Capítulo 19

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Lorenzo

Queria muito a verdade, mas não sabia que machucaria tanto. Como dizia Charles Chaplin: "Cada um tem de mim exatamente o que cativou e cada um é responsável pelo que cativou. Não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna".

Quando Clara desatou a falar, confirmando as suspeitas que tinha, não consegui distinguir meus sentimentos: alivio por saber, raiva por não saber antes, revolta por ela não o denunciar e solidariedade. Só de imaginar o que passou nas mãos de Breno, fiquei louco, mas ver a inercia dela diante dessa situação irritou-me profundamente. Agia como se não tivesse outras opções, o que não era verdade. Nós podíamos e íamos ajudá-la a qualquer momento. Sua recusa me feriu! Estava realmente com raiva e ruminei esse sentimento por dias e dias.

Por que preferia estar com um covarde? Sempre que pensava nisso, lembrava de uma frase que li: "Existe homem safado e homem covarde. Todo homem safado um dia se torna um homem de verdade para a mulher que ganhar seu coração. Mas um covarde é sempre um covarde!".

Breno não mudaria nunca e não me conformava de Clara não perceber isso! Evitava falar com ela a todo custo. Muitas vezes quando chegava do trabalho e jantávamos, sentava-se e ficava por muito tempo acariciando a barriga e conversando com o bebê.

Era quase como um instinto, estava sempre acariciando a barrida ou com a mão repousando sobre o ventre crescido. Sei que parece loucura, mas a cada dia estava mais bela, os seios maiores, quadril lago e mesmo com a barriga grande, seu corpo possuía belas curvas.

Lutava contra a vontade de acariciar sua barriga, principalmente quando ela deixava à mostra. Era torturante!

Mergulhava no trabalho para ocupar a cabeça. Já era próximo ao almoço, quando Angelina anunciou a chegada de vovó.

- Vó, está tudo bem?

- Está sim filho! Resolvi almoçar com meu neto preferido.

- Levantei imediatamente, agarrando vovó, que protestou.

- Filho, já sou velha! Apertando assim me quebra inteira.

- Que surpresa boa. Vamos almoçar então?

- Primeiro precisamos conversar e quero que você me escute primeiro antes de falar. Tudo bem?

- Claro vó, sou todo ouvidos. Falei curioso, sabia que vovó não havia ido até ali sem razão.

- Lorenzo, criei você e te conheço melhor que qualquer pessoa. Você não é só meu neto, é meu filho! Nunca vou julgar você, mas você não pode continuar mentindo para essa velha. A princípio sabia que havia algo acontecendo com você, mas não sabia bem o que era, mas agora com Clara morando em nossa casa tenho certeza absoluta que você está apaixonado por ela.

- Vó!

- Shii! Fizemos um acordo, você não fala nada até que eu termine.

- Está muito apaixonado e apesar de ficar contente em ver meu menino conhecer esse sentimento tão transformador, também fico preocupada. Clara é uma menina de ouro, mas infelizmente é comprometida, aliás comprometida com um monstro. Nada me alegraria mais que saber que duas pessoas que são tão especiais para mim, pudessem se completar. Partiria dessa vida tranquila!

Eu olhava para vovó me sentindo nu, ela arrancava cada máscara, cada sentimento escondido dentro de mim. Realmente me conhecia melhor que ninguém.

- Sei que está sofrendo e posso entender, mas essa situação não pode mais continuar. Cada vez que tenta se aproximar de você é extremamente frio e até mesmo indelicado.

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