LORENZO
Precisava encontrar uma maneira de desculpar-me e conclui que a melhor maneira seria contando a verdade para ela. Não podíamos subestimar um oponente como Breno.
Primeiro só queria entender o que motivou sua saída e quando ouvi que queria preparar um jantar para mim! Não podia acreditar! Só contribuiu para me deixar mais culpado ainda por ter gritado com ela.
Nos entendemos e fizemos as pazes, mas sua confissão sobre temer que eu a machucasse me feriu. Podia entende-la com minha razão, mas minha emoção não permitia.
Desde que soube que Breno comprou uma arma, não tive cabeça para mais nada, porém depois que nos beijarmos no balcão da cozinha, tudo o que queria era possuí-la, mas saber que poderia me comparar a Breno também nisso. Não! Não poderia suportar! Definitivamente não forçaria a situação e ver o quanto afastou-se me magoou.
Dormimos juntos, mas tentei evitar qualquer contato físico e parece que compartilhava do mesmo sentimento, manteve-se distante.
Pela manhã quando entrou no banheiro, vislumbrei cenas de meus devaneios adolescentes, imaginando que ela entrasse ali, atacando-me, me desejando e querendo como eu a queria, mas não houve qualquer interesse. Fiquei um pouco frustrado!
Fazia de tudo para valorizá-la e deixa-la à vontade, mas meus esforços pareciam ser em vão. Era como uma muralha intransponível.
Estava bem estranha, falou pouco, quase não comeu e nem ao menos se trocou como fazia todos os dias, permaneceu com a camisola preta que eu havia lhe dado! Suas atitudes me confundiam, nunca sabia se estava tudo bem entre nós ou não. Achei que seria muito bom afastar-me um pouco, ocupar minha cabeça com o trabalho.
Durante o café fui inquisidor! Sem rodeios! Queria saber o que estava acontecendo, mas esquivou-se como sempre. Quando estava longe era mais acessível, mas a proximidade a acuava.
Antes que nos desentendêssemos, saí em busca de Julio. Queria que ficasse de olho em Clara, e havia pedido que contratasse outros seguranças para ter certeza que Breno não chegaria perto dela. Demorei um pouco mais que o previsto, pois fiz questão de conhecer os dois rapazes que ficariam tão perto do que me era tão precioso.
Voltei para despedir-me e avistei Clara sentada na sala de ginástica nos mesmos trajes de quando saí. Aproximando-me com cuidado, pude ver que estava com fones de ouvido e percebi por que não detectou a minha chegada.
As cabeças pendendo para trás, escoradas no assento do aparelho, olhos fechados, lábios entreabertos como quem viaja em pensamentos. As pernas acomodadas nos pedais do aparelho, movimentando-se ritmicamente: abrindo e fechando!
Não queria assustá-la e tampouco perder um segundo daquela cena favorecida pelo esforço que empregava para afastar as pernas: a camisola desnudando e cobrindo a transparência da calcinha preta. Era possível ver a sombra dos poucos pelos que possuía.
Respirei fundo, admirando aquele balé suave, não havia malicia em seu movimento, parecia uma criança! A essa altura a falta de malicia do movimento ocupou todos os meus pensamentos!
Tentava me conter, até que abriu os olhos, dando um flagrante em meu delito. Retirou os fones e imediatamente parou de mexer as pernas.
- Que susto! Pensei que já tinha ido embora!
- Não iria sem me despedir! Ainda bem que não fui! Imediatamente ficou vermelha e desconcertada.
- Por que parou? Pode continuar com seu exercício.
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Recomeçar
RomanceClara viu todos seus sonhos desmoronarem à medida que conhecia o perfil de seu marido, um homem dominador, ciumento e violento. Tudo que ela queria era a liberdade para recomeçar ao lado dos filhos, mas com a certeza que o amor não passava de uma il...