Capítulo 26

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Lorenzo

Fiquei ali admirando ela dormindo, mas estava muito nervoso. Temia pela reação dela após o que aconteceu. Esse era um dom que Clara tinha: me desestabilizar! Vivia numa corda bamba de sentimentos: será que me evitaria, será que seria amorosa.

Precisava preencher minha cabeça antes de enlouquecer ali ao seu lado e resolvi que faria um café para ela, afinal devia estar com tanta fome quanto eu.

Quando retornei, já estava acordada e espreguiçava-se de uma forma sedutora e resolvi que arriscaria sendo o mais carinhoso possível e para minha surpresa foi muito receptiva.

Em minha cama, ainda nua, lutava tentando cobrir-se com o lençol enquanto bebia o café com leite que preparei. Reverenciava aquela mulher, tão forte e tão frágil, tão inocente e ao mesmo tempo tão vivida e enquanto a olhava, sentia algo crescer dentro do meu peito. Não imaginava que seria capaz de amá-la ainda mais! O coração pode ser muito traiçoeiro.

Estava visivelmente insegura e poderia apostar qualquer coisa que compartilhava dos mesmos temores que eu, principalmente depois da confissão que fez na noite anterior: não era como as mulheres que eu estava acostumado e tinha razão! Era muito melhor!

Sentei na beirada da cama, quebrando a proximidade entre nós, iniciando uma trilha de beijos em seu rosto até que alcancei meu objetivo: sua boca!

Quando começou a afastar-se, fui enfático, pois sabia que se não fosse direto, daria espaço para que ela colocasse caraminholas na cabeça, afinal gostava dela descabelada, com cara de sono, aliás sempre quis estar com ela para presenciar como seria acordar ao seu lado, mas não como amigo, como homem e mulher.

Foi delicioso acompanhar cada gesto e fazer amor com ela mais uma vez. Dessa vez, não deixei que a pressa do desejo reprimido me dominassem, fizemos amor vagarosamente no chuveiro, sorvendo cada momento.

Após um cochilo para recuperarmos a energia, acordei e fiquei pensando em como abordar o assunto com Clara. Não queria estragar a magia do momento, mas a verdade é que a vida lá fora não parava e muitas coisas precisavam ser arranjadas.

- Descansou? Perguntei, dando um beijo em sua cabeça!

- Hã hã! Descansei, mas confesso que estou com as pernas doendo! Acho que nunca pratiquei tanto exercício!

Gargalhei com vontade! - Acho que precisamos aumentar o condicionamento da minha aluna, pois quero praticar muito mais.

Estávamos deitados um de frente para o outro, peguei uma mecha de seu cabelo e brincava com ela entre os dedos, enrolando e soltando. Me olhava fixamente!

- Clara, preciso trazer os meninos de volta. Estão sofrendo tanto quanto você! Vi quando esboçou um sorriso e ia falar algo, mas coloquei meu dedo em seus lábios, impedindo que continuasse.

- Sei que ficará feliz, mas a questão é que assim que chegarem, Breno com certeza irá busca-lo e não poderemos mantê-los com você, aqui nessas condições. A não ser que fiquem escondidos por um tempo!

Sentou rapidamente. - Isso é um absurdo! Não posso acreditar que vou precisar viver como uma fugitiva enquanto Breno está solto por aí. Eles já foram muito prejudicados este ano, provavelmente ficaram ainda mais atrasado na escola.

- Calma! Podemos dar um jeito para que estudem e Luigi faça as provas finais. Talvez contratar uma professora particular.

- O que não podemos permitir é que Breno te encontre! Se ele fizer qualquer coisa a você, não respondo por mim!

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