Lorenzo
Não conseguia parar de olhar para a mesa onde estavam. Quando Clara levantou e foi abordada pelo filho de Dona Sofia, pude ver a expressão de Breno se modificando.
Não conseguia prestar mais atenção em nada, disfarçava, mas acompanhei cada movimento de Breno. Quando Clara voltou, começaram a discutir e puxou pelo braço.
Parecia estar machucando. Passou pela nossa mesa, praticamente arrastando ela. Fiz menção de levantar, mas Guilherme falou: - Lorenzo, não se mete. Não sabemos o que aconteceu, como diz o ditado: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher".
- Tem razão. Disfarcei e na primeira oportunidade fui embora. A cena não saia da minha mente.
Assim que cheguei fui para o meu quarto e vi que ela estava sentada na varanda. O tempo passado e ela lá, sozinha. Batia na porta, gritava e o imbecil não abria.
Acordei com o relógio despertando as cinco da manhã. Horário que realizava minha corrida matinal. Então me dei conta que acabei adormecendo: -Clara!
Quando olhei pela janela, ela dormia encolhida, com roupas frescas, no chão gelado.
Fiquei puto. Comecei a esmurrar a parede, esmurrei tanto que assustei vovó.
- Desculpa vó, vai deitar que ainda é cedo.
Estava saindo para correr e vi o desgraçado, levantando ela do chão em seu colo. Não conseguia entender o que levava um cara a tratar sua mulher assim.
Precisava afastar-me de tudo isso e tomei uma decisão: aceitaria a sugestão de vovó e viajaria por um período. A distância ajudaria a colocar fim nessa obsessão.
Preparei-me para viajar a Europa e faria um curso para me especializar em segurança. Uma coisa boa que tirei de toda essa história foi perseguir meu sonho de trabalhar no que gostava.
- Vou sentir sua falta, mas acho que precisa disso meu amor!
- Vó! Também vou sentir sua falta. Falei beijando o topo de sua cabeça.
O taxi chegou e levei minhas malas até o portão. Já estava de saída, quando Clara chegou correndo para se despedir.
- Nossa! Não acredito que ia partir sem despedir-se!
Senti uma agulhada no coração. Sei que não estava certo, mas precisava e queria me poupar dessa situação.
- Não queria te atrapalhar!
Não disse nada, caminhou até onde estava parado, ficou nas pontas dos pés e me abraçou, colocando um beijo em minha bochecha.
- Boa viagem! Fique tranquilo que cuidarei direitinho da nossa avó! Imediatamente deu o braço a vovó e ficaram ali paradas, enquanto eu partia.
O curso foi fantástico, conheci muitos lugares e pessoas, porém sentia algo faltando em minha vida. Era um oco no peito, que não sabia explicar.
Sempre que falava como vovó, relatava vários acontecimentos e perguntava quando eu retornaria, mas acabava sempre arrumando uma desculpa e postergava minha volta.
Estava fora há quase três meses. Caio cuidava dos negócios para mim e sempre que possível nos falávamos para resolver as pendências necessárias.
Quando completei três meses fora de casa, liguei para vovó com outro pretexto para alongar minha viagem, mas tudo mudou:
- Filho, estou com muitas saudades de você. Volte para casa logo!
- Oi vó, também sinto sua falta.
- Lorenzo, sabe que fui a pessoa que te incentivou a isso, mas preciso de você aqui.
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Recomeçar
RomanceClara viu todos seus sonhos desmoronarem à medida que conhecia o perfil de seu marido, um homem dominador, ciumento e violento. Tudo que ela queria era a liberdade para recomeçar ao lado dos filhos, mas com a certeza que o amor não passava de uma il...