Capítulo 29

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Lorenzo

Com o retorno dos meninos tive que me afastar de Clara. Era muito difícil conter o ímpeto de fazer um carinho nela e ter que evitar.

Os meninos eram muito preciosos para mim e valiam esse sacrifico. A cada dia estávamos em maior sintonia, mas começaram a sentir falta da liberdade e acho que Clara também.

Sabia que essa situação não duraria por muito tempo, afinal não podíamos criar um mundo à parte. Precisaríamos enfrentar Breno e acabar de vez com isso!

Sem mais nem menos comecei a notar um comportamento arredio em Clara, não sabia a causa, pois toda vez que algo a incomodava. Já conseguia detectar quando estava estranha.

Jantamos juntos como de costume e Luigi e Giovanni num coro pediram que eu jogasse ping pong com eles.

- Vamos mamãe!

- Mamãe não está com vontade! Joguem com o Tio Lorenzo!

Sua reação estava me assustado, estava fria e distante.

- Meninos, vão indo que já já eu vou.

- Clara, está tudo bem? Estou achando você tensa!

- Impressão sua, só estou cansada!

Resolvi não insistir, sabia que ficava bem irritada na TPM e como não tinha acontecido nada demais, atribui sua reação a isso. Já que me evitava há alguns dias alegando que estava indisposta e com cólica.

Não consegui dormir direito e acabei indo até o anexo, esmurrar o saco de pancadas. Sai para trabalhar e como de costume não retornei. Daria um tempo para ela.

Após o almoço, Caio precisou sair para solucionar um problema particular e não poderia me ausentar da empresa, mas não estava sendo produtivo ficar ali. Estava sem cabeça e pedi que todos meus compromissos fossem adiados.

Assim que entrei, pude ver o carro de Caio parado no quintal. Estranhei muito, pois havia me dito que ficaria ausente o resto da tarde.

Imaginei que havia ligado na imobiliária e foi informado que fui embora.

- Julio, faz tempo que o Caio está aqui?

- Sim Sr! Já já deve ir embora como de costume. Senti um aperto no estomago.

- Como de costume? Tem vindo aqui com frequência?

- Alguns dias nas últimas semanas. O Sr. não sabia?

Pensei que estava fazendo algo a pedido do senhor. Julio estava muito sem graça.

- Desde quando?

- Tem umas duas semanas! Passa aqui perto das três e fica até um pouco antes dos meninos chegarem.

Aquela informação foi como um soco! Por isso estava me evitando? Ia entrar num rompante, mas resolvi ser cauteloso. Contornei a varanda e entrei pela cozinha.

Podia ouvir os dois conversando e posicionei-me num local onde não perdesse nada:

- Precisamos contar para Lorenzo!

- Não! Ele não entenderá!

- Clara, tem certeza do que está fazendo?

- Caio, já estou aqui há mais de sete meses. Estou cansada de ficar trancada! Preciso ter minha liberdade!

- Bom, se quer assim, não vou te impedir, mas ainda acho que devemos contar a ele.

- Não! Outra coisa Caio: preciso do dinheiro, todo o dinheiro que tenho direito.

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