Lorenzo
Estava contente, pois Clara iria comigo na festa de D. Sofia, podia parecer uma coisa sem importância para outras pessoas, mas para mim era a realização de um desejo: fazer algo em sua companhia. Cheguei ansiosos e tomei um banho para me arrumar e silenciosamente agradeci pela vó maravilhosa que tinha, premeditava situações para que eu pudesse desfrutar e ficar a sós com Clara.
Assim que fiquei pronto fui até o quarto, bati para anunciar minha chegada e entrei em seguida. Estava diante do espelho com um vestido muito delicado que se moldou ao seu corpo, ressaltando as formar arredondas. Respirei fundo, contendo minha admiração por aquela mulher que tomava mais e mais meu coração todos os dias.
Pediu minha ajuda para acabar de se arrumar e percebi como coisas tão simples podem encher o coração, pois adorava ser útil e desfrutar esses momentos que soavam tão íntimos para mim.
Virou-se de costas com o vestido aberto para que eu fechasse o zíper. Podia ver a pele sedosa enquanto subia o zíper lentamente. Sonhava em beijar todo aquele corpo, cada centímetro daquela pele.
Quando me disse que não conseguia calçar os sapatos sozinha, segurei-me para não rir, mas realmente não conseguiria se dobrar nem que quisesse. E assim fiz o que pediu, explorando cada parte que podia tocar, como se estivesse preparando uma obra de arte.
Estava tão diferente, tão descontraída, nem parecia a Clara de sempre. Ousava dizer que estava feliz! Percorremos o caminho conversando intensamente, sempre opinava em meus assuntos, procurava ajudar-me com soluções. Era mesmo muito inteligente, e constatei que era um desperdício não trabalhar. Mentalmente anotei que assim que o bebe nascesse e estivesse um pouco mais crescido, usaria todas as informações que continuava coletando de Breno para persuadi-lo. Contrataria Clara na imobiliária e daria todo o suporte, pois além de tê-la por perto, era uma forma de emancipar-se de Breno.
Estava distraído com meus planos, quando levei um enorme susto:
- Lorenzo, para o carro rápido. Não posso acreditar!
Muito envergonhada disse que havia feito xixi na roupa e fiquei aliviado, nem sabia bem o porquê, até que uma enxurrada desceu por suas pernas. A bolsa havia estourado.
Não conseguia mais pensar direito, não sabia muito bem como funcionava e por um momento achei que o bebê nasceria naquele momento, e ao invés de eu acalmá-la, o contrário acontecia. Recobrando minha tranquilidade consegui chegar ao hospital e ligava insistentemente para Breno, não queria roubar esse momento dele. Não tinha esse direito. Como só dava caixa postal, comecei a desespera-me.
Ligava para vovó, pois sabia que se não a avisasse, ficaria furiosa. Contatei a Engemix na esperança de localizarem Breno, mas o expediente já havia acabado.
Voltei para o quarto para saber como ela estava e por mais que estivesse se fazendo de forte, era possível perceber a intensidade da dor que sentia através de seu rosto. A enfermeira entrou para examiná-la:
- É melhor se aprontar logo papai! Falou dando uma muda de roupa hospitalar para mim.
- Não! Não sou...Gritei. Estava em pânico e constrangido por colocar Clara naquela situação.
- Obrigada, papai pode ir se trocar! Clara gritou em minha direção e praticamente implorou para que eu entrasse na sala de parto com ela, pois estava assustada.
Não sabia que esse momento mudaria minha vida completamente! Mas não falei não, peguei as roupas e fui me trocar.
Foi a experiência mais inusitada da minha vida: os médicos gritavam para fazer força e ela lutava entre a dor e a necessidade de empurrar o bebê para fora. Apertava minhas mãos com tanta força que meus dedos ficaram brancos.
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Recomeçar
RomanceClara viu todos seus sonhos desmoronarem à medida que conhecia o perfil de seu marido, um homem dominador, ciumento e violento. Tudo que ela queria era a liberdade para recomeçar ao lado dos filhos, mas com a certeza que o amor não passava de uma il...