forma. Vou contar para meu pai. Eu não quero mais te ver. Eu só quero que você vá embora e não volte mais aqui. Você não sabe como meu pai é bravo. E se um pai souber que alguem fez isso com o filho é pior ainda. Meu pai morre de ciúme até de minhas irmãs. Ele deu uma risada. Deboxou de minha ingenuidade: me fez uma revelação inacreditável: Cara como tu é bestinha. Como tu é inocente. Tu te lembra do dinheiro que ele me deu quando ele me contratou para um negócio?

- Lembro sim, mais não foi por concerto de uma bicicleta?

Claro que não! Tu já percebeu como teu pai te trata diferente de teus irmãos? Eu lembrava de tudo. E contei a ele o triste episódio da escola particular. Então ele falou: Deixa de ser bobo. Se você ficar comigo como o Jack, te dou tudo que tu sonhas. Até escola pago pra ti.

- Mesmo assim eu não te quero. Eu nem acredito no que tu tá falando. Eu não gosto nem um pingo de meu pai, de qualquer forma mesmo. Mas eu nunca vou deixar minha mãe.

A Face negra da santidade.  O amor de Deus por um pecadorOnde histórias criam vida. Descubra agora