Capítulo 10

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Clara

Ficar olhando a noite estrelada me deixou calma e quando Lorenzo finalmente chegou, resolvi agradecer o presente, afinal, significou muito para mim, saber quão bem meus filhos estavam.

Ele me olhava profundamente. Estava um pouco intimidada, mas tomei coragem e falei de Renata e o quanto não gostava dela, mas ele não cedeu. Achava ela uma santa!

Fiquei com raiva e voltei para o quarto! Santa do pau oco! Isso sim!

Logo em seguida, entrou com a bandeja e me olhou com desdém:

- Sabe, hoje almocei com Lorenzo, e pediu que eu fosse paciente com você, que cuidasse bem de você, mas há pouco pude escutar sua pequena conversa com ele lá fora e não gostei nada.

- Sinceramente não entendo por que se preocupa tanto com uma pessoa como você: brega, maltratada e ainda porca, por que eu teria vergonha de falar com ele com essa aparência. Ele nunca comeria com você neste estado! Por isso me convidou!

A ira foi se apoderando de mim:

- Cala a boca sua fedelha! Você não sabe o que fala!

- Vou deixar sua comida aqui! E saiu batendo a porta.

Fiquei olhando para a comida, que mais parecia uma lavagem. Estava farta de aguentar isso! Lorenzo precisava enxergar a verdade!

Depois de muito pensar, tive uma ideia que faria a máscara de Renata cair. Fui até a cozinha e Lorenzo estava começando a jantar, quando percebi que comia um suculento polpetone, coloquei meu plano em ação.

- Lorenzo, quero jantar com você!

Ele nem pensou, já caminhou até o armário para pegar um prato.

- Não! Renata levou minha comida no quarto e tadinha, fez com tanta boa vontade que não quero fazer desfeita. Pode pegar a bandeja e trazer até aqui?

Comecei a duelar com o bife e para dar um pouco mais de vida ao plano, peguei a carne com as mãos. Sempre tive horror de comer com as mãos, mas foi engraçado ver o rosto de Lorenzo...ele estava perplexo. Larguei a carne e rapidamente passei a sobremesa, que aliás já havia informado que não gostava e que Renata gentilmente me servia diariamente após minha declaração: mamão. O mamão escorregava para lá e para cá.

Lorenzo levantou e foi até meu prato, mordeu o bife e esbravejou. Serviu um pedaço de polpetone e pude ver que me servir lavagem era realmente de maldade.

Fez um prato para mim e me serviu, inclusive picou a comida. Estava com muita fome e comi tudo, depois tomei um sorvete de sobremesa. Deliciei-me!

Além da fome, era bom saber que a máscara de Renata tinha ido ao chão. O jantar foi até agradável, Lorenzo era uma boa companhia, principalmente quando não estava com raiva dele.

Quando mandou chamar Renata, exultei! Ela era esperta? Eu também podia ser.

Passou um sermão nela, e informou que daquele dia em diante, faria as refeições com ele. O olhar que ela me dirigiu foi assustador, mas não estava com medo dela e sim farta das pessoas pisarem em mim!

Quando Renata saiu, resolvi deitar também, estava exausta e me sentia um pouco tonta. Despedi-me de Lorenzo agradecendo sinceramente o jantar. Tinha certeza que ele havia entendido meus motivos pela reação que teve com Renata.

No dia seguinte quando acordei, meu corpo doía muito, mas muito mesmo. Precisava urinar e fui com dificuldade até o banheiro. Além da dor no braço, as feridas doíam muito.

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