Capítulo 25

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Lorenzo

A saudade me consumia, queria saber como ela estava, queira vê-la. Pensei em Caio e sua pergunta: - Tem olhado as câmeras?

Tomei coragem e abri o programa que me dava acesso. Pude ver algo nas paredes, mas não conseguia identificar bem o que era, então aproximei a imagem: nas paredes vários papeis colados, formando frases: "Lorenzo, me desculpe!", "Lorenzo sinto sua falta", " Fale comigo".

Aquela iniciativa quase fez eu fraquejar! Mas fiquei forte em minha decisão.

Um pouco mais tarde, recebi uma ligação de Caio:

- Lo! Acabei de receber uma ligação de Julio! Clara fugiu! Foi embora!

- Como assim? Como foi embora? Onde ele estava que não viu?

- Não sei muito bem, mas você sabe que Breno está procurado por ela e quando encontrar...

- Não posso acreditar, vou até lá!

Dirigi sem pensar em mais nada, pois a última coisa que queria é que Breno fizesse algo para ela. Durante o percurso, liguei para Julio: - Alguma notícia?

- Sr. Lorenzo, me desculpe, mas não vi quando ela saiu! Já procurei em toda a cidade e nada.

- Onde você está agora?

- Estou na rodoviária, pensei que poderia encontra-la aqui!

Assim que cheguei, fui direto ao anexo, caminhei pelos cômodos olhando todas as mensagens espalhadas pelas paredes.

- Lorenzo!

Fiquei surpreso: - Clara, onde você estava? Todos estão te procurando.

- Aqui!

- Desculpe mentirmos para você, mas não havia outra forma de fazer você falar comigo.

Fiquei puto por ter sido enganado e dei as costas para ela. – Não temos nada para falar! Estava muito magoado.

- Só me escute, por favor! Desculpe ter falado aquilo para você! Não merecia e fui totalmente injusta. Enquanto falava, permaneci de costas.

- A verdade é que estava com raiva de você e quis te agredir de alguma forma.

- Raiva, por que? Falei me virando para ela.

- Acho que não era bem raiva, na verdade...bem, era ciúmes. Naquele dia fui atrás de você e vi você com uma mulher, estavam se abraçando e...bom, não tinha esse direito, por que na verdade não temos nada.

- Clara! Aquela moça é minha irmã, melhor meia-irmã. Meu pai faleceu enquanto viajávamos e ela veio até aqui por que achou que eu não quis ir ao enterro, estava um pouco nervosa, mas nos entendemos.

- Sinto muito Lorenzo, por tudo, pelo meu comportamento, pela sua perda. Ela estava muito desconcertada, mas ainda não era o suficiente para explicar a crueldade de suas acusações.

Não podia acreditar que estava com ciúme, o que me deixou um pouco envaidecido, mas algumas palavras ecoavam em minha mente e precisava tirar a limpo! Esclarecer, antes de empolgar-me com as migalhas que me dava.

- Hum, e qual é a parte que faço você se sentir miserável?

- Bom, não foi exatamente isso que quis dizer, bom... ou melhor acho que foi sim!

Esse comentário para quem estava se desculpando, deixou-me intrigado e em silêncio esperei que concluísse.

- Sabe, há alguns anos eu fui até a casa da sua avó e acabei vendo você com Bianca. Sei que é errado, mas espiei por um bom tempo, pude ver como você a beijava com paixão, com desejo. Ver aquela cena mostrou-me como minha vida era vazia, como nunca tive aquilo e me senti miserável, totalmente miserável. Até aquele dia, era conformada com o que tinha, mas depois... me sentia vazia, por que descobri que era aquilo que queria: desejo, amor, paixão.

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