Lorenzo
Quando a bolsa dela estourou bem na minha frente, rememorei a primeira vez que vivi isso com Clara. Tentei manter minha calma, mas era quase impossível.
Chegamos ao hospital e já estava com muita dilatação. Escutei quando a enfermeira avisou: "Apresse o papai, por que estamos quase lá". Fui o mais rápido possível e assim que entrei, segurei sua mão.
Em poucos minutos, ouvimos o choro tão aguardado e o médico nos entregou uma linda menina. A emoção transbordava através de nossos olhos. Nossa menininha!
A sala de espera estava cheia e praticamente passamos o Natal no hospital. Fui até o vidro que separava a sala de espera do local onde estávamos e exibi minha princesa nos braços.
Depois precisei sair para que os médicos terminassem os procedimentos de rotina e esperei ansioso que ela retornasse ao quarto.
Quando chegou, estava dormindo e acabei fazendo o mesmo, aliviado por mais uma conquista. Algumas horas depois acordei e Clara já estava com nossa filha nos braços.
Olhei as duas mulheres da minha vida e sentia uma avalanche de emoções.
- Olha filha! Papai acordou!
Encostei meus lábios nos de Clara, dando um leve beijo e me sentei ao seu lado, segurando a mão minúscula de nossa filha!
- Precisamos decidir qual será o nome dela! Não havia planejado nada e pensei que talvez ela tivesse algo em mente.
- Estava pensando nisso agora! Tenho uma sugestão e queria saber se você aprovará!
- Estou curioso, amor!
- Ana Rosa! Queria fazer uma homenagem à vovó! Quando pensei que não seria possível sentir mais emoção, enganei-me.
Terminei de arrumar o vestido de Ana Rosa que aos cinco anos era uma cópia da mãe, mas em termos de personalidade era muito mais parecida comigo. Os meninos estavam enlouquecidos com ela e a mimavam muito.
Luigi já estava um mocinho: faria 15 anos e era muito protetor com os irmãos e Giovanni continuava perspicaz como sempre. Minha família era maravilhosa.
- Todos prontos? Vamos antes que a mamãe tenha um colapso. Hoje é um dia muito importante.
Assim que chegamos, nos posicionamos no local indicado e assistimos ao discurso de Clara:
Por muito tempo vivi uma vida repleta de medo e violência e não pensem que apenas a violência física que machuca. Não! As palavras ferem tanto quando tapas.
Sofri muito e não conseguia me libertar, sem ter para onde ir, sem dinheiro e com dois filhos. Nunca denunciei, pensando que uma hora a situação melhoraria até que minha omissão quase provocou minha morte.
Tive a felicidade de encontrar um marido maravilhoso e três filhos fantásticos, que estão presentes aqui hoje. Esse amor me provou que nem todos os homens são covardes e compartilho minha história para que nunca deixem de acreditar.
Pensando em todas as humilhações e dificuldades que vivi, tenho o prazer de inaugurar hoje o Centro de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica: "Recomeçar!"
Estava muito orgulhoso de minha linda esposa e de sua disposição e solidariedade em ajudar outras mulheres que também sofriam.
Nossos olhares se cruzaram e soprei um beijo para ela. Agradeci vovó com todo meu coração: Um guerreiro precisa conhecer seus obstáculos, um guerreiro perde uma luta, mas nunca a batalha.
Finalmente ganhei minha batalha!
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Recomeçar
RomanceClara viu todos seus sonhos desmoronarem à medida que conhecia o perfil de seu marido, um homem dominador, ciumento e violento. Tudo que ela queria era a liberdade para recomeçar ao lado dos filhos, mas com a certeza que o amor não passava de uma il...